sexta-feira, 21 de agosto de 2009

O que está em jogo em 2010? Porque Dilma deve ser a candidata do PT?

Antônio Carlos de Freitas Souza*


No ano que vem teremos um momento decisivo da nossa história. A importância de “2010”, obviamente que não reside somente pelo fato de termos eleições quase que gerais.

Escolheremos o (a) presidente da República, os (as) governadores (as), senadores (as) (2/3) e todos (as) deputados (as) federias e estaduais. Teremos Copa do Mundo, esse evento esportivo mundial alegra mais ainda o nosso povo, já festivo por natureza. Mas não será a conquista do título mundial de futebol o feito histórico decisivo que me refiro. O que estará em disputa em “2010” é o futuro do nosso país, o “jogo” mais importante para nosso povo será outro.

Não teremos ano que vem, apenas “mais uma eleição” no nosso recheado calendário eleitoral ou muito menos a reduzida discussão de termos ou não a continuidade de um projeto de governo. Estamos diante de uma grandiosa e importantíssima disputa de poder. Dada a nossa opção política de método para construção do projeto Democrático e Popular o processo eleitoral vindouro será um dos mais importantes e cruciais elementos da nossa construção e ação partidária nos nossos quase 30 anos de lutas. Diria sem medo de errar, que nas eleições do ano que vem estará em disputa o Brasil que teremos no século XXI. O significado de mais uma vitória eleitoral das esquerdas e das forças progressistas aliadas para presidência da República, nos estados, bem como nas eleições de uma grande bancada parlamentar em todos os níveis, ainda não foi assimilada pelo conjunto do partido em toda sua amplitude, dimensão e importância histórica.




É preciso que o partido tenha em sua totalidade essa dimensão, não se trata de uma posição individual ou de uma corrente. Estamos falando de uma elaboração central, necessária para compreendermos o que realmente estará em jogo nas eleições já antecipadas de 2010.

O PT sempre teve claro que não existe dicotomia entre luta social e eleições. Aliás, vencermos eleições e governarmos na sociedade capitalista só tem sentido se essas experiências forem frutos das lutas do nosso povo e ao mesmo tempo impulsionadora das mesmas. A elite brasileira vem perdendo algumas batalhas, mas não é estrategicamente correto subestimá-la. A mesma ainda detém grande força política, econômica e social. Os escravocratas, privatistas, conservadores e reacionários poderosos brasileiros nunca vacilaram e não vacilarão em pôr em prática novamente (principalmente se nos derrotarem na “Batalha de 2010”) seus métodos anti-republicanos. Portanto companheiros (as), não podemos vacilar, é muita luta, mobilização e enfrentamento duro em todos os nossos espaços de atuação com o entulho neoliberal, seus aliados e porta-vozes.

Estamos vivenciando o mais enraizado processo de superação desta lógica, mas é inquestionável que há muito por fazer.

Para concretização dos seus objetivos estratégicos é decisivo que reelejamos o ou a sucessora petista do companheiro Lula. Nunca na nossa história um processo eleitoral, representará e significará tanto a disputa de rumos em curso no país como o que ocorrerá ano que vem.

Estamos diante da possibilidade real e concreta de consolidarmos o acerto de contas com a elite brasileira que sempre fez da miséria do nosso povo a pilastra mestra da sua sobrevivência. No ano que vem teremos um “divisor de águas” na vida social e política do país.

Por isso que nas eleições de outubro de 2010 estaremos “jogando uma partida decisiva” para a história do Brasil e sua inserção soberana na geopolítica contemporânea. É evidente que por isso nosso programa deve ser claro nos seus objetivos estratégicos. Assim fazendo estaremos edificando nossa vitória e aumentando a compreensão do nosso povo de nossos objetivos estratégicos. Não nos enganemos quão mais claro for nosso programa de transformação social, maior será nossa capacidade de mobilização do nosso povo. Não se trata somente “reelegermos a (o) sucessora (o) do Lula.”. Não tergiversemos, quando mais incentivarmos e participarmos ativamente das lutas do nosso povo, mais estaremos contribuindo de forma efetiva com a reeleição do nosso projeto.

Luta por melhores condições de trabalho e salários, luta pela terra, pela autorganização dos trabalhadores/trabalhadoras e do povo, pelo fortalecimento da CUT, do MST e da CMP, incentivarmos e colaborarmos com as lutas da juventude, a luta pela diversidade sexual e a superação da desigualdade de gênero e a opressão sexista.

Outra tarefa que fortalece nossos embates com as elites nativas é ampliarmos nossa solidariedade com os povos oprimidos do planeta. A solidariedade progressista internacional (do nosso governo inclusive) tem ajudado a desencorajar tentativas golpistas na América Latina. Esse é um dado importante.

Difundirmos os valores socialistas de solidariedade, justiça e igualdade, da convivência harmônica entre os povos e as gerações, lutarmos pela democratização das comunicações, contra o trabalho infantil, redução da jornada de trabalho, demissão injustificada, pela auto-gestão das empresas sejam privadas públicas dentre outras, são bandeiras que devamos impulsionar.

Por tudo isso a chapa de 2010 de Presidente (a) e Vice da República não pode ser composta por quem não traz na sua trajetória de vida e na sua compreensão histórica os elementos descritos acima. Não há contraponto desta posição com uma importante política de alianças com setores progressistas e de centro que dê sustentação política ao projeto. O embate político que reflete a disputa social em curso vem clarificando “quem é quem” no cenário político atual. Cada vez mais se cristalizam os pólos políticos partidários que simbolizam o “time” do povo e o das elites. É cada dia mais evidente a polarização entre a esquerda simbolizadas no PT e aliados e a direita brasileira aglutinada majoritariamente em torno do PSDB/DEM.

Em 2010 não teremos “um jogo qualquer”, pelo que apontamos aqui e por outros motivos que merecem aprofundamento, estaremos diante da “partida” das nossas vidas. De um lado o “time” do Brasil dos nossos sonhos, das nossas lutas, do nosso do povo, parte importante do sonho de liberdade dos povos latinos que começa a se tornar realidade, vinculado com o sonho mais generoso acalentado pelos povos do planeta; o socialismo. Do outro o “time” das elites que nunca “jogaram” ao lado ou com o povo, somente contra ele. Não é hora de testes, é hora de “escalarmos o time principal” com seus (suas) “melhores atletas”, aqueles e aquelas que suaram a camisa o tempo todo, lutaram bravamente contra a opressão das ditaduras que mancharam de sangue nosso solo gentil, lutaram durante por toda sua vida e não fogem, não fugiram e não fugirão nunca da luta. Pelos que nos legaram essa responsabilidade histórica e pelos que virão, cumpramos nossa missão histórica. Luta, luta ousadia, ousadia. Dilma candidata a presidência pelo PT.



*Secretário Geral do PT - Ceará.

Texto retirado do site: http://www.ronivaldomaia.org.br/

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