quarta-feira, 4 de abril de 2012

O (falso) moralismo destruindo a democracia: de Lacerda a Demóstenes


Carlos Lacerda foi o talvez o primeiro grande (falso) moralista da política brasileira. Em seus discursos ele sempre negava o debate de rumos do país e fazia apenas ataques morais a Getúlio Vargas.

Inimigo político de Getúlio, Lacerda foi o grande coordenador da oposição à campanha de Getúlio à presidência em 1950, e durante todo o mandato constitucional do presidente, até agosto de 1954. Uniu-se a militares golpistas e aos partidos oposicionistas (principalmente a UDN) num esforço conjunto para derrubar o presidente Vargas, através de acusações que publicava em seu jornal, Tribuna da Imprensa.

Tal postura de Lacerda juntamente com a imprensa da época levou Getúlio ao suicídio. É Claro que isso é um “resumão” do período.

Mas o que isso tem a ver com o senador Demóstenes Torres?

Tudo...

Não só Demóstenes, mas outros também que sempre se intitularam os baluartes da moral, ética e da decência. Não somente indivíduos, mas a grande imprensa brasileira também. Numa relação simbiótica, fazendo com que grande parte das pessoas caíssem ou caiam em seu conto do vigário.

Pois bem, Demóstenes assim como Lacerda e a Veja, a Globo e todos os seus asseclas são a prova de que o moralismo é a antessala da vigarice. Sempre foi assim e sempre será.

Todo mundo reclama que só tem político ladrão (como se político fosse somente parlamentar ou alguém do executivo), mas fura fila, sonega imposto, fura sinal vermelho, sempre tenta dá um jeitinho de resolver algum problema com algum amigo de órgão público ou na empresa privada origem do problema... E por aí vai...

A Veja e a Globo, por exemplo, sempre estiveram contra o povo. Apoiaram a ditadura militar, manipulam informações a torto e à direita... Quem não lembra ou nunca ouviu falar da torpe edição do debate Lula/Collor na eleição de 1989? Ou na recente e estratosférica história da bolinha de papel na campanha de 2010?

E agora no caso do bicheiro Cachoeira, que já foi empresário de jogos de azar nos tempo que o esquema Veja/Globo/Cachoeira/Demóstenes à época da proibição dos bingos montou um esquema de denuncismo barato na tentativa de derrubar o ex-presidente Lula, não existe melhor prova do que afirmo aqui. (leia mais aqui)

Política não pode ser debate de polícia como faz a grande imprensa nacional. Política é debate de projetos, ideias, concepções e os maus feitos a justiça, o Ministério Público que deem conta. Este é o seu papel constitucional.

Negar a política é a principal tática dos (falsos) moralistas, dos golpistas... Como foi Lacerda, como é a Globo (rádio, TV, jornal), como é a “revista” Veja, o Estadão, a Folha de São Paulo, o DEM, o PSDB que paradoxalmente se locupletam desse debate... (digo paradoxalmente por se tratarem de partidos políticos).

O pior disso tudo é que sempre surgem os repetidores dessa postura. Em todos os espaços. Afinal, esse é o debate fácil. “Pega ladrão!”, “Fulano roubou”... Acabou-se a presunção de inocência do Estado brasileiro. Basta a grande imprensa apontar o dedo e pronto. Carimbo de ladrão na testa!

Este ano temos eleições municipais. Preste atenção em quem você vai votar. Se o candidato ou candidata tem concepções de mundo, de convívio em sociedade parecida com as suas, senão iguais. Preste atenção no que realmente o partido político do seu candidato defende.

Não troque seu voto por emprego ou por favores futuros. Isso também é vender voto. E é bem mais caro do que o cinquentinha que rola nos grotões das periferias.

Não seja um (falso) moralista. Não seja um lacerdista. Não seja uma caixa de ressonância da grande mídia golpista brasileira nem de seus braços políticos, DEM e PSDB.

A cachoeira das verdades pode cair em você também (me perdoem o trocadalho do carilho).

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