terça-feira, 1 de maio de 2012

Viva o 1º de maio!


Obra de Tarcila do Amaral - Dia do Trabalhador
É chegado mais um Dia do Trabalhador – e não do trabalho. Pela primeira vez (pelo menos que eu saiba) temos um 1º de maio onde o governo federal peitou os bancos. Em pronunciamento oficial Dilma condenou a política de juro bancário praticado pelos bancos brasileiros: “É inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com os juros mais altos do mundo. O setor financeiro, portanto, não tem como explicar essa lógica perversa aos brasileiros." - afirmou a presidentA. (assista o pronunciamento completo aqui)

Só não ver quem não quer que em muito se melhorou as relações de trabalho no Brasil. Que hoje temos um política real de valorização do salário mínimo e que este é o maior ganho que trabalhadores e trabalhadoras tem a comemorar.

Mas ainda falta muito a fazer. Não se precisa dourar a pílula.

Ainda existem no Brasil locais onde a relação de trabalho é de escravidão. Recentemente, inclusive, usinas em Alagoas foram condenas por esse tipo de prática.


As horas semanais de trabalho ainda são um entrave. Reduzir de 44 para 40 horas semanais é gerar milhões de empregos diretos e de imediato. Mas lógica da exploração não deixa. Faz tudo o que pode para mantê-la em alto nível.

Desde o primeiro 1º de maio, em 1886, na cidade de Chicago nos EUA que a pauta central é a redução da jornada de trabalho. Na época era de 16 horas diárias. Era só dormir e trabalhar.

Hoje com a vida mais corrida, com a maior distância entre moradia e local de trabalho nas cidades, as oito horas diárias quase que reproduzem a lógica do século XIX. Só o tempo que s eleva dentro dos transportes públicos...

É mais do que necessário o tempo livre para o lazer, a leitura, a prática esportiva... Sem o tempo livre as pessoas não se desenvolvem enquanto gente.

É óbvio que essa redução da jornada tem de vir sem a redução dos salários. Se não o trabalhador vai atrás de outro emprego para complementar sua renda. Em nada teria suas horas semanais trabalhadas reduzidas. Na verdade, é bem provável que se aumente.

Outro debate importante nesse 1º de maio é o do imposto sindical. Este instrumento criado por Vargas, até que cumpriu um certo papel no início do sindicalismo no Brasil, mas hoje é completamente descabido.

Paga-se um dia de trabalho ao sindicato de sua categoria. Independente de você ser filiado a este ou não.

O que isso gera? Uma indústria de criação de sindicatos. Monta-se sindicato à torto e à direita. Sindicato de qualquer coisa só para receber o imposto.

Nada contra a criação de sindicatos. Muito pelo contrário. Todo mundo tem o direito de se organizar.

Mas basta um olhar mais atento e se verifica vários exemplos de sindicato “mama imposto”. Sindicato que não faz luta sindical. Nem na rua, nem na justiça... nada, zero...

E nisso, me perdoem as outras centrais, a CUT acertou em cheio ao lançar campanha pelo fim do imposto sindical.

No lugar a CUT defende uma taxa negociada, aprovada em assembleia. Sua porcentagem e quem pagaria por ela seria definido pela categoria. Isso ajudaria bastante os sindicatos recém-criados. Mas a base da sustentação financeira não pode ser o imposto sindical. Em resumo, quem não tem base não se estabelece.

Este Dia do Trabalhador é de comemoração e de reflexão e luta. Muito foi conquistado nos últimos anos, mas ainda há muito por fazer.

Dia do Trabalhador e não do trabalho

Muita gente repete por aí dia do trabalho. Erro crasso. Essa expressão foi amplamente repetida, em especial pelos meios de comunicação, e já está meio que encruado em muita gente. O intuito dessa distorção do nome da data se deve ao fato de negar a luta dos trabalhadores.

É esta a referência do 1º de maio. E não o trabalho.

Trabalho por si só é coisa abstrata. Trabalhador, não. O trabalho é ação de produzir algo, riqueza. Trabalhador é quem produz a riqueza.

Mas quem fica com a riqueza?

Os donos dos meios de produção que exploram o quê?

A força de trabalho. De quem?

Dos trabalhadores. O primeiro 1º de maio, em 1886, na cidade de Chicago se deu por luta de trabalhadores contra essa exploração. Negar o 1º de maio como dia do trabalhador é negar a luta dos trabalhadores por melhores condições de vida. É negar a luta de classes. Está aí o porque de se divulgar de modo a se tornar comum a expressão dia do trabalho.


Viva o dia do trabalhador!

Viva o 1º de maio!


Ilustração sobre as manifestações de 1º de maio de 1886 em Chicago

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