domingo, 14 de outubro de 2012

O que dizer a estudantes no dia do professor?

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Há 65 anos que se comemora o dia do professor. A data tem referência em decreto publicado por dom Pedro I em 1827 sobre a educação básica ou “escolas de primeiras letras”. Essas informações foram retiradas do Winkipedia. Mas o que os professores de hoje diriam aos estudantes brasileiros? Digo, para além da luta diária, mesmo com avanços recentes como o piso nacional, por uma educação de qualidade e a devida valorização profissional.

Afinal, educar é dialogar além da disciplina específica que cada professor ou professora leciona. Educar também é expor o mundo a sua volta e fomentar a capacidade crítica dos estudantes a quem se pretende ensinar. Isso é o que se chama preparar para a vida que muita gente reclama a falta nas escolas devido a excessiva competição pro aprovação em vestibulares.

O que poderia ser dito contém uma infinidade de temas, de aspectos e de acontecimentos, mas se pudesse elencar o que diriam os professores aos estudantes, faria da seguinte forma:

Diriam que desde 2003 o país vem passando por mudanças nunca vistas. Há, sem a menor sombra de dúvida, uma maior preocupação com os mais pobres e há também, uma raiva, por vezes enrustida, das elites nacionais contra esse processo. Diriam que tudo foi possível graças a eleição de Lula da Silva, o primeiro operário a se tornar presidente do Brasil e que a primeira mulher presidente, Dilma Rousseff, ex-presa política da ditadura militar, dá continuidade.


Ditadura militar que só 26 anos após seu término começamos a desvendar seus porões, dando esperança às famílias dos mortos e desaparecidos políticos. Diriam como demoramos a tratar nossas feridas.

Diriam que a direita brasileira definha a olhos vistos e que ela mais do que nunca usa o obscurantismo como arma política. Mais do que nunca porque sempre esse foi o seu principal instrumento. Sempre na História brasileira, quando forças mais progressistas acumulavam força e conseguiam assumir espaços na estrutura do Estado, lançava-se mão do discurso do “mar de lama”. Foi assim com todos os governantes que em algum momento tiveram um olhar voltado aos mais humildes.

Também diriam que a autoproclamada grande imprensa, abandonou de vez o jornalismo. Publica grampos sem áudio, entrevistas sem fita, acusa, condena e pune adversários com uma santidade evocada de tal forma que faz qualquer santo da Igreja Católica parecer o mais profano dos seres. Passam às pessoas que qualquer crítica é o mesmo que ataque à liberdade de expressão. Mas que em nenhum momento ela de fato expõe sua labuta diária para que os artigos de nossa Constituição sobre os meio de comunicação não sejam regulamentados.

Os professores também diriam que os porta-vozes da grande imprensa não conseguem explicar como todos os seus prognósticos sobre política e economia sempre estão errados por serem baseados em mentiras, em ilações completamente desconexas da realidade. Como a grande imprensa esforça-se para esconder a Privataria Tucana, exposta em livro de mesmo nome do jornalista Amaury Ribeiro Jr., onde toda a família de José Serra embolsou dinheiro público.

Mas uma coisa os professores terão dificuldade em dizer aos estudantes, como uma grande imprensa tão ruim, inclusive tecnicamente, tão elitista e tão desmoralizada consegue ainda ter a força política que tem no Brasil. Como conseguem ainda pressionar o Supremo Tribunal Federal – STF para condenar sem provas petistas no caso do não provado “mensalão” e nem sequer ter previsão de julgamento em caso semelhante ocorrido anos antes com o PSDB. Este em vias de prescrever.

Na terra dos Caetés
No caso dos professores alagoanos, estes diriam que Alagoas ainda vive, em pleno século XXI, no mesmo modelo econômico e social do século XVIII. Que ainda impera na terra de Graciliano, o jugo dos senhores de engenho, hoje chamados de usineiros e organizados em cooperativa. Que em 2012, o governador é usineiro, o presidente da Assembleia Legislativa é usineiro e o Poder Judiciário é composto de usineiros ou prepostos.

E que mesmo essa “doce” composição no aparato de Estado em Alagoas ocasionando a manutenção dos piores índices sociais do país, sua capital Maceió, elegeu o filho de um deles sob o discurso de novidade na política. Que parte da culpa disso é que a esquerda alagoana tirou de seu vocabulário a Cooperativa dos Usineiros, a materialização do inimigo de classe num estado com as características que tem Alagoas. Nem mesmo a “nova” esquerda que se diz radicalizada têm em seu vocabulário a Cooperativa.

Os professores alagoanos diriam ainda que o poder dos usineiros é tão grande que se dão ao luxo de não pagar nem suas contas de energia, devendo ao Estado mais de R$ 200 milhões e que o maior devedor é o atual governador. Sua usina, a Seresta, deve mais de R$ 30 milhões e após décadas de dívidas teve sua energia cortada e logo religada após reunião entre Eletrobras e Usina Seresta. Para nenhum cidadão comum tal “benevolência” seria concedida.

Como se não bastasse tudo isso, o secretário de educação dos usineiros é detentor de práticas antissindicais. Como não faz nada para melhorar a educação em Alagoas, vive de criticar a atuação do Sinteal – Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação em Alagoas. Na terra dos Marechais o número da rede estadual diminuiu e ainda em outubro, escolas estão fechadas.

Uma coisa não precisará ser dita, pelo menos aos estudantes da escola Geraldo Melo em Maceió. Que o “doce” governo estadual tucano, como forma de “reduzir” a violência, mandou revistar estudantes ao entrarem na escola. Uma clara criminalização da juventude da periferia da capital alagoana.

Diriam também que durante a campanha eleitoral em Maceió, segundo relato de uma liderança comunitária do bairro do Vergel – zona sul da cidade – todo o aparato de segurança do Estado passou em revista ao bairro para que o candidato do governador pudesse fazer uma caminhada. A tal revista prévia teve direito até a helicóptero. Nada mais simbólico do que isso para mostrar o trato das elites alagoanas com o Estado, como sua propriedade particular.

As elites de todo o país, na verdade. Este é um dos motivos do ódio a Lula, Dilma, ao PT e à esquerda em geral. Quando o Estado dá assistência aos pobres, se volta para suas necessidades, diminui a quantidade de Estado para atender as firulas da classe dominante.

Mas mesmo assim o professores diriam que o Brasil segue o rumo do desenvolvimento com inclusão social, constrói então, mesmo com diversos percalços, o caminho da consolidação da democracia. E é este o país que querem para o futuro. Que o povo não mais se deixa enganar como antes pela grande imprensa. Que agora as pessoas percebem seus “rebolados” para maquiar a realidade.