domingo, 11 de novembro de 2012

Domínio dos imbecis de fato


Como afirmei na última postagem, a grande imprensa muda seu discurso conforme a direção do vento, sem é claro, mudar seu paradigma: a manutenção do status quo da classe dominante. Utilizei como exemplos a coisa feita em papel couché e o Estadão. Como seus posicionamentos sobre os arroubos de Joaquim Barbosa no julgamento da Ação Penal 470 mudaram.

Na “coisa” ele saiu de desrespeitador das instituições e arrogância fora do comum para o salvador da pátria e no Estadão que no começo tratava seus chiliques como algo normal e salutar ao STF, agora essa prática não é condizente com o Supremo Tribunal.

Agora é a vez da Folha de São Paulo, a mesma que afirmou ter sido a ditadura militar no Brasil uma “ditabranda”. Ela publicou uma entrevista com Claus Roxin, autor da teoria do “domínio do fato”. Ele esteve no Brasil há duas semanas atrás e somente a FSP o entrevistou, mas somente agora ela foi publicada.

Não é estranho que o autor da teoria que foi usada pelo Supremo Tribunal Federal para condenar sem provas réus da Ação Penal 470, tenha sido publicada duas semanas depois de realizada?


Há duas semanas as condenações ainda estavam sendo realizadas e as eleições municipais também. Roxin afirmou que sua teoria foi destorcida pelo STF e condenou a forma como ela foi usada por aqui. Isso é o que dá não atualizar o tradutor do Google.

Brincadeiras à parte.

Insegurança jurídica no país por causa da sanha justiceira de um promotor como juiz e de uma grande imprensa corrupta que quase nunca cumpre seu papel de serviço público. É isso que temos hoje.

Ronix disse que “o clamor por condenações severas, mesmo sem provas suficientes não corresponde ao Direito.”

Rosa Weber chegou a dizer a seguinte pérola: “Não tenho prova cabal contra ele [Dirceu] - mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite”.

E agora STF?

O ministro Ricardo Lewandowski levantou a que tal teoria estava tendo uma interpretação errada. Logo, a grande imprensa e os “mamãe eu sou reaça” de plantão trataram de desqualificá-lo. “Nem mesmo se chamássemos Roxin poderia ser aplicada ao caso presente.”

E agora, vão desqualificar o autor da teoria?

O medo de que JB tenha a mesma sanha justiceira com o mensalão do PSDB é o motivador da mudança de discurso da grande imprensa. Mas infelizmente, para o PSDB e a mídia, no processo do “mensalão” mineiro essa teoria não é necessária. Nem com a leitura correta, nem com a errada.

Especificamente, sobre o argumento usado para condenar José Dirceu, Ronix disse: “A pessoa que ocupa a posição no topo de uma organização tem também que ter comandado esse fato, emitido uma ordem” e completou “A posição hierárquica não fundamenta, sob nenhuma circunstância, o domínio do fato. O mero ter que saber não basta. Essa construção ["dever de saber"] é do direito anglo-saxão e não a considero correta. No caso do Fujimori, por exemplo, foi importante ter provas de que ele controlou os sequestros e homicídios realizados.”

Confusão será quando os juízes de primeira instância começarem a usar a jurisprudência da AP 470.

A grande imprensa não criou apenas o “monstro” acima do bem e do mal Joaquim Barbosa, criou também – com a inexorável ajuda da maioria dos ministros do STF – o monstro da insegurança jurídica no país.

A preocupação da grande imprensa com o povo é tamanha que a chamada do “Fantástico” (?) é “o que todo o Brasil quer saber: quantos quilos perdeu Ronaldo Fenômeno!”.

Pela Globo acho que não sou do Brasil. Porque eu quero saber quando o “mensalão” tucano e a “Lista de Furnas serão julgados”. Quero saber quando o Congresso vai debater, sem medo dessa mídia corrupta que temos no país, a regulamentação dos meios de comunicação. Quando vamos debater a Reforma Política.

Quantos quilos o Ronaldo perdeu após seu contrato milionário, sinceramente, só interessa a imbecis. Perdoem-me o palavreado chulo.

Com todo esse contorcionismo da grande imprensa para mudar de opinião sobre uma coisa que ela mesma ajudou a criar. Sem falar na “estatização” de uma multinacional, a Visanet.

Um dos pilares midiáticos desse julgamento é que foi usado dinheiro público.

Até esquimó sem internet sabe que a Visanet é privada. Ou o Estado brasileiro é o dono dos cartões de crédito Visa?

Como disse em seu perfil no Twitter Jesus Divino Barbosa: “O Joaquim Barbosa estatizou a Visanet e tucanou a "teoria dos fatos". Fez tantos contorcionismos que arrumou até aquelas dores na coluna”.


2 comentários:

Laigata de Fogo disse...

Há a Teoria do Domínio do fato do Claus Roxin; e a versão "tipo NET" do Joaquim Barbosa. @GersonCarneiro

Paulo Morani disse...

Cadu, dá uma olhada nisso e dê uma opinião, por favor.http://www.obroguero.com/2012/11/o-corvo-ataca-de-novo_12.html