domingo, 25 de novembro de 2012

Ideais elitistas

Ir a Nova Iorque ou a Paris perdeu a graça, é o que afirma Danuza Leão, uma das porta-vozes da elite, em artigo publicado na Folha de São Paulo. Isso porque agora “até o porteiro pode ir pagando R$ 50 por mês”. Quem foi mesmo que disse que a direita não é preconceituosa?

Para ela, não basta poder ir a esses lugares, é preciso que pouca gente possa fazê-lo. É, só mesmo a massa cheirosa da Eliane Cantanhede, também da Folha de São Paulo, pode fazer essas viagens.

O brigadeiro Ivan Frota, repetiu em entrevista a falácia sobre uma suposta fortuna de Lula divulgada pela revista Forbes. Essa mentira já foi desmentida há algum tempo em um site especializados em mentiras na internet, o e-farsas.com. Afirma também que todas as políticas dos governos Lula e Dilma são para “comprar o povo” e não estimulam o desenvolvimento do país. Quem foi mesmo que disse que quem defende a meritocracia o faz porque tem capacidade e não ajuda de ninguém?

Porque usar viral falso de internet como argumento é de uma incapacidade mental sem tamanho.

Por falar em meritocracia. Circula na internet uma foto de formatura de uma turma de medicina de 2011 da Universidade Federal da Bahia com cerca de 90 formandos e em torno de cinco negros. A população da Bahia é composta por mais de 80% de negros. É a maior população negra fora do continente africano. Quem foi mesmo que disse que não há necessidade de cotas nas universidades no Brasil?


A cada ano os cotistas na universidades vêm obtendo as melhores notas nas avaliações dos cursos. Eles se dedicam mais aos estudos e produzem mais academicamente. Os cotistas são a prova de que mérito é soma de oportunidades. A sociedade brasileira historicamente negou aos negros condições para que eles fossem incluídos em nossa sociedade. O Estado desde 2003 deve e vem tentando reparar essa situação.

Sabe quem é que diz essas coisas?

Filhos das elites brancas que sempre tiveram o Estado bancando suas regalias em detrimento da maioria da população. Pessoas que nunca passaram privações, que nunca tiveram olhares questionadores contra si por causa de sua cor de pele, origem ou condição social.

São as mesmas pessoas que, mesmo que não assumam, pensam como Danuza Leão ou como o militar saudoso da ditadura. São pessoas que quando olham para a banca ao lado nas salas das universidade e veem um negro da favela entroncham a boca; ou quando os veem ao lado do seus filhos.

Estas negam que exista preconceito por todos somos iguais e o Brasil é miscigenado. Que essa tese das cotas é racista e danosa. Entre os argumento se valem o do sangue – onde todos temos o sangue da mesma cor - e que a salvação é o investimento na educação de base. Como se uma coisa anulasse a outra.

Ninguém sai de casa sem a sua pele. Portanto ninguém enxerga a cor do sangue. Dos 512 anos de Brasil, 388 foram sob a ótica escravista. É do imaginário popular – basta lembrarmos da quantidades de piadas racistas existentes – que os negros são inferiores. Mais do que isso, basta uma visita breve a favelas e se verá a cor da pobreza no Brasil.

Estas pessoas são as mesmas que afirmam que a Comissão da Verdade é revanchismo. Que o que deveria ser feito é botar panos quentes em cima dos crimes da ditadura ou que a Comissão deveria julgar ou levantar os crimes cometidos pelos militantes de esquerda no período. Na ditadura (civil) militar, o Estado brasileiro cometia crimes de sequestro, tortura e assassinatos. Além do cerceamento da democracia. As ações dos grupamentos de esquerda foram em resposta aos crimes do Estado.

Muitas falácias são difundidas como crimes destes grupamentos. Alguns inclusive, pela grande imprensa que apoiou o golpe de 64.

Grande imprensa que é contra a regulamentação dos artigos constitucionais que tratam da comunicação social no Brasil. Democratizar a comunicação é para ela um golpe fatal. Tirar o monopólio da informação das mãos de quatro ou cinco famílias. Muda-se a leitura de mundo, de país e de conceitos e valores impregnados pela mídia e sempre de viés conservador.

São essas pessoas que odeiam Lula, por exemplo. E por consequência, Dilma. Afinal de contas eles botaram um pouco da estrutura de Estado se voltando para os mais pobres. Isso, essas pessoas não perdoam.

Mas nem todas as pessoas que repetem tais posicionamentos o fazem por serem necessariamente ruins. Fazem porque foram ensinadas a fazer. Porque é mais confortável não se indignando a pensar diferente e questionar o status quo das coisas.

É sempre mais difícil nadar contra a maré e como animais sociais queremos ser aceitos. Em grupos que identificamos como socialmente superiores.

2 comentários:

Ester Alves disse...

Cadu, você conseguiu dizer em poucas palavras o que às vezes queremos dizer quando uma pessoa faz comentários preconceituosos sobre raça, classe social, e destila ódio por valores que cultivamos e entendemos necessários para viver em uma democracia. Parabéns, quero agradecer seu texto, ele tem me orientado muito.

Unknown disse...

Quanto a Danuza ela somente a irmã da ilistre ja falecida Nara Leão....Precisamos de mais jornalista que pense assim e que assuma.