quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Pela regulamentação dos meios de comunicação

Imagine se você fosse o detentor da informação que circula no país. Que você e mais alguns poucos amigos que determinam o quê, como e quando qualquer assunto será divulgado. Imagine que você e sua turma determina os gostos, as orientações de conduta, desde peças de roupa à orientação política de uma população.

Já pensou você e seus amigos dizendo o que fazer, como fazer e quando fazer a todos – sem qualquer controle ou norma, tudo a bel prazer – e qualquer questionamento vocês transformam logo em ataques ao bem comum?

Que maravilha, não?

Ter uma massa de milhões de pessoas seguindo suas orientações sobre tudo, até sobre suas relações pessoais, e ainda fazendo pensar que se tem acesso a fatos do dia a dia, da forma como ocorreram sem o menor desvio.

E toda essa gente parte em sua defesa e de seus amigos, quando os poucos que questionarem seu poder expondo suas ideias.

É quase um poder divino.

Essa é a relação das famílias Marinho, das Organizações Globo; Civita de editora Abril; Mesquita do grupo Estado e Frias do grupo Folha. Essas quatro famílias, mais dois ou três grupos regionalizados como a RBS, formam o grupo de amigos que dominam o acesso a informação no Brasil.


Quem os questiona se torna inimigo público número 1 e pária da sociedade. Sem falar em um pretenso ditador destruidor das liberdades e da imprensa livre.

Todos os grupos citados apoiaram a ditadura no Brasil. Apoiam o golpe no Paraguai. Apoiaram o golpe em Honduras e as tentativas na Venezuela e Equador. O grupo Folha chegou a emprestar carros do jornal para militares “caçarem” opositores ao regime.

São o que são por causa do Estado brasileiro. E ao menor sinal de perda de todo esse poderio, fazem o que bem entenderem para mantê-lo. Vale tudo. Desde arapongagem à divulgação pura e simples de mentiras deslavadas.

Exemplos não faltam. Os melhores são os editoriais. Quando qualquer resquício progressista ascendeu aos governos centrais ou estaduais, “mar de lama”; no regime militar, país das maravilhas.

Manipulação de pesquisas nas eleições no Rio de Janeiro em 82; edição do debate presidencial de 1989 entre Lula e Collor no Jornal Nacional; capas de Veja; bolinha de papel; ficha do DOPS falsa de Dilma, são alguns exemplos de como a informação é passada. Ou não é passada.

Além da inversão propriamente dita, existe a ocultação. Simplesmente fatos que vão de encontro aos interesses dos “amigos” não são divulgados.

Simples assim.

O poder desses grupos é tão grande que muitas de suas ações nem mais são feitas com discrição. O melhor exemplo é a relação de Policarpo Júnior, de Veja, com a quadrilha do bicheiro Cachoeira. Aliás vários jornalistas se envolveram com o esquema.

Nomes conhecidos como Cláudio Humberto, recebeu R$ 187,7 mil reais em um contrato, via Delta – empresa de Cachoeira – para o governo de Goiás de Marconi Perillo.

A imprensa no Brasil é livre. Livre da lei.

Não foi a toa a pressão sofrida para retirar do relatório da CPI do Cachoeira os nomes dos jornalistas envolvidos. Entre os mais dedicados estava Ricardo Noblat, cujo a esposa esta envolvida num desvio de R$ 33 milhões do Incra no governo FHC. O processo, inclusive, foi arquivado por estar em vias de prescrever.

E tem gente que acha que o “mensalão” do PSDB será julgado.

O pior disso tudo é que a Constituição brasileira prevê a não existência de monopólios e oligopólios na comunicação no país. Mas os artigos que tratam da comunicação social precisam ser regulamentados. Ai que impera a libertinagem. Desde de 1988, ano da promulgação da nossa Carta Magna, que esses artigos esperam a sua regulamentação.

Se você defende a regulamentação dos meios de comunicação, vá para a Inglaterra. Lá eles ainda tem família real, mas o debate sobre os limites da imprensa e sua regulamentação se dá sem o deboche das acusações de ataque à liberdade de imprensa e expressão. É isso que são essas acusações: deboche.

Na França, em Portugal, no Canadá, na Alemanha, Espanha, Reino Unido, Uruguai e Argentina existe regulamentação dos meios de comunicação, inclusive com órgão regulador. O modelo argentino foi elogiado pela ONU, para o ódio de alguns.

Aqui no Brasil, se você defende a Constituição e quer a liberdade de imprensa e de expressão de verdade, será tachado de ditador ou coisa que o valha.

Malcom X, lutador pelos direitos civis nos EUA em meados do século XX, afirmou que a imprensa “pode fazer um criminoso parecer que é a vítima e fazer a vítima parecer que é o criminoso. Esta é a imprensa, uma imprensa irresponsável. Se você não for cuidadoso, os jornais terão você odiando as pessoas que estão sendo oprimidas e amando as pessoas que estão fazendo a opressão.”

Qualquer semelhança com os dias atuais não é mera coincidência.



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