quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Roberto Freire, do partidão a xeleléu do PSDB

Falar da História política do Brasil sem citar o Partido Comunista, criado em 1922, é o mesmo que falar do Rio e não citar o Pão de Açúcar. A partir da criação do PC brasileiro a política mudou profundamente no país. Mesmo com todos os rachas que permearam os comunistas durante o século XX, negar sua importância para a luta operária é no minimo canalhice.

Não falar de lideranças como Luiz Carlos Prestes, o cavaleiro da esperança é como falar sobre futebol e não citar nomes como Pelé, Rivelino ou Gerson. Prestes, mesmo sem toda a tecnologia de informação que temos hoje, na década de 1940 se elegia senador por oito estados brasileiros. Naquele tempo uma pessoa podia se candidatar por mais de um estado. Um verdadeiro fenômeno de popularidade, igualado somente a Lula nos dias atuais.

Nos anos de 1960 o Partido Comunista rachou e daí surgiram dois partidos. O PCB, que manteve a sigla original e passou a se chamar Partido Comunista Brasileiro, sob o comando de Prestes. E o PCdoB que mudou a sigla e manteve o nome original, Partido Comunista do Brasil, sob o comando de João Amazonas. Os motivos do racha não importam aqui.

Não sei em que momento no curso da vida do PCB surge em suas fileiras Roberto Freire. O maior traidor da causa operária que se tem notícia no Brasil.


Em 1992, no maior momento de descenso no movimento comunista em todo o planeta, logo após a queda da União Soviética, Freire extingue o PCB e funda o PPS. Entre as alegações, o fim do ideário marxista.

Entre suas ações de prática anticomunista, Freire teria entregue ao exército brasileiro documentos secretos do PCB sobre como os comunistas agiram durante a ditadura para escolher “aparelhos” (casas para esconderijo e operações na militância clandestina), como organizar células, como eram feitos os congressos clandestinos, enfim como era a vida do PCB na clandestinidade.

Após ser candidato a presidência da República em 1989, sua carreira política foi somente ladeira abaixo. Ao ponto de depender politicamente de José Serra. Tanto que transferiu seu domicilio eleitoral de Recife para São Paulo. Junto com partido que ele fundou, o PPS.

Se você depende politicamente de um pessoa como José Serra, você não serve para nada.

O PPS não passa de braço do PSDB. Uma marionete birrenta em defesa do reacionarismo. Foi isso que Freire criou em 1992, mas que mostrou sua verdadeira face nos anos 2000.

A última da subserviência deste ser feito à base de carbono, foi entrar junto com outros membros da oposição com um pedido na Procuradoria Geral da República para que Lula seja investigado por conta da entrevista sem áudio dita a não se sabe quem, não se sabe onde, nem quando de Marcos Valério à Veja. A mesma que foi requentada na última edição da coisa feita em papel couché.

Freire transformou o partido de Luiz Carlos Prestes no apêndice pseudo moralista do setores mais conservadores do país. Os mesmos que perseguiram Prestes durante toda a sua vida.

Faço aqui a ressalva que desde 1992 existem pessoas que tentam manter viva a História do PCB. Mesmo com divergências, principalmente táticas, não dá para não reconhecer a militância dos camaradas.

Toda essa movimentação é similar ao que foi feito com Fernando Lugo no Paraguai.

Com todo respeito ao país vizinho, aqui não é o Paraguai.

Assim como a direita brasileira, o moralismo de Freire e de seu PPS é seletiva. Em nenhum momento ele questiona a roubalheira deslavada da privataria tucana. O PPS é mesmo o Partido Paralelo do Serra. Tampouco o “mensalão” do PSDB.

“Mensalão” alias, que a PGR recebeu de Marcos Valério documentos com nomes de deputados tucanos que receberam dinheiro do esquema e de quais estatais mineiras o dinheiro foi retirado. Isso foi confirmado por seu advogado, Marcelo Leonardo, ao jornalista Luis Nassif. O esquema serviu até para a campanha de Aécio Neves, provável próximo candidato à presidência do PSDB.

No caso, o esquema foi considerado caixa 2.

Quanta diferença no trato com o caso do PT. No que agora é julgado pelo STF, não há provas nos autos. No do tucanato, para cada pena em um tucano existe uma prova no processo.

Infelizmente seu julgamento nem Mãe Dinah se atreve a prever quando será.

Mas se Freire é tão defenso assim da moralidade, porquê não tem a mesma postura em relação ao tucanato?

Como disse antes, ele depende do Serra. Assim como a Soninha que tem até seu periquito empregado nos governos do PSD e PSDB em São Paulo e Raul Jugmann que tem uma ação contra si por desvio de mais de R$ 30 milhões de reais do tempo em que estava no INCRA. Ele e a esposa do “jornalista” Ricardo Noblat respondem por este desvio, cujo o processo está no Supremo e tem como relator o ministro Dias Toffoli.

Entendeu porque o a grande imprensa odeia Toffoli?

Voltando a Roberto Freire, este não se transformou no chiuaua de guarda do PSDB e da direita brasileira. Ele sempre foi isso. Tanto que somente ascendeu no antigo PCB após a morte das lideranças históricas. Ele logo tratou de extinguir (ou tentar) o partidão.

Para se ter uma ideia, na votação na Câmara sobre o uso de 100% dos royalties do Pré-sal para a educação proposto pelo governo para garantir as metas do Plano Nacional de Educação – PNE e atingir os 10% do PIB em 2020, Freire votou contra.

Isso mesmo.

Roberto Freire o maior exemplo de traidor das lutas populares do Brasil. De ex-comunista a xeléleu de tucano. Triste e merecido fim.




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