sábado, 22 de dezembro de 2012

Explosão da Deic: 'Nasci novamente'

Marcos Humberto tem 29 anos e é formado em Engenharia Agrônoma com especialização em Segurança do Trabalho. É professor de Produção sucroalcooleira e Webdesing da Microlins, rede de escolas de cursos profissionalizantes espalhada por todo território nacional.

Humberto relata como ele, colegas e estudantes reagiram à explosão da sede da Divisão de Investigação e Capturas (Deic) da Polícia Civil de Alagoas. Revela também a emoção de voltar ao local onde funciona a escola e ver tudo destruído. Para ele, sua vida recomeçou.


Como foi que você percebeu que a DEIC estava explodindo?
Na instituição haviam poucas pessoas, alguns professores e funcionários. Por volta das 18h e 10min houve um principio de incêndio atrás da sala da coordenação que veio acompanhado de disparos que pareciam armas de fogo. As chamas aumentaram e os disparos também, então todos começaram a correr. Quando os disparos pararam, voltei para buscar meu carro. Entrei no carro e sai em marcha ré, foi então que a primeira explosão aconteceu. Desci a ladeira da entrada da Microlins e aconteceu a segunda explosão.

Como reagiram as pessoas que estavam na Microlins?
Todos entraram em pânico e saíram correndo. Depois voltamos para ver se tinha alguém e escutamos pessoas pedindo socorro. Pedimos ajuda aos policiais presentes. Naquele momento haviam três professores contando comigo e uma funcionária. Outra funcionária, que estava grávida, saiu de lá momentos antes da explosão. Um funcionário desmaiou e precisou de atendimento médico. Ele foi socorrido por um taxista, mas ao chegar no Hospital Geral do Estado (HGE) não recebeu atendimento por falta de médico. haviam também uma outra funcionária.

Vocês sabiam que havia um paiol ao lado?
Ninguém imaginava. Tanto é que quando começou achávamos que era algum tipo de resgate de presos, ou mesmo alguma rebelião.

Você voltou ao local onde funcionava a Microlins, filmou e fotografou. Qual a sensação de ver tudo destruído?
Voltei no dia seguinte, fotografei e fiz vídeos. Todos voltaram e choramos. Choramos porque o estrago poderia ter sido maior, nós poderíamos ter morrido ali.

Você pensa em processar o Estado por danos materiais e morais?
Eu não sei bem como se dá este tipo de procedimento, mas tive prejuízos materiais e morais. Meu carro ficou danificado, hoje ele está na concessionária. Gastei R$ 907,00. Isso sem falar que meu aniversário foi na véspera. Iríamos comemorar com os alunos, mas não houve tempo. Esse trauma, esse dia, infelizmente, carregarei por muitos anos. Posso afirmar com certeza: nasci novamente.

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