quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Somos todos Lula





Enquanto no Brasil a “grande imprensa” – conservadora e rasteira como ela só – cascavilha motivos e, quando não os encontra, inventa para desgastar e mesmo agredir o ex-presidente Lula, no resto do planeta ele é ovacionado. Todos querem ouvir o que o retirante nordestino e ex-metalúrgico que se tornou presidente da República tem a dizer.


Aqui lançam manchetes que em nada tem a ver com a prática jornalística, que vão desde “namoradas” a entrevistas baseadas no “disseram” e “alguém disse a alguém que teria dito a outra pessoa”. Coisas que em lugar nenhum do planeta seriam publicadas do jeito que são aqui no Brasil. Manchetes de criar vergonha até em Rupert Murdoch.

Aos que defendem a postura da mídia no Brasil, resta sempre falas do tipo “vai dizer que Lula é santo?”. Uma tentativa vã de desmerecer as críticas à imprensa brasileira e enaltecer os ataques ao ex-presidente.

Não, Lula não é santo. É perfeitamente passível de erros e que, se os cometer, e se estes infligirem alguma lei, todas as medidas cabíveis devem ser tomadas. Mas tudo dentro das regras do jogo do tão falado Estado democrático de direito.

E à imprensa cabe o papel de noticiar, informar e não difamar. Ou mesmo protagonizar campanhas contra Lula ou contra quem quer que seja. Ela pode até ter opinião, mas não pode querer passá-la como fato.

Imprensa aliás, já sabido por todos, que não gosta muito de democracia, apesar de sempre proferir esta palavra em vão. Foi fiel apoiadora do golpe militar de 64 e são mais do que conhecidos suas manipulações em eleições no Brasil.

O ódio ao ex-presidente Lula é na verdade a canalização do seu ódio ao povo brasileiro. E não precisa sequer gostar dele para reconhecer no ex-metalúrgico seu elo com milhões de pessoas que vivem em solo tupiniquim.

“São milhões de Lulas povoando este Brasil. Homens e mulheres noite e dia a lutar”, entoou o jingle de campanha à reeleição de Lula em 2006. Não tinha como ser mais feliz o autor dessa letra. Sintetizou bem a relação Lula/povo.

Quando a direita, através da “grande imprensa” bate em Lula, ela bate no povo. Ela bate no peão da fábrica que põe o macacão e sai de casa às 5h da manhã para pegar no pesado; ela bate trabalhador rural que sai ainda escuro para a roça capinar; bate no professor que sai de casa cedo e só volta à noite depois de dar um sem-número de aulas; bate no taxista, no estudante, no feirante, no artista, no camelô, no policial, no agente de saúde e em tantos outros milhões de brasileiros e brasileiras.

Porque é isso que Lula é: a personificação do povo brasileiro. Isso sem nenhuma invocação de divindade. Tanto ele, como a dona Maria que acorda cedo para fazer renda no bairro do Pontal em Maceió/Alagoas, personificam nosso povo. A diferença é que Lula se tornou presidente.

E fez bonito. Tirou milhões da miséria. Elevou milhões à classe média. Devolveu a esperança de uma vida melhor para os que mais precisavam do Estado brasileiro, sempre tão ausente para as pessoas que vivem neste país.

Quando tentam desqualificar Lula, desqualificam milhões de brasileiros. Implicitamente, dizem “jamais ousem ser mais do que são”, “jamais ousem participar da vida pública no Brasil”, “este é um espaço para o que sempre nele estiveram”. Ou coisas do tipo.

Uma das primeiras amostras do preconceito contra Lula foi o fato de ele tomar cachaça ao invés de uísque. Entre os argumentos, a falta de elegância ao beber e oferecer a chefes de Estado a bebida genuinamente brasileira.

O menino pobre que virou presidente jamais abriu mão de ser quem é. E isso incomoda muitos às elites nacionais. Sempre querendo ser o que não são. Isso desde os tempos do império português. Infelizmente uma parte da classe média tradicional também pensa assim. Ela jura de pé junto que é elite e que ainda não logra seu posto nela por causa de eventualidades, e desde 2003, por causa de Lula.

Por isso que nada parece atingir a popularidade do ex-presidente. Ele é a cara do Brasil. Outro trecho do jingle eleitoral de 2006 mostra bem isso. “Onde o presidente é povo. E o povo é presidente”.

A luta para desconstruir Lula é a luta para desconstruir a História do povo brasileiro. Aí o buraco é mais embaixo. Somos todos Lula!

3 comentários:

mari disse...

Elite ressentida e cega. Não vê que, no caso do Lula, quanto mais atacam mais alimentam o mito. Ainda bem.

Luiz Müller disse...

Muito bom. Expressa o sentimento da nossa militância. Copiei e postei no meu Blog, com os créditos é claro.

Grande abraço

Unknown disse...

.. Está mais do que provado que esses ditos intelectuais não conhecem nada de povo, pois o que eles conhecem, mesmo, é o mundo da ficção e Lula é real. Ufa! (palavras do Ubaldo,)