segunda-feira, 4 de março de 2013

A classe média e o Bolsa Família



O programa Bolsa Família é esmola, foi que, segundo o jornal Gazeta de Alagoas, o governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) afirmou em entrevista a uma rádio no interior do estado. Por meio de seu perfil no Twitter, Téo Vilela negou que tenha dado tais declarações. Porém este é o pensamento médio de boa parte de seus eleitores.

Declarações à parte, tal argumento ainda é usado e reutilizado em setores da classe média tradicional juntamente com o de que o programa cria preguiçosos e vagabundos. Valem-se do falso argumento de que tem que criar as condições para conquistarem autonomia financeira sozinhos e sem a dependência de governos. Ou algo no gênero.

Como se os bancos, por exemplo, não se mantivessem ativos graças a ações do Estado. Não se vê a defesa de que os bancos devam “se virar sozinhos” para conquistarem sua independência.

O fato é que o programa Bolsa Família ajuda a impulsionar a economia, gerando empregos e dando sim, mais autonomia dos setores mais pobres em relação aos mais ricos. É comum ouvir “que agora empregada doméstica quer ter direitos”. Mas não é esse programa o maior impulsionador da economia brasileira, pelo menos não sozinho.

É a valorização real do salário mínimo que mais impulsiona a economia do país, sua valorização real – descontada a inflação – é em torno de 70%. Aliado essa nova política implementada nos governos Lula, está a maior oferta de crédito a baixo custo. Nunca nossas taxa de juro foram tão baixas. Os bancos e os sanguessugas do setor financeiro não gostam disso. Em um estado como Alagoas, onde sua economia é monolítica e dependente o pior tipo de cultura que á a cana-de-açúcar, essas políticas tem um efeito ainda maior.

Alagoas detém os piores índices sociais do país. Sua economia é baseada no comércio e na cana-de-açúcar. É esse setor que controla, consequentemente, a política no estado. Entenda política no sentido amplo. Judiciário, imprensa, enfim, valores morais e culturais. O discurso hegemônico em terras Caetés é o do senhor de engenho.

Se a classe média tradicional tem verdadeira ojeriza pelo programa que ajuda a dar mais dignidade aos mais pobres, a classe média tradicional alagoana exala ódio por todos os poros. E diferentemente de alguns estados, ela não quer se tornar independente da oligarquia local, ela quer ser o que não é: senhor de engenho. Se não sobre ter uma usina propriamente dita, mas no status. A classe média tradicional alagoana sonha em ser aristocrata. É quase a relação dos escravos que vivam na casa grande. Eles não se achavam iguais ao da senzala e vivam a ilusão dos sabores da elite.

O Bolsa Família gera mais quatro vezes mais riqueza para Alagoas do que a produção sucro-alcooleira, segundo o professor Cícero Péricles da Universidade Federal de Alagoas em entrevista à revista inglesa The Economist. Para quem não sabe se paga apenas R$ 3,00 por tonelada de cana cortada ao trabalhador.

Se nossa classe média fosse ao menos liberal, não repetiriam asneiras sobre o programa. Como pode crescer o setor de comércio ou qualquer outro que lide direto com a população, num lugar onde só há um setor econômico? E altamente centralizador, diga-se de passagem.

Outra argumentação fajuta é de que se entre no programa e se fica a vida toda “mamando nas tetas do governo”. Afinal, quem não quer receber dinheiro para não fazer nada? Em torno de 40% dos beneficiários do programa já saíram dele. Não mais dependem do recurso para terem uma vida com o mínimo de dignidade. Vagabundo é quem propaga um argumento desses.

Geralmente são “filhinhos de papai” que já ao nascer tiveram tudo pronto na prateleira.  Não sabem como seus pais cumularam riqueza de fato, nem como surgiu a lógica do Estado, da propriedade e da acumulação de riqueza. Mas esse é um debate para outro momento.

Não fossem os programas de transferência de renda mais a valorização do salário mínimo, Alagoas não estaria estagnada no séc. XVIII teria recuado para o séc. XV. Para a alegria dos moralistas de plantão.

6 comentários:

Italo Valerio disse...

As redes sociais tem 2 viés, um que pode tirar alguém da ignorância política e social, e outra que o empurra de vez para hipocrisia e cara-de-pau.

Agora, como você, internauta consegue sozinho sair da lama ?, e aliás, como identificar a lama?, como ser tão esperto a ponto de não ser apenas mais um "zumbi" sem rumo, falando e compartilhando asneiras ?

Olha, eu ouvi falar num tal de google que voce pode pesquisar se aquilo que está compartilhando e acreditando é fato. O exemplo mais cômico de quanta gente ingênua existe nas redes é o de Lula na capa da Forbes como um dos maiores milionários do planeta (caramba!). É incrivel como é fácil fazer massa de manobra na rede. Eles sabem disso e vão fazer voce se tornar um "obediente zumbi". A menos que aprenda a usar o Google.

Voltando ao Bolsa Familia, google: PNUD, IBGE, IPEA, ONU são alguns dos sites que voce pode conferir se pobre é aproveitador, vagabundo etc. (na verdade sabemos quem são os vagabundos dessa nação e não são pobres)

Um video manjado tenta dizer que Lula se contradiz, mostra um documentário e a fala de Lula já presidente e com os resultados do PNUD e ONU já comprovando. Os analfabetos funcionais viram mas não entenderam, Lula está certo 2X. Só que no documentário Lula se refere a esse tipo de "bolsa" que os hipócritas conhecem bem demais, se brincar são os primeiros a pedir "ajudinha" pra poder votar neles. Sobre o documentário, descubram que é ótimo por sinal, tem todos os políticos do Brasil e trata de muitos temas.

Mas Lula no documentário falava desse tipo de "bolsa", será que vão entender?
http://www.youtube.com/watch?v=0uuWSZ2cHGU

Se usassem a rede pra se tornar minimamente politizados, teria visto a matéria completa sobre Bolsa Familia, COM DADOS CONCRETOS, aí sim, fundamentado, poderia colocar sua opinião (com FUNDAMENTO), como por exemplo, que 70% dos beneficiados TRABALHAM.

http://www.redetv.com.br/jornalismo/enoticia/?321214,Tereza-Campello-ministra-do-Desenvolvimento-Social-e-Combate-a-Fome

Italo Valerio

Anônimo disse...

O "bolsa esmola", que é como os tucanos e reaças se referem ao Bolsa Família, é tão exitoso em seus objetivos que até o fhhc quer assumir a 'paternidade', quer ser pai, mesmo não sendo, de novo!!! hehehe



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Helder

Luiz Müller disse...

Muito bom teu texto. De fato os dirigentes públicos alagoanos estão "fora da casinha". Hoje, se somarmos somente o Bolsa Família com o BPC, Beneficio de Proteção Continuada repassado aos municípios de Algoas, os valores em muitos municípios já superam o valor do FPM, Fundo de Participação dos Municípios. Sem falar nos recursos para outras ações sociais e para capacitação profisisonal, através do PRONATEC encaminhados aos Estados. A Política de Assistência Social no Brasil já não é mais a do clientelismo. A política de Assistência Social é estratégica para o país.E é estratégica por que garante às crianças na escola (uma das condicionalidades do BF é a criança na Escola), mas possibilita também que os pais destas crianças possam se capacitar profissionalmente através do PRONATEC BRASIL SEM MISÉRIA, para o mercado de trabalho aquecido que temos, justamente por que o país decidiu associar o Desenvolvimento Econômico ao Desenvolvimento Social.

Unknown disse...

Foi isso que Cazuza quis dizer com os versos “a burguesia fede / a burguesia quer ficar rica”, significando “burguesia” a “Classe Média” e “quer ficar rica” como “quer ser detentora da propriedade social dos meios de produção”

Henrique disse...


A sociedade capitalista não é estática e não há comodismo porque há desenvolvimento!

O bolsa-família é um programa bem feito, com metodologia e seriedade.

Obviamente se não houver desenvolvimento, para gerar empregos, frustrará seus objetivos.

Mas é um programa maiúsculo, porque há desenvolvimento. (Nassif)

Valter M. Figueiredo disse...

O bolsa familia é dinheiro na veia da economia é no consumo no mercadinho da esquina é criança na escola, temos que parar de salvar BANCOS.