terça-feira, 12 de março de 2013

Conclave: tutti buona genti



Começou o conclave, ritual católico onde 119 cardeais (155 por que alguns renunciaram a condição de votante devido a escândalos), de todo o planeta, escolhem o novo papa. A mídia brasileira está em polvorosa com a possibilidade de termos um papa brasileiro. Dom Odilo Scherer é arcebispo de São Paulo e é considerado um dos homens fortes do Instituto de Obras Religiosas (IOR) – o banco do Vaticano. Seu principal concorrente seria Angelo Scola, arcebispo de Milão, considerado um reformista, apesar de bastante alinhado com Bento XVI e com bom diálogo com os mais jovens.

Outros nomes estão cotados, mas esses dois são os mais falados. E em nenhum momento se toca em questões como a compra de uma sauna gay em Roma – a maior da Europa – pelo Vaticano, nem os casos de pedofilia tampouco o papel que joga o IOR no sistema financeiro e em guerras. O IOR é sócio da Pietro Beretta Ltda., maior indústria de armas no mundo, controlada pela Holding SpA Beretta. O Vaticano elevou o termo “guerra santa” a níveis bastante lucrativos.

Scherer, o cardeal brasileiro é um dos “donos do apito” no IOR. Se João Paulo II era o papa anticomunista (anti tudo um pouco à esquerda), Ratzinger tinha relações com o nazismo, se o brasileiro for papa teremos o papa da guerra. Na verdade, se Scola for eleito, também será um sacerdote bélico.

O Vaticano – que é um Estado – tem por característica intrometer-se em questões nacionais onde o catolicismo tem alguma força. Quem não se lembra do fora que Lula deu em Bento XVI quando ele quis se meter em questões internas do país? O ano era 2010 e surgia um burburinho de discussão sobre a legalização do aborto no Brasil. O papa que lucra com venda de armas tentou se meter em questões internas para “salvar vidas”.

Se o eleito for o brasileiro não teremos muita diferença a não ser sua língua mãe. Ao invés de alemão, o português. Não há entre eles, pelo menos que se tem notícia, a vontade de dar fim à forma de ganhar dinheiro do Vaticano. Por que não somente com as armas o menor Estado do mundo lucra, mas também lavando dinheiro do fascismo e da máfia.

O IOR nasceu em 1942 pelas mãos do papa Pio XII para administrar o dinheiro do ditador Mussolini oriundo dos Pactos de Latrão selado entre o fascista e Pio XI. Esse acordo gerou ao Vaticano um bilhão de liras em títulos de Estado italiano com juros de 5% mais 750 milhões de lira em dinheiro vivo, cash. Há rumores de que o papa João Paulo I foi morto por ter a intenção de revelar as relações entre o banco do vaticano e a máfia.

A figura central desse episódio foi o bispo Paul Marcinkus, à época responsável pelo IOR. Ele era conhecido como a "sombra do Papa". Foi sua relação com um banqueiro ligado à máfia - Michele Sindona – que revelou o esquema. Utilizava-se o banco do Vaticano para lavar dinheiro oriundo dos Estados Unidos. Em 1982 ocorreu a falência do Banco Ambrosiano que tinha o IOR com maior acionista. Foi aí que estourou o escândalo.

O filme “O Poderoso Chefão III” mostra bem como se dá a relação entre Vaticano e máfia. Há rumores de que os atentados a João Paulo II foram em decorrência das relações mafiosas da Igreja de Pedro. E o papável brasileiro é um dos “grandes” do IOR. Mas será que ele tem a intenção de pôr fim a essas relações? Esse debate nossa “grande imprensa” não faz e quem o fizer será acusado, direta ou indiretamente, de blasfêmia.

2 comentários:

Unknown disse...

Palavras super oportunas em um momento de perplexidade geral graças à renúncia de Bento XVI. E agora? “Quem sou eu?” “No que EU acredito?” “Eu sigo minha crença, religião, filosofia?” “Sou um bom cristão, budista, espírita?” “Eu crio um mundo melhor ou jogo lixo no chão, minto, traio, sacaneio?”

Rita Candeu disse...

quanto mais se le sobre essa corja
mais horror se tem