quinta-feira, 4 de abril de 2013

A geração de Ricardo Salles






Ricardo Salles. Esse nome representa bem o dano que a ditadura civil-militar causou ao país com a conivência de setores como a nossa autoproclamada “grande imprensa”. Os aparelhos ideológicos do Estado, entre os quais a mídia, reproduz os valores da classe dominante que, no Brasil, é extremamente conservadora. Por que não dizer, medieval?

Salles é secretário do governado Geraldo Alckmin em São Paulo (PSDB) e defensor do regime de 1964. Ele tem apenas 37 anos. Como ele, é comum vermos jovens defenderem ideias conservadoras, como a ladainha de que houve o golpe por conta dos comunistas. Essa foi a “desculpa” para a implantação do terror que durou 21 anos no país. O conservadorismo entre os mais jovens é algo que demonstra bem o “bom” trabalho dos aparelhos.

Outro bom exemplo é sobre a PEC das Domésticas. O que tem gente, jovem, reproduzindo o discurso de que agora não terão como pagar empregadas e milhões estarão sem trabalho. Ou que irão se sujeitar a qualquer coisa e acabarão trabalhando mais. O mesmo discurso dos donos de escravo quando da abolição da escravatura (pelo menos a oficial). Diante dessa postura que não é exagero afirmar que a PEC é a segunda Lei Áurea.

A maioria esmagadora dos jornais, telejornais, revista e Veja (me recuso a chamar Veja de revista. Ela é uma coisa feita em papel couché), deram foco à condição dos patrões. “quanto vai custar...”; “ficou mais caro ter empregada...”, essa era a linha das manchetes e editoriais. Quando deveria ser sobre a conquista de direitos de em torno de sete milhões de pessoas com um atraso histórico sem precedentes.

Veja, logo elaborou uma capa onde lamenta a aprovação de lei que fará os brancos, homens e de classe média lavarem os pratos e limparem as próprias cuecas. Como para a coisa o ridículo não tem fim, às vésperas da última eleição presidencial lançou uma capa com uma mulher negra, representando uma empregada doméstica e lamentando o fato de “gente como ela” decidir o resultado do pleito.

E tem gente que acha que a publicação do bicheiro Carlinhos Cachoeira defende alguma coisa boa para o país. Essa postura não é nem liberal. Aliás, a direita no Brasil não é liberal, é feudalista. Ela se agarra a questões religiosas, pregando o debate entre “bem e mal”; sustenta valores homofóbicos e racistas a todo tempo. E esse tipo de gente que o capitalismo, da forma como se apresenta no Brasil, está formando.

Ricardo Salles é só mais um. Ganhou destaque por fazer parte do governo tucano em São Paulo, mas simboliza parte de uma geração alimentada intelectualmente pela nossa elite. Temos alguns jovens se mostrando como uma nova geração, a geração brioche!

5 comentários:

RLocatelli Digital disse...

Há muitos Ricardos Salles no Brasil. Eles estão preparando um golpe de estado. E essa mesma classe média que lê a "coisa" apoiará com entusiasmo.

Rita Candeu disse...

Cadu

vc. é ótimo (já falei isso né?)

eu leio seus textos e eles dizem exatamente o que eu teria (ou gostaria) dito - vc. amarra muito bem vários assuntos que aparentemente nem teriam relação, mas é claro que estão todos juntos e misturados - e isso é ótimo... e é justamente o que mais aprecio...

e além de tudo vc. é muito espirituoso - gargalhei alto aqui "Como para a coisa o ridículo não tem fim,..."

bjsssss de sua fã e leitora de carteirinha

Luiz Müller disse...

Assustador. Mas a Classe Média é assim. Conservadora. Nunca foi diferente. Ela não tem projeto de sociedade. Ela tem projeto pessoal, de consumo e status. Mas tem babacas na esquerda, e no Governo Federal, que "elaboram" sobre uma suposta "nova classe média". E tome discurso da Presidenta e de Ministros falando do tal País da Classe Média. Alimentam as aves de rapina que comerão seu figado diariamente, até o golpe definitivo. Boa parte da esquerda tirou A Classe Trabalhadora do discurso.A sociedade começa a pagar o preço desta traição da intelectualidade de equerda, que se recusa a elaborar sobre a Classe Trabalhadora e prefere falar na "nova classe média". Bem nova mesmo.Este sujeito, o Ricardo Salles, é só um, O Marco Feliciano, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara é outro. E tem votos. Terão mais. São os votos da tal "nova classe média" tão presente nos discursos governamentais e de gente que se reivindica de esquerda.

Under_Siege@SAGGIO_2 disse...

seria PATÉTICO se não fosse nojento, um ATRASO de milenios...TRÁGICO!

que junventude de MERDA nossa #MidiaBandida está formando.

Lamentável, lamentável...

:(

ps- e vc nem falou do Jênio R Constantino, ixe!

SimoneSLS disse...

Gente que não tem o que fazer, é que fica fazendo terrorismo (comunistas, escravos, empregadas doméstica, empresários que deixarão o país, etc...) e articulando golpes o tempo todo, contra justamente a classe média, que trabalha para sustentar a classe dominante e a imprensa golpista. Ora, quem tinha dinheiro para pagar uma empregada doméstica, diga-se de passagem, um cargo de extrema confiança, vai continuar tendo dinheiro,e agora um pouco mais, com um governo popular, e a classe média sabe disso. Me incomoda, e muito, a mídia que continua dia e noite jogando sujo contra um governo democrático, seja ele qual for, do povo para o povo.