terça-feira, 7 de maio de 2013

Afif Domingos, reforma política, mídia e oposição

Que o modus operandi da política no Brasil precisa mudar é quase unanimidade, mas pouca gente se move para que isso se torne realidade. Tanto a influência econômica quanto necessidade das alianças partidárias amplas, da forma como estão configuradas as regras do jogo, precisa ter fim. Dilma Rousseff acaba de indicar, o atual vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (PSD), para a Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Ela tem status de ministério.

Afif é quadro político da direita brasileira. Não há motivos para dourar pílula, mas a entrada do PSD no governo garante mais estabilidade no Congresso, especialmente diante do cabo de guerra com o Judiciário. Sem falar no arco de alianças para as eleições de 2014.

Se ao invés das eleições proporcionais que temos, onde se vota em pessoas e o tempo de TV é fundamental em campanhas cada vez mais caras e à mercê das vontades de seus financiadores, tivéssemos o voto no partido, e financiamento público barateando as campanhas, possibilitando o debate programático em vez do pragmático, a política institucional no Brasil teria menos “aberrações”.

Se a mídia no país se dispusesse a debater a política com ênfase em programas e concepções em vez de torcidas e militância para os seus – não me refiro à imparcialidade, isso é um mito –, talvez nossa realidade concreta fosse outra, mesmo dentro das regras atuais. Sim, a mídia tem grande influência nisso, ainda mais em uma sociedade midiatizada como a nossa.


Dora Kramer, do Estadão, afirma que Serra ainda pode ser o candidato do PSDB em 2014 no lugar do Aécio Neves, aquele que consegue discursar por meia hora sem falar a palavra povo e inclusão. Desde que foi lançado como nome tucano à sucessão presidencial, o mineiro-carioca sofre com a desaprovação da imprensa paulista. “Só São Paulo salva” está no paradigma das suas linhas editoriais. Ao lado de “morte ao PT”. Qualquer pesquisa na internet e se encontra mais explicitações do serrismo do Estadão e da Folha.

Outra patética postura da imprensa sobre o jogo político em curso foi de Míriam Leitão – aquela que não acerta uma. Na rádio CBN (Globo), ela acusou Afif de fazer políticas para “prejudicar o cidadão” e seu histórico de direita no país.

Ganha um doce que achar algum comentário semelhante sobre Afif feita por ela quando suas mãos estavam dadas com o tucanato.

O debate sério sobre a política brasileira não passa pela “grande imprensa”. Aliás, nada sério e com profundidade passa. É bem verdade que os agentes diretos da política inúmeras vezes também não ajudam a mudar esse quadro. Mas não dá para cobrar perfeição em nenhum setor da sociedade, seja no Brasil ou em qualquer outro lugar. Ainda mais nossa mídia, venhamos e convenhamos.

Sobre o resultado prático dessa “aquisição” para a base governista, dentro das regras do jogo, impostas inclusive pela classe dominante, foi um “chute no peito” da oposição. O que era pequeno vai ficando menor. Com certa força – mídia e Judiciário –, é verdade. Cabendo em um fusquinha.

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