quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Reação vira-lata ao discurso de Dilma na ONU



O discurso da presidenta Dilma Rousseff na abertura da 68ª Assembleia-Geral das Nações Unidas ainda repercute, especialmente nas redes sociais. E o que se vê, em boa quantidade, infelizmente, é o complexo de vira-lata arraigado em muita gente, aliado a quem tenta, de uma forma ou de outra, desmerecer a postura de nossa presidenta.

É pertinente levantar que espionagem acontece em todos os países; também o é questionar a espionagem interna, feita por indivíduos – esses dotados de algum poder, empresas e até pelo próprio Estado Brasileiro. Mas esses são problemas de ordem doméstica e, sim, devem ser tratados e resolvidos. Mas daí a negar o papel cumprido por Dilma essa semana é uma pouco demais.

Nunca chefes de estado brasileiros se manifestaram contra o caudilhismo estadunidense. FHC era capacho, Sarney fingia que não era com ele e os militares, bem, os militares se tornaram chefes de estado graças ao apoio logístico e financeiro dos EUA para executar o golpe de 1964. Para ficarmos apenas desse período até hoje.

Desde os governos de Lula que o Brasil não mais pede a benção dos senhores da guerra – grande papel dos presidentes dos Estados Unidos – e a postura de Dilma reafirmou a nova postura internacional do país. Imaginem se a notícia fosse ao contrário: Descoberta espionagem brasileira em ligações telefônicas e e-mails de Barack Obama. Com o perdão do termo chulo, mas isso seria um “jabuzão” daqueles bem descompensados, ou não?

Alguns que tentam desqualificar o discurso de Dilma na ONU, o fazem para tentar mostrar um ar de “independência” ou mesmo de sobriedade. Como se independência opinativa não fosse meramente questão de convencimento individual. Acreditar no que se defende, isso é o que vale e pronto. O resto é linguiça.

Agora dilema vive a nossa autoproclama “grande imprensa”, ou parte dela: ou defende os interesses do Brasil contra os desmandos dos EUA ou, mais uma vez, se assumem subalternos do império.

O Estadão chegou a defender o discurso de defesa de nossa soberania, mas criticou a proposta de garantias à neutralidade de rede por que, segundo o período da família Mesquita, China e Rússia não vão aceitar. Parece que só se pode defender algo se for consenso. China e Rússia não emitiram uma única nota de roda pé sobre o assunto.

Já Veja assumiu de vez o que realmente é: uma revista vira-lata escrita para vira-latas. Em seu site, Veja acusou Dilma de fazer discurso eleitoral. Numa tentativa de diminuir a importância de sua fala perante representação da maioria de países do planeta. Ao contrário de veículos do mundo inteiro que trataram o assunto como foi: Dilma reage à espionagem dos Estados Unidos, considerando-a uma afronta.

Para os adoradores da terra do Tio Sam, vale lembrar que suas guerras são motivadas pelo acesso a petróleo. O Brasil tem sua camada pré-sal que, estipula-se, em 2017 chegará à produção de um milhão de barris por dia.

É também evidente que o discurso de nossa presidenta por si só não reverterá a correlação de forças na geopolítica internacional, mas ele faz parte dos esforços de nações  que não mais aceitam o jugo dos EUA – cada um a seu jeito – e entre eles está o Brasil.

Ser contra a fala de Dilma na ONU é sim, por qualquer ângulo que se veja, ser contra o nosso país. Sua fala defende nossa soberania, mas não esconde e nunca se pretendeu, esconder problemas domésticos. Isso é besteira de que quer desqualificar a presidenta.

Um comentário:

Edson Júnior (Aracaju/Se) disse...

Cadu, não faz muito tempo e esses vira-latas estavam espumando bilis com "escutas clandestinas" no STF nunca provadas e que custou o cargo do então delegado da PF, Paulo Lacerda, lembra? O Paulo Henrique Amorim sempre cobrava a fita em seu blog. Cadê a fita com o áudio? Lembra, Cadu, da reação indignada da mídia vira-lata? Lembra do então presidente do STF, Gilmar Mendes, com aquela cara de bêbado falando abobrinha na mídia? Esses caras do PIG são uma verdadeira piada. Não merecem um olhar atento de ninguém. O que fazem, é uma vulgar psicoterapia grupal. Parabéns pelo post, grande Cadu!