quarta-feira, 2 de abril de 2008

A hora de votar em projetos

A hora de votar em projetos



Edberto Ticianeli*



Os fatos policiais recentes, envolvendo várias autoridades públicas em Alagoas, têm levado muita gente a repensar o ato de votar. Alguns eleitores justificavam os seus votos “no amigo Taturana” com o argumento de que “políticos são todos iguais e esse, pelo menos, é meu amigo”, ou ainda ceticamente concluíam: “sempre vai existir isso aí; Alagoas não tem jeito”. Há sinais de que essa postura está mudando. Percebe-se que cada um dos votos registrados nas urnas é decisivo para impedir que amanhã um “taturana” qualquer atire em nossas caras a responsabilidade por eles estarem metendo a mão no dinheiro público. É um momento de reflexões sobre o processo de delegação de poderes e os destinos do nosso estado.


Até há pouco tempo atrás havia, em Alagoas, o poder econômico dos usineiros -- associados aos atrasados currais do sertão --, que estabeleciam um projeto político viabilizador dos seus interesses, normalmente também coincidentes com os interesses do poder central de Brasília. Alterações econômicas sociais e políticas determinaram o enfraquecimento destes segmentos. A política alagoana passou a ter como motor da formação dos seus diversos campos somente os objetivos eleitorais. Há uma fragmentação de pólos de poder que somente se unem para a viabilização dos quocientes eleitorais das chapas de deputados, normalmente já acertadas a partilha da Mesa da Assembléia. As disputas majoritárias podem se associar a esses “chapões”, desde que entrem como “sócios contribuintes”. Esta situação, obviamente, reduz o debate político e faz brotar nulidades detentoras de forte “cari$ma eleitoral”.


Em Alagoas ser honesto na política passou a ser mérito. Punir de acordo com a lei mitifica um desembargador corajoso. Se o prefeito “é bom de obras”, está tudo bem porque é melhor do que o anterior. Não podemos nos satisfazer com essa despolitização. Se temos que respeitar e reconhecer avanços, também temos que cobrar os projetos políticos de cada agrupamento. Quem está propondo caminhos para o desenvolvimento de Alagoas tendo a justiça social como perspectiva? Quem está pensando em enfrentar a violência nas suas raízes sociais e econômicas?


Alagoas pode e deve a ter eleições definidas a partir de propostas políticas. O debate tem que lembrar ao eleitor que um governo pode ser honesto e encher cidades de obras sem, entretanto, respeitar os direitos elementares da cidadania e nem apresentar perspetivas de desenvolvimento econômico e social. O processo “político-policial” em andamento nos cobra que devemos ficar atentos para a possibilidade de que o próximo pleito seja reduzido a um embate simplificado entre honestos e desonestos, ou entre arrojados construtores e pretensos construtores.


No campo da esquerda, o PT mostra amadurecimento e pode cumprir um papel importante nesse processo. Os seus parlamentares cumprem mandatos destacados. É reconhecido como o partido dos deputados Paulão e Judson que, ao lado do deputado Rui Palmeira, formam um bloco de resistência na Assembléia Legislativa Estadual. O vereador Thomaz Beltrão também é identificado por sua atuação referencial na Câmara Municipal de Maceió. Os diretórios municipais do interior se fortalecem ao serem associados ao sucesso do governo LULA. A sua militância no movimento estudantil, sindical e demais setoriais, cresce e se mobiliza principalmente a partir da unidade política que suas tendências têm conseguido estabelecer. Há uma renovação das suas direções sem que as disputas internas deixem seqüelas entre os diversos grupos. Essa maturidade política determinou a definição unânime da candidatura do deputado Judson Cabral com uma antecedência nunca encontrada. É um PT renovado que se propõe a conversar com outros partidos na perspectiva da construção de um projeto político avançado e transformador sem deixar de ser amplo. O PT vai, assim, se habilitando a disputar o poder em nosso estado. É por isso que estou convencido de que o deputado Judson Cabral é o melhor candidato a prefeito de Maceió. Isso será comprovado se estiver garantido o debate político, o que só depende do eleitor.



*foi líder estudantil, Vereador e Secretário de Cultura

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