terça-feira, 10 de maio de 2011

Por um debate mais programático na política brasileira


Muito bafafá com a criação de novos partidos políticos no Brasil. Os que mais me chamaram a atenção foram o Partido Militar Brasileiro – PMB (cliqueaqui) e o Partido Social Democrático – PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab em referência ao partido de JK.

O primeiro até agora com pouca expressão, quase não se fala nele. Com o slogan “Reserva Moral do Brasil” os militares do PMB esperam coletar as assinaturas necessárias para de fato legalizar seu partido.

Como todo e qualquer partido político, o objetivo é a busca do poder político. Só espero que os militares do PMB não queiram a volta do modelo de Costa e Silva e de Figueiredo, a volta da ditadura militar no Brasil.

Já o PSD do Kassab começa com a corda toda, pelo menos em adesão. Na base do “ciscar pra dentro” seu partido tem recebido em suas fileiras pessoas de quase todas as matizes ideológicas, em todos os estados do Brasil. Só aqui em Alagoas são 12 prefeitos, entre eles o da capital, um deputado estadual e um deputado federal. Até agora...


Acho exagero compará-lo com o PMDB, como fazem alguns. O PMDB, mesmo com minhas críticas e ressalvas, tem sua história ligada à luta democrática no Brasil, mesmo hoje sendo uma colcha de retalhos de interesses regionais.

O PSD do Kassab, não. É inclusive um monte de nada. “não é de esquerda, não é de direita e não é de centro” conforme disse o próprio prefeito de São Paulo e fundador do partido.

Muito pelo contrário, não é Kassab?

Mas todo esse bafafá é culpa da cultura política construída ao longo dos anos no Brasil. Temos sim, uma cultura política personalista e nada programática. Ao longo dos anos os debates políticos sempre ficaram em torno de obras e de personalidades. Principalmente quando os embates políticos são municipais.

Esses dois partidos, como exemplo, são fruto dessa construção. Não é à toa que no horário eleitoral gratuito nas campanhas eleitorais, os programas dos candidatos ao parlamento (vereador; deputados; senado) ao invés de falar sobre concepção de sociedade vemos os famosos bordões “se eleitor for farei isso e aquilo”, “construirei aqui e ali” ou “no meu mandato construí X casa não sei aonde...”

Tudo conversa mole. Quem constrói é o poder executivo! O parlamentar não constrói nada. A não ser que tire do próprio bolso e aí com certeza meteu a mão no dinheiro público.

Parlamentar é pra fazer debate, leis e fiscalizar o poder executivo. Poderia também fazê-lo com o judiciário, mas infelizmente a ditadura das togas impera em nosso país.

Somos ainda, do ponto de vista da democracia, muito jovens enquanto nação. Aos poucos estamos amadurecendo e certas bizarrices políticas (não necessariamente esses novos partidos criados) vão sumindo de nosso cotidiano.

A Reforma Política é a mãe das reformas. Ela precisa ser feita rápida, mas não apressadamente. Tem que vir para garantir o debate programático e ideológico na política brasileira e com mais participação popular direta (conselhos, conferências...)

O que não se pode é condenar a criação de partidos políticos. Por mais que se discordem deles. Os partidos são essenciais numa democracia e pluralidade partidária não é ruim. À medida que amadurecemos politicamente vamos aprendendo a lidar com eles (partidos) e eles conosco.

Nenhum comentário: