segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Sobre Belo Monte


Neste de fim de semana, em virtude da repercussão de um vídeo com atores e atrizes globais chamado Gota D’água acerca da construção da usina de Belo Monte, tive um pequeno mas bom debate com duas companheiras a quem muito estimo do Estado do Pará.

Não vou citar os nomes, mas elas, se lerem este post saberão que são elas quem cito.

Pois bem, li sites que elas me mandaram, li outros também e quanto mais leio mais chego a duas conclusões:

Primeiro que o debate está rumando para algo do tipo azul contra encarnado, o que prejudica, e muito, a discussão. Não dá para debater um tema desta importância taxando quem é a favor de querer transformar o que nos resta de riqueza natural em um grande estacionamento, tampouco de quem é contra a construção da Usina de querer que vivamos de forma semelhante à Idade Média, à luz de velas.

E não, as meninas do Pará não fizeram este tipo de debate.

Segundo que sim, acho que a obra é necessária, como tão necessário é que ela não seja feita de qualquer jeito e desrespeitando nossas leis. De ambientais à trabalhistas.

Mas não vou fazer aqui (ou tentar) um debate no juridiquês.


A fonte de energia hidrelétrica é renovável e não, ela não pode ser substituída por energia eólica e solar. Em nenhum lugar do mundo isso acontece. Nos países onde esse tipo de energia são mais usados o índice de uso não chegar a 50%.

O Brasil é não sei quantas vezes maior que qualquer um deles.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética destaca que o projeto original da Usina foi modificado para reduzir o seu impacto socio-ambiental (veja aqui). Em relação ao projeto original, o novo projeto prevê uma redução de 2/3 na área que seria alagada originalmente através da construção de canais que reduzirão em 7.5% a capacidade de gerar energia, mas reduzirá também a área alagada, reduzindo o impacto ambiental da obra.

Haverá apenas uma redução na vazão do rio nessas regiões, mas que continuará sendo suficiente para atender às comunidades da região. Diga-se de passagem, a população total indígena diretamente afetada pela usina é de 226 pessoas (veja aqui).

Mesmo que fossem de duas pessoas mereceriam respeito, mas falando populacionalmente num país das dimensões do Brasil é preciso dar o peso correto e não deixar transparecer que serão milhares de pessoas que terão que mudar de lugar. E a estas pessoas é obrigatório que se garanta um novo local onde se possa viver com dignidade.

A área total alagada para a construção da usina será de 516Km² do total de 26.420Km² (menos de 2%) do Parque Nacional do Xingu. Se levarmos em conta a área total da Floresta Amazônica isso dá 0.009%. Para fins de comparação, 2010 foi o ano com o menor índice de desmatamento na Amazônia com 7400 Km². Isso corresponde a 14 vezes a área a ser alagada para a construção da Usina de Belo Monte que trará emprego e desenvolvimento para a região e para o país como um todo.

O debate segue e a obra também. É preciso “juízo” em ambas as posições para que se possam construir consensos e além de garantir a sustentabilidade também se garanta o desenvolvimento, como se necessariamente tivesse que haver dicotomia entre os dois.

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