sexta-feira, 15 de março de 2013

Jornalismo do disse que disseram e do "mas"



Em sua coluna na Folha de São Paulo, Mônica Bergamo afirma já no título que os ministros “torceram contra dom Odilo Scherer” na eleição do novo papa. Em nenhuma linha há uma declaração de ministro algum nem mesmo menção a nomes. Para ilustrar sua afirmação ela cita Delúbio Soares. Desde quando ele é ministro? E mesmo assim ela se refere a uma replicagem no Twitter. Esse é o jornalismo do disse que disseram.

Aliás, cabe a ressalva, como bem alertou o jornalista Paulo Nogueira do “Diário do Centro do Mundo” sobre as controvérsias sobre a relação do papa Bergoglio ou papa Francisco com a ditadura na Argentina. Em diálogo no Twitter, Nogueira compartilhou uma entrevista com Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da paz e que combateu a ditadura naquele país. Pelo sim pelo não, como pontuou Nogueira, valem as ressalvas. Com o volume de coisas publicadas sobre o novo papa, logo mais informações aparecerão.

Outra peripécia do grupo Folha foi a manipulação ao divulgar pesquisa do Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento (PNUD). No site do Programa foi publicado que “Brasil tem alto desempenho no desenvolvimento humano e é modelo para o mundo, diz ONU” e completa com o subtítulo “País registra crescimento de 24% no IDH desde 1990 e cresce mais rápido que vizinhos latino-americanos. IDH do Brasil melhora em 2012; país mantém 85ª no ranking em 2011”.

Já no site do UOL, do grupo Folha de São Paulo o título da matéria sobre essa pesquisa do PNUD é “IDH do Brasil avança, mas fica abaixo da média da América Latina”. Não há subtítulos. Quem lê pensa se tratar de duas coisas distintas, mas não. Ambos os sites tratam do mesmo objeto. Pode-se até discordar da pesquisa em si, tudo bem. Mas quanto a manipulação da informação, ela é inegável.

Sem falar na sensação de que as coisas andam para trás. Típica da nossa autoproclamada “grande imprensa” quando se refere a dados sociais a partir de 2003. Quando não tem jeito de noticiar uma coisa boa sempre arranjam um “mas”. O PNUD colocou o Brasil no grupo de “alto desempenho” em desenvolvimento humano.

Na tabela do ranking há países latino-americanos melhores colocados que nós. Esses resolveram ou deram passos na resolução de problemas de desenvolvimento humano antes de nós. O Chile encontra-se em posição mais destacada no geral, mas nossa série recente – de 1990 pra cá, segundo a ONU, é melhor.

A maioria das pessoas leem apenas o título, o subtítulo e o lide (primeiro parágrafo onde contém o fato principal da notícia) dos textos noticiosos. Por isso é comum a inversão do lide. No UOL, o fato principal não é a colocação do país no grupo de “alto desempenho” e sim que a média é menor que a América Latina.

Na “grande imprensa”, quando se trata do país vale a lógica de que “notícia boa é notícia ruim”. Se não tem "notícia boa", coloca o “mas”.

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Um comentário:

Anônimo disse...

Deturpar é com eles mesmo, pluralidade não existe na midiazona.



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Helder