terça-feira, 10 de dezembro de 2013

A internet tem que ser livre



A cada dia a internet vem tomando espaço na vida das pessoas que buscam informação ou entretenimento. Ela já é, de acordo com a ZenithOptimedia, empresa do grupo francês Publicis que mede investimentos de publicidade na mídia, a segunda plataforma midiática em consumidores (mais aqui).

Como o embate político-ideológico, em sociedades de massas como a brasileira, se dá através da mídia, a internet vai se tornando o ringue principal. A televisão ainda é o principal tipo de mídia consumido em todo o planeta, conforme a empresa francesa, mas ela não tem algo que a internet tem: interatividade. É isso que a torna tão atraente.

Nos debates políticos isso fica mais evidente. Por mais que não seja raro encontrar argumentos e discussões com baixíssimo grau de qualidade, mas todos os dias as pessoas expõem suas opiniões e contra-argumentam as alheias. Mesmo que sejam de figurões da mídia ou de empresas poderosas de comunicação.

É na internet que se vaza informações sobre gastos com publicidade estatal, posicionamentos antigos e recentes de figuras públicas, como ministros de Supremo Tribunal Federal, deputados, senadores e presidentes da república. Se bem usada, a rede mundial de computadores é a melhor fonte de informação que temos hoje.

É possível saber quem doou – e quanto doou – recursos para as campanhas de candidatos A ou B. Principalmente diante de uma mídia tão monopolizada como a do Brasil.

Também é verdade que muita boataria circula na web. Ainda mais diante do hábito que boa parte das pessoas tem de não checar aquilo que estão compartilhando, mesmo que a origem da suposta informação seja uma grande empresa de comunicação. A “grande imprensa” não tem compromisso com a informação e a verdade factual, por isso elas, assim como qualquer outra fonte, necessitam de checagem.

Por estar se tornando o principal ambiente de embate político, a internet ganhou a atenção das personalidades políticas e econômicas no Brasil. Não à toa que o debate sobre o Marco Civil não avança. Pelo menos não como deveria.

Nas discussões sobre o remendo de reforma política está, proposto pelo PSDB, a possibilidade de censurar toda e qualquer publicação, mesmo que sejam comentários nas redes sociais, que possam “atacar a honra” de algum candidato (clique aqui). Mesmo que o fato publicado seja verídico. Sobre ataques à honra, isso já está previsto no Código Penal Brasileiro.

Ora, se não se gosta de determinado candidato, provavelmente irá se publicar os motivos que, para a maioria das pessoas, são gestos, ações e posicionamentos diversos que fazem com que se goste ou não de alguma candidatura. E expor isso será crime? Ou será retirado da internet?

O PSDB também não quer, junto com o PMDB, que gastos e doadores de campanha sejam publicados na rede mundial de computadores. Por que será? Isso foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado no último dia 06 de novembro, por dez votos a nove (clique aqui).

E tem gente com a “absoluta convicção” de que uma reforma política que ponha fim ao financiamento privado de campanhas eleitorais não é necessária.

Se os setores conservadores vencerem a batalha sobre o Marco Civil da internet, cai a neutralidade de rede. Assim site A terá mais velocidade do que site B. Só poderá usar aplicativos, como o Whatsapp, sensação do momento, quem pagar a mais por isso.

Em consequência disso, o debate político que acontece na internet, mesmo que por diversas vezes de forma rasteira, terá um lado só da moeda. O lado de quem pode pagar mais. Das grandes empresas de comunicação, das corporações, bancos e todos que não desejam, nem por milímetro sequer, perder o status quo vigente.

Em resumo: a internet vai ficar igual às outras mídias como a televisão e os jornais.

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