A
cada dia a internet vem tomando espaço na vida das pessoas que buscam
informação ou entretenimento. Ela já é, de acordo com a ZenithOptimedia, empresa do grupo francês Publicis que mede investimentos de publicidade na mídia, a segunda
plataforma midiática em consumidores (mais aqui).
Como
o embate político-ideológico, em sociedades de massas como a brasileira, se dá
através da mídia, a internet vai se tornando o ringue principal. A televisão
ainda é o principal tipo de mídia consumido em todo o planeta, conforme a
empresa francesa, mas ela não tem algo que a internet tem: interatividade. É isso
que a torna tão atraente.
Nos
debates políticos isso fica mais evidente. Por mais que não seja raro encontrar
argumentos e discussões com baixíssimo grau de qualidade, mas todos os dias as
pessoas expõem suas opiniões e contra-argumentam as alheias. Mesmo que sejam de
figurões da mídia ou de empresas poderosas de comunicação.
É
na internet que se vaza informações sobre gastos com publicidade estatal,
posicionamentos antigos e recentes de figuras públicas, como ministros de
Supremo Tribunal Federal, deputados, senadores e presidentes da república. Se bem
usada, a rede mundial de computadores é a melhor fonte de informação que temos
hoje.
É
possível saber quem doou – e quanto doou – recursos para as campanhas de
candidatos A ou B. Principalmente diante de uma mídia tão monopolizada como a
do Brasil.
Também
é verdade que muita boataria circula na web. Ainda mais diante do hábito que
boa parte das pessoas tem de não checar aquilo que estão compartilhando, mesmo
que a origem da suposta informação seja uma grande empresa de comunicação. A “grande
imprensa” não tem compromisso com a informação e a verdade factual, por isso
elas, assim como qualquer outra fonte, necessitam de checagem.
Por
estar se tornando o principal ambiente de embate político, a internet ganhou a
atenção das personalidades políticas e econômicas no Brasil. Não à toa que o
debate sobre o Marco Civil não avança. Pelo menos não como deveria.
Nas
discussões sobre o remendo de reforma política está, proposto pelo PSDB, a
possibilidade de censurar toda e qualquer publicação, mesmo que sejam
comentários nas redes sociais, que possam “atacar a honra” de algum candidato (clique aqui). Mesmo que o fato publicado seja verídico. Sobre ataques à honra,
isso já está previsto no Código Penal Brasileiro.
Ora,
se não se gosta de determinado candidato, provavelmente irá se publicar os
motivos que, para a maioria das pessoas, são gestos, ações e posicionamentos
diversos que fazem com que se goste ou não de alguma candidatura. E expor isso
será crime? Ou será retirado da internet?
O
PSDB também não quer, junto com o PMDB, que gastos e doadores de campanha sejam publicados na rede
mundial de computadores. Por que será? Isso foi aprovado na Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) do Senado no último dia 06 de novembro, por dez
votos a nove (clique aqui).
E
tem gente com a “absoluta convicção” de que uma reforma política que ponha fim ao
financiamento privado de campanhas eleitorais não é necessária.
Se
os setores conservadores vencerem a batalha sobre o Marco Civil da internet,
cai a neutralidade de rede. Assim site A terá mais velocidade do que site B. Só
poderá usar aplicativos, como o Whatsapp, sensação do momento, quem pagar a
mais por isso.
Em
consequência disso, o debate político que acontece na internet, mesmo que por
diversas vezes de forma rasteira, terá um lado só da moeda. O lado de quem pode
pagar mais. Das grandes empresas de comunicação, das corporações, bancos e
todos que não desejam, nem por milímetro sequer, perder o status quo vigente.
Em resumo: a internet vai
ficar igual às outras mídias como a televisão e os jornais.
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