Maceió
completa 198 anos. A capital de Alagoas é conhecida internacionalmente por suas
belas praias e lagoas. Tem um relevo acidentado, repleto de grotas e é aí onde
estão boas partes dos problemas da cidade.
Ao
contrário do Rio de Janeiro, em Maceió, as favelas não estão acima do asfalto,
mas abaixo. São dezenas delas espalhadas por quase todas as regiões da cidade. Literalmente,
os pobres vivem no buraco.
Maceió
é a capital brasileira com a maior concentração de renda. Capital de um estado
que tem sua economia centralizada na produção de cana-de-açúcar e 1% dos mais
ricos (30 mil pessoas) possuem 28,4% da riqueza e os 50% mais pobres (1,5
milhões de pessoas), apenas 14%.
Detém
quase 1/3 da população alagoana. Gerando bolsões de miséria, falta de emprego
e, consequentemente, aumento da violência.
Mas a influencia dos
senhores de engenho na dinâmica local também cerceia os maceioenses de ter
acesso à cidade. Mais da metade de seu território está recheado de cana. Maceió
é uma cidade espremida, o que aumenta exponencialmente o valor do metro
quadrado da cidade. Morar bem por essas bandas é caro, muito caro.
A
área do município (511 km²) é maior do que capitais como Curitiba (434 km2) e
Porto Alegre (496 km2), mas quem vive aqui tem a sensação de morar em um ovo. Infelizmente
a esmagadora maioria das pessoas não sabem o por que.
Não
é a toa que perto de 100 mil famílias são beneficiadas pelo Programa Bolsa
Família do governo federal. O montante injetado na economia da cidade por causa
do programa passa dos 10 milhões por mês. Fora os outros programas de transferência
de renda, aposentadorias e seguro desemprego. Junte isso às obras conveniadas
com o governo central do país e você tem o que é a economia da cidade. O restante
é comércio.
A
questão da violência fez Maceió ficar mais conhecida internacionalmente. Agora,
não somente as praias a referencia lá fora.
O
Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Criminal do México levantou
dados de homicídios ocorridos em municípios com mais de 300 mil habitantes para
identificar as 50 cidades mais violentas do planeta.
Maceió
ficou em sexto lugar – e primeira do país –, com um índice de 85,88 homicídios
por cada 100 mil habitantes. Não há exageros em afirmar que era mais seguro ser
um soldado na guerra do Iraque do que viver em Maceió.
Todas
essas dificuldades se somam às condições do transporte público, postos de
saúde. Leva-se horas para percorrer poucos quilômetros, pessoas dormem nas
portas dos postos de saúde, muitas delas depois de, inclusive, terem realizado
uma peregrinação por outros postos atrás de remédios e médicos.
Mesmo
assim o povo maceioense segue sua labuta diária. Sempre disposto a superar
desafios e, como é sua característica, com muito bom humor.
O que se espera é que as
contradições da mais bela cidade do Brasil, eleita em enquete no portal IG,
supere seus problemas, se desenvolva de forma humanizada e justa para que além
de bela, Maceió seja uma cidade verdadeiramente boa para todos.
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