Cartaz da ditadura para caçar opositores. Detalhe: naquela época não se usava máscaras nas manifestações |
Após
a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes por ter sido atingido por
um rojão enquanto cobria uma manifestação no Rio de Janeiro,
voltou com mais força o debate da criminalização de atos de rua,
principalmente se o uso de máscaras estiver em voga. Para o caso de
“atos de violência”, a princípio depredação de propriedades
privas e públicas. Também se discute a tipificação de ato de
terrorismo.
Ato
de violência estão entre aspas propositalmente. Será que em um
futuro próximo o fechamento de ruas, avenidas e trechos nas estradas
não será considerada o mesmo tipo de violência? Esses recursos são
bastantes usados pelos movimentos sociais ditos tradicionais:
estudantil, sindical e agrário. E sempre que acontecem atos de rua
desses movimentos, se ouve a torto e à direita que “estão
violentando meu direito de ir e vir”.
Nesse
espaço já publicamos várias vezes nossa discordância com os tais
Black Blocs. Sua postura é um desserviço à esquerda e à luta por
mais direitos. Além de o fato de que usarem máscaras facilita muito a
vida de quem quer usá-los como massa de manobra se infiltrando entre
eles. Quebrar uma agência do Bradesco ou do Itaú não abala nem um
milímetro o capitalismo nem os bolsos de seus executivos. Elas são
reconstruídas com seguros ou, quiçá, com ajuda do Estado.
Mas
nem de longe dá para levar a sério a criminalização e a
tipificação em crimes de terrorismo para os Black Blocs. Essa
revolta por diversos setores, inclusive da esquerda, será uma
armadilha a si mesmos.
Hoje
serão os mascarados; amanhã os sindicalistas, estudantes e
trabalhadores rurais sem-terra.
Além
de considerar a tática um desserviço, o uso de máscaras – para
além das facilidades de que pessoas se infiltrem nos atos – é de
uma covardia sem tamanho. De que vale ter ideias para defender se não
se mostra o rosto, a identidade. Ou isso se tornou ilegal no Brasil?
O
debate é complexo e rende – como tem acontecido – várias
formulações. Mas cabe para as reflexões que no período da
ditadura civil-militar os movimentos de luta pela democracia também
foram criminalizados e tipificados como terroristas. Muitos dos
movimentos assaltavam bancos e sequestraram autoridades para troca
com presos políticos.
Porém,
nada disso se aplica hoje em dia. O Estado brasileiro daquela época
cerceava as liberdades, prendia, torturava e matava pessoas com
pensamentos discordantes. Era ele, o Estado, o criminoso! E a mídia
apoiava. Como apoiou, no início, os Black Blocs. Mudou de lado agora
por causa da morte do repórter cinematográfico da Bandeirantes.
É
preciso ter cautela com essa pauta de criminalização e de
carimbá-los de terroristas. Repetindo: hoje são os Black Blocs,
amanhã as centrais sindicais, as entidades estudantis e os
movimentos de luta pelo acesso à terra.
Clique aqui e leia o Projeto de Lei em discussão no Congresso
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Cadu
ResponderExcluirO que precisa é cair a ficha. A semelhança entre os movimentos de rua da tal "primavera árabe", da qual emergiram ditaduras, do movimento que vem ocorrendo na Ucrânia e o que fizeram em junho no Brasil e continuam promovendo pelo país afora, é terrorismo sim. Terrorismo internacional, bancado com recursos da CIA, que se utiliza das redes sociais hoje, como se utilizou da grande mídia no príodo entre 1961 e 1964, para preparar o golpe que nos jogou em uma ditadura militar no Brasil. As tecnologias evoluiram, mas os métodos são os mesmos. Desgasta-se a imagem do governo progressista, taxando-o de corrupto, de incompetente...Se tranformam pequenos movimentos localizados e pontuais em movimentos de projeção nacional, se geram escaramuças aqui e alí, ampliando-as através dos meios de comunicação, e pronto. Tem-se um movimento nacional contra tudpo e contra todos que sejam do governo. Aí, na medida em que a desconfiaça da sociedade aumente, lançam mão de "salvadores da pátria" que podem ser militares ou juizes da Corte Máxima, como ocorreu recentemente nos golpes de Honduras e no golpe do Paraguai.