O
grupo Folha é um dos mais influentes grupo de mídia do Brasil. E como todos os
grupos da mídia grande, apoiou a ditadura civil-militar no Brasil. Chegou até a
chamar esse período de “ditabranda”.
Na
época, para fazer valer os interesses de todos que estavam se dando bem com o
regime dos presidentes generais, a Folha chegou a emprestar seus carros para
transitar livremente entre os que resistiam ao arbítrio.
E
como o golpismo é algo difícil de desvencilhar, todos os que estavam por trás
do fatídico 1° de abril de 1964, continuam a ensaiar sua repetição.
O
grupo Folha é dono do instituto de pesquisa chamado Datafolha e é um dos três
tidos como mais importantes do país, pela mídia. Você o conhece por causa das
pesquisas eleitorais, mas nem só sobre intenção de voto o Datafolha realiza
entrevistas.
A última pesquisa, cujo resultado deverá ser
divulgado no próximo final de semana, contém inúmeras questões que em nada tem
a ver com a eleição. Na verdade, ali se tem diversas perguntas que, dependendo
da postura do entrevistador, induzirá o entrevistado em defender o
autoritarismo.
O
Datafolha pergunta se “em certas circunstâncias, é melhor uma ditadura do que
um regime democrático” ou mesmo se o governo deve intervir em sindicatos ou
mesmo “fechar o Congresso Nacional”.
Em
uma das perguntas, o questionário deve promover confusão mental no
entrevistado. “São acusados de tortura, assassinato e sequestro tanto membros
do governo, que defendiam o regime militar, quanto militantes de esquerda, que
combatiam o regime militar. Na sua opinião, quem deveria ser julgado por crimes
cometidos durante a ditadura: somente ex-membros do governo, somente
ex-militantes de esquerda ou ambos?”
Os
militantes de esquerda ou democratas (não confundir com o partido DEM) foram
presos, torturados e boa parte, mortos. Perante o Estado brasileiro – mesmo que
seja o Estado ditatorial de 1964 – eles pagaram suas dívidas, inclusive com a
própria vida.
Se
na pergunta se coloca que quem combatia a ditadura – que a Folha apoiou – fez a
mesma coisa que o Estado, como não afirmar que pessoas de ambos os lados não
devam ser punidos?
Não
há menção alguma no questionário de que o grande criminosos pós 1964 e até 1985
era o Estado brasileiro, a imprensa grande e os grandes capitalistas que
lucraram muito com o regime golpista.
Sem
contar que nas escolas nada se diz sobre o regime civil-militar. Na mídia
então, nem pensar. Na verdade, o que se vende é que “naquele tempo não tinha
corrupção”. Se não houvesse, a Globo não seria a Globo. Não teríamos os Sarney’s
nem os ACM’s da vida.
E
após os últimos acontecimentos, onde pessoas estão sendo mortas em manifestações
de rua, julgamentos viram espetáculos midiáticos, âncoras de telejornais
defendem a barbárie, não seria estranho que o pensamento mediano seja o de mais
força do Estado, ditadura. E como uma pesquisa, e do Datafolha, pronto. Está “cientificado”
pelos números a vontade popular.
Enfim,
o questionário é quase uma ode à ditadura de 1964. Típico de quem afirmou que
esse período foi uma “ditabranda”.
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