terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Grupo Folha e a saudade da "ditabranda"

O grupo Folha é um dos mais influentes grupo de mídia do Brasil. E como todos os grupos da mídia grande, apoiou a ditadura civil-militar no Brasil. Chegou até a chamar esse período de “ditabranda”.

Na época, para fazer valer os interesses de todos que estavam se dando bem com o regime dos presidentes generais, a Folha chegou a emprestar seus carros para transitar livremente entre os que resistiam ao arbítrio.

E como o golpismo é algo difícil de desvencilhar, todos os que estavam por trás do fatídico 1° de abril de 1964, continuam a ensaiar sua repetição.

O grupo Folha é dono do instituto de pesquisa chamado Datafolha e é um dos três tidos como mais importantes do país, pela mídia. Você o conhece por causa das pesquisas eleitorais, mas nem só sobre intenção de voto o Datafolha realiza entrevistas.

A última pesquisa, cujo resultado deverá ser divulgado no próximo final de semana, contém inúmeras questões que em nada tem a ver com a eleição. Na verdade, ali se tem diversas perguntas que, dependendo da postura do entrevistador, induzirá o entrevistado em defender o autoritarismo.

O Datafolha pergunta se “em certas circunstâncias, é melhor uma ditadura do que um regime democrático” ou mesmo se o governo deve intervir em sindicatos ou mesmo “fechar o Congresso Nacional”.

Em uma das perguntas, o questionário deve promover confusão mental no entrevistado. “São acusados de tortura, assassinato e sequestro tanto membros do governo, que defendiam o regime militar, quanto militantes de esquerda, que combatiam o regime militar. Na sua opinião, quem deveria ser julgado por crimes cometidos durante a ditadura: somente ex-membros do governo, somente ex-militantes de esquerda ou ambos?”
Os militantes de esquerda ou democratas (não confundir com o partido DEM) foram presos, torturados e boa parte, mortos. Perante o Estado brasileiro – mesmo que seja o Estado ditatorial de 1964 – eles pagaram suas dívidas, inclusive com a própria vida.

Se na pergunta se coloca que quem combatia a ditadura – que a Folha apoiou – fez a mesma coisa que o Estado, como não afirmar que pessoas de ambos os lados não devam ser punidos?


Não há menção alguma no questionário de que o grande criminosos pós 1964 e até 1985 era o Estado brasileiro, a imprensa grande e os grandes capitalistas que lucraram muito com o regime golpista.

Sem contar que nas escolas nada se diz sobre o regime civil-militar. Na mídia então, nem pensar. Na verdade, o que se vende é que “naquele tempo não tinha corrupção”. Se não houvesse, a Globo não seria a Globo. Não teríamos os Sarney’s nem os ACM’s da vida.

E após os últimos acontecimentos, onde pessoas estão sendo mortas em manifestações de rua, julgamentos viram espetáculos midiáticos, âncoras de telejornais defendem a barbárie, não seria estranho que o pensamento mediano seja o de mais força do Estado, ditadura. E como uma pesquisa, e do Datafolha, pronto. Está “cientificado” pelos números a vontade popular.

Enfim, o questionário é quase uma ode à ditadura de 1964. Típico de quem afirmou que esse período foi uma “ditabranda”.

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