Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores (Foto: Divulgação) |
A mídia grande gerou falsa simetria entre a não divulgação da lista de convidados no jantar a chefes de Estado promovido pelo Itamaraty devido à posse de Lula (PT) na Presidência da República e os sigilos de cem anos impostos por Jair Bolsonaro (PL) em seu governo. O gatilho disso foi uma reportagem do UOL na qual questionou o Ministério das Relações Exteriores sobre os dados da recepção feita após a cerimônia de posse de 1º de janeiro.
O Ministério das Relações Exteriores ressaltou que a relação dos convidados estrangeiros era de responsabilidade dos países de origem deles e que o custo do jantar está disponível no Portal da Transparência do Governo Federal. E está!
O valor da posse, que é até a parte dos cumprimentos de chefes de Estado no Palácio do Planalto – ou seja, o que se viu na televisão – custou ao Poder Executivo R$ 625 mil. Neste valor não está incluso o “Festival do Futuro”, evento que reuniu artistas apoiadores de Lula ocorrido logo após a posse.
De acordo com o site da CNN, em 24 de janeiro:
“Entre os itens em planilha fornecida pela Secretaria-Geral da Presidência estão o aluguel de monitores de televisão (15 unidades por R$ 1.575), estruturas como alambrados, geradores, pisos, tendas e painéis de LED (total de R$ 256.287,90), cadeiras (R$ 33.210) e arranjos decorativos (R$ 6.119,55), por exemplo. Os serviços de sonorização estão entre os mais onerosos com o custo total de R$ 194.100.
Além dos serviços da Presidência, houve pedidos solicitados pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), com alguns itens semelhantes. Eles custaram R$ 54.160,50. Todos os custos computados somaram R$ 627.930,95, informou o Executivo.
A Presidência informou que utilizou um contrato de prestação de serviços para eventos já existente no âmbito do Palácio do Planalto, assim como na posse de Bolsonaro em 2019.
Segundo dados com custos da posse de Bolsonaro, é possível verificar que parte dos equipamentos foi contratado por mais diárias e em maior quantidade. Os objetos para a cerimônia deste ano foram alugados para até três dias. Há quatro anos, itens chegaram a ser utilizados por até 20 dias”.
Também é bom destacar que a posse como vimos na televisão não teve seus custos da mesma fonte pagadora do jantar, que é exclusivo do Ministério das Relações Exteriores.
Mas, afinal, quanto custou o jantar de recepção a chefes de Estado no Itamaraty?
Segundo o portal da Transparência, R$ 2.626.868,23. Parece muito se não levarmos em consideração a quantidade de pessoas presentes e, evidente, o tipo de serviço oferecido num jantar desse nível. (CLIQUE AQUI PARA ACESSAR O PAGAMENTO)
Estiveram presentes ao jantar de chefes de Estado no Itamaraty 3.500 pessoas, o que dá R$ 750,53 por pessoa. (CLIQUE AQUI PARA VER OUTROS SERVIÇOS PRESTADOS PELA EMPRESA)
A empresa responsável pelo jantar é a GTQ Planejamento, Promoções Artísticas e Culturais Eireli, de nome fantasia Open House & Crystal Palace, sediada no Rio de Janeiro, e que já vem tendo relações contratuais com o Ministério das Relações Exteriores há algum tempo.
Entenda que cada convidado poderia levar mais oito pessoas. Aí entram cônjuges, tradutores, assessores e até outras personas dos governos e não só os chefes de Estado.
Outra coisa a ser levado em conta são os tipos de comida e bebida servidos num jantar desses. Ou, como indagou uma chef de cozinha, “você acha que serviriam maioneses de macarrão e bife ao molho madeira com batata frita num jantar desses? Além disso, tem as louças, arranjos de mesa, cadeiras, mesas, equipamentos de som, garçons, taças, talheres…".
Vale ressaltar que tudo isso é alugado para o evento, até porque não há sentido em o poder público possuir ter isso com um bem fixo.
Além disso, os pratos servidos foram de chefs de cozinha de lugares diversos do país e cada um teve de se deslocar, com uma ou duas pessoas de sua equipe, pelo menos, a Brasília. Esses custos também entram na conta final do evento.
Há toda uma misancene nesses jantares e até faz parte da simbologia do poder, gostemos ou não dela, seja no Brasil, seja na China, nos Estados Unidos, na Alemanha, no México ou no Canadá. Tanto faz.
Qualquer ida a um restaurante “fino” não sai por menos de R$ 800 a R$ 1.000 a noite. Logo, o jantar oferecido aos chefes de Estados e seus convidados não saiu caro nesse comparativo. Na verdade, foi é barato, isso sim.
Uma coisa é entender que esse tipo de luxo só reforça a desigualdade social. E nisso eu concordo. Outra coisa é achar que por Lula ser de esquerda, ele teria de servir canudinhos de carne moída com queijo ralado, brigadeiros de lata e tubaína. Daí, já é preconceito de classe.
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