Arthur Lira e Renan Calheiros (Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil) |
No último domingo, 28 de maio, o senador Renan Calheiros (MDB) rasgou o verbo para cima do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), durante solenidade de entrega de uma creche do programa CRIA, voltado à primeira infância, do Governo do Estado, na cidade Rio Largo, região metropolitana de Maceió. Os duros ataques do emedebista vieram após o prefeito da cidade, Gilberto Gonçalves, aliado de primeira hora do pepista lançar alfinetadas contra o senador.
Renan acusou Arthur Lira de “lavar dinheiro do orçamento secreto em prefeituras” alagoanas e de desviar recursos públicos do Hospital Veredas, particular, mas que tem na chefia do setor financeiro Pauline Pereira, prima de Arthur Lira.
“Não vou concordar com que o Arthur Lira faz com o Estado de Alagoas. Recentemente ele privatizou a prefeitura de Maceió indicando seis ou sete secretarias, entre eles o da Saúde e da Educação. Ele vai fazer com Maceió, o que fez com o Hospital Veredas. Botou a ex-prefeita de Campo Alegre para ser a diretora financeira, para drenar por esta diretoria os recursos públicos do Hospital e hoje o Hospital Vereadas está paralisado com 5 meses de salário atrasado. A prefeitura de Maceió vai se submeter a isso. Está sendo privatizada”, afirmou o senador Renan Calheiros.
A postura, que tirou o foco da entrega do equipamento pelo Governo do Estado, aponta que os ataques entre Renan Calheiros e Arthur Lira miram as próximas eleições, colocando ambos como polos de atração da política alagoana, seja para 2024, seja – em especial – para 2026.
Já em 2022, a disputa eleitoral teve como concorrentes oficiosos os dois maiores nomes da política alagoana no momento. Os candidatos que disputavam o pleito em Alagoas eram ligados a ambos. Foi assim na disputa ao Governo do Estado e ao Senado, por exemplo. Sem falar nas bancadas eleitas para a Câmara dos Deputados e para a Assembleia Legislativa. Ano passado, Renan Calheiros se deu melhor.
Arthur Lira compôs aliança com o prefeito de Maceió (JHC), com vistas para 2026. Até lá, ele não estará mais no comando da Câmara dos Deputados e precisa acumular força, especialmente se for mesmo candidato a uma das duas vagas ao Senado, como muita gente assopra por aí.
Em política, ser polo de atração de forças lhe coloca no centro da mesa das conversas e decisões. Daí, Renan já se antecipa e escolhe seu adversário.
Mas entendam, isso não quer dizer que seja impossível que Arthur Lira e Renan Calheiros possam, algum dia, voltar a ter relações políticas. Nesse mundo, vale o pragmatismo. Simples assim.
O cenário para 2024 não é nada bom para o emedebista em Maceió. Há décadas que o partido não vence uma eleição para prefeito da capital alagoana, não tem nome competitivo e, neste momento, a bancada do partido na Câmara Municipal de Maceió apoia a reeleição do prefeito do PL.
Mas nem tudo são flores do lado de lá. JHC e Arthur Lira compuseram aliança, mas já é notícia a frustração do prefeito com o presidente da Câmara dos Deputados que, segundo o noticiário, não tem entregado os recursos que prometeu.
O jogo está sendo jogado.
ASSISTA À FALA DE RENAN
MUDOU FOCO
Nessa confusão, pior para o governador Paulo Dantas (MDB) que teve o foco da entrega da creche CRIA em Rio Largo desviado para as acusações de Renan Calheiros a Arthur Lira, em resposta a Gilberto Gonçalves.
BECO DA PECÚNIA
Se você não se lembra quem é Gilberto Gonçalves, ele é o prefeito aliado de Arthur Lira cujo esquema de desvio de recursos públicos ganhou as manchetes nacionais, com o tal “Beco da Pecúnia”.
Segundo investigações da Polícia Federal, Gilberto Gonçalves teria cometido os crimes de desvio de recursos públicos federais, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e Sistema Único de Saúde (SUS).
“De acordo com a investigação, teriam ocorrido possíveis ilegalidades nas contratações e respectivos pagamentos realizados pelo município em favor de duas pessoas jurídicas, para aquisições de materiais de construção, peças e serviços para veículos, que teriam recebido de Rio Largo o valor aproximado de R$ 20.000.000,00. [...]A investigação identificou que, entre 2019 e 2022, foram realizados 245 saques ‘na boca do caixa’ de contas de tais empresas, com o valor individual de R$ 49.000,00, logo após terem recebido recursos de contas do município, visando burlar o sistema de controle do Banco Central/COAF, que prevê a obrigatoriedade das instituições bancárias informarem automaticamente transações com valores iguais ou superiores a R$ 50.000,00”, destaca reportagem do portal Cada Minuto.
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