Lula na ONU e EUA vetando proposta do Brasil sobre guerra na Palestina (Reprodução) |
Não é de hoje que o presidente Lula (PT) tem defendido a reformulação no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), criado após a Segunda Guerra Mundial e cujo poder interno real pertence somente a cinco países: Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França. Os demais são rotativos e a presidência o órgão, quando não ocupado por dos cinco, é apenas simbólica.
A votação da resolução (MAIS AQUI) apresentada pelo Brasil sobre a guerra na Palestina, nesta quarta-feira (18), é um excelente exemplo da razão de Lula sobre a necessidade de o Conselho de Segurança da ONU ser reformulado. Dos 15 países que compõe o colegiado, a proposta brasileira obteve 12 votos favoráveis, duas abstenções e um voto contrário dos Estados Unidos. Logo, o documento foi rejeitado.
Se um dos cinco países permanentes for contra qualquer proposta ali discutida, “tchau e benção”. Esse formato é anacrônico com os dias atuais. Se no período pós-Segunda Guerra, nos anos de Guerra Fria, fazia algum sentido ter um órgão, que se propõe a ter magnitude, mais enxuto e tirar resoluções de forma consensual, hoje isso não faz mais sentido algum, exceto manutenção de poder – mesmo que simbólico – global.
Cito o exemplo dessa votação, mas há inúmeras ao longo do tempo. A Rússia já se beneficiou disso, por exemplo, em votação sobre a guerra na Ucrânia.
E como o formato permite que nada não consensual seja aprovado, os países, na verdade, fingem que seguem o que sai dali. Sejamos francos. As potências bélicas e econômicas não dão a mínima para o Conselho de Segurança da ONU. Se assim não fosse, os EUA seriam um tantinho menos belicistas, por exemplo.
Se os países quiserem que a ONU deixe de ser um “enfeite” global, precisam reformular os colegiados e regras que a fazem funcionar (ou não). E esse tipo de coisa tem de começar pelo principal órgão, aquele que, de fato, motivou a criação do organismo internacional.
Quanto mais plural for o Conselho de Segurança da ONU e que os países que o compõem tiverem equivalência de poder decisório, mais forte esse colegiado será. Não se pode ter cinco países com poder de veto enquanto outros dez servem somente de perfumaria. Na prática, o órgão segue aos moldes pós-Segunda Guerra.
No posicionamento internacional, o Brasil saiu bem na foto. Apresentou uma proposta que obteve a aprovação de 12 entre 15 membros do Conselho. Nicolas Sarkozy, ex-presidente da França, chegou a ressaltar o protagonismo internacional de Lula e que seu país estreite laços com o nosso.
Além da operação de repatriamento de brasileiros – e latino-americanos – da Palestina, o que também posiciona o Brasil como um agente de paz, diálogo e negociação entre as nações.
Até a mídia comercial xexelenta e chinfrim do Brasil reconhece a exitosa ação de repatriamento e a justeza da proposta brasileira para a guerra na Palestina apresentada à ONU.
Mas somente boas ideias e muita vontade de gastar saliva para resolver conflitos, bélicos ou econômicos, não é o suficiente sem que haja – de fato – um espaço de poder decisório mais igualitário entre as nações. Conflitos econômicos acabam resultando em bélicos, guerras. Ressalte-se.
A recente votação do Conselho de Segurança da ONU, apesar de péssima, especialmente aos cidadãos palestinos, servem para mostrar que, mais uma vez, Lula tem razão.
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