quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Para quê serve a Folha de S. Paulo?



Na última sexta-feira, 08 de novembro, a Folha de S. Paulo publicou a seguinte manchete: Prefeito sabia de tudo, diz fiscal preso, em gravação. Trata-se de matéria sobre fraude no Imposto Sobre Serviços (ISS) na prefeitura de São Paulo. O atual prefeito, Fernando Haddad (PT) constituiu uma controladoria que descobriu um grande esquema de desvios na gestão anterior de Gilberto Kassab (PSD).

Logo de cara, ao esquema se tornar público, quatro fiscais foram presos. Um dos suspeitos seria dono de um carro Porsche. O preço desses automóveis chega a 800 mil reais.

Ao revelar o esquema milionário, prender suspeitos, submetê-los a inquérito e, consequentemente, a julgamento, Haddad colocou o dedo na casa do maribondo. Pior, fez tudo isso em cima de um esquema antigo, da gestão anterior que, é ligada a José Serra (PSDB).

Kassab foi o vice do Serra na prefeitura que renunciou para ser candidato a governador de São Paulo em 2006. Em 2008, Kassab disputou contra Geraldo Alckmin do PSDB, mas sem o apoio do então governador, Serra, que apoiou Kassab. Portanto, atingir Kassab significa que fatalmente se atingirá Serra.

Mas o que isso tem a ver com a Folha de S. Paulo e sua manchete de 08 de novembro desse ano?

Qualquer desavisado ao ler aquilo pensará se tratar de Fernando Haddad e não do ex-prefeito Gilberto Kassab. A manchete honesta jornalisticamente seria: Kassab sabia de tudo, diz fiscal preso, em gravação. Como mostrou bem, Ivan Freitas, autor da arte que ilustra esse texto.

A Folha é o típico jornal feito para a elite paulistana. Fonte de inspiração do Integralismo. Que odeia tudo o que tem viés popular. Apoiou a ditadura civil-militar e, tenta agora a todo custo, envolver Haddad no esquema que seus parceiros montaram.

Infelizmente muita gente que não se enquadra no perfil da elite paulistana nutre por esse veículo impresso respeito ou admiração. Postura oriunda no conceito comum do que seria sucesso. Sucesso nas sociedades capitalistas é o seu aporte financeiro e não o que você faz, ou como você faz.

Se tem muito dinheiro ou, no caso, estrutura para ter o tamanho que tem – a Folha circula nacionalmente – é por que é bom. Não se leva em conta como se chegou até onde está. A única coisa mais ou menos na Folha de S. Paulo é o papel onde ela é impressa. Igual em todos os outros jornais impressos.

Sobre o caso dos fiscais da cidade de São Paulo, Fernando Haddad já afirmou que ninguém está livre de ser investigado se assim for necessário. Mais um ponto para ele.

Pelo uma coisa boa tem a Folha de S. Paulo. Ela poderia ser mais aproveitada nas faculdades de Jornalismo. Ela é um belo exemplo de como não fazer jornalismo. Serve para ilustrar aos estudantes que tipo de imprensa e de prática jornalística se quer no país. Se realmente vale a pena trabalhar em veículos “badalados”, mas que produzem lixo.

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