terça-feira, 28 de janeiro de 2014

'Heterofobia', tucanos e a imprensa

Em Minas Gerais jornalista que desafia Aécio Neves ou qualquer tucano de alto bico corre o risco de ser preso, vide o que aconteceu com o dono do Novo Jornal. Em Alagoas, até ex-membros do governo tucano de Teotônio Vilela conseguem pelo menos a demissão de jornalistas que discordam de suas posições.

O advogado Adriano Soares foi secretário estadual de educação. Saiu da pasta por, além de uma péssima passagem à frente da pasta, mandou sindicalistas tomarem no c* em seus perfis nas redes sociais. Soares sempre foi bem ativo na internet. Parece não desplugar do convívio online. E sempre com comentários ofensivos aos setores de esquerda de Alagoas e do Brasil.

Não bastasse o reacionarismo gratuito nas redes sociais, Soares decidiu que chegou a hora de atacar, segundo ele, a construção de uma sociedade “heterofóbica”. Com o detalhe de sempre usar palavras de baixo calão. A última investida do advogado e ex-secretário de Téo Vilela foi uma novela global que no caso possui um núcleo homossexual.

Soares publicou que “A cada novela, mais casais gays. Adotando filhos e sendo melhores pais do que os héteros. No ritmo que vai, dar o cu vai ser um caminho indefectível para ser um bom pai.

Ah, desculpe o palavreado chulo. É que chupar pica virou diploma de bom-mocismo... A orientação sexual virou símbolo do ético, ingênuo, bom. Ou a desculpa para atrocidades que passam a ser justificadas por uma "rejeição" paterna. Trata-se de um discurso subliminar de naturalização de temas delicados, como a adoção por casais gays, por exemplo.

A Globo tem 70% dos autores gays. Fazendo militância escrachada. A única família normal em "Amor à vida" é a que o Niko - o Carneirinho do Félix - está constituindo. E o Niko é o exemplar da pureza ingênua mais absoluta, mais tchuco-tchuco. A nossa sociedade vai terminar ficando heterofóbica, dada a limitação de opções que a heterossexualidade encerra, consoante a Ideologia do Gênero quer nos ensinar”.

Logo se iniciou a reação diante de palavras resgatadas da Idade Média. Para comprovação de como boa parte das pessoas ainda vivem nos tempos de onde saíram as palavras de Soares, muita gente concordou com ele.

Às pessoas que ousaram discordar do ex-secretário de educação do estado, sobraram ofensas às mães e coisas do tipo. Mas quando a jornalista Lívia Vasconcelos resolveu, de forma bem humorada, respondê-lo, foi demitida.

Lívia trabalhava na assessoria de comunicação na Secretaria de Estado do Planejamento e Desenvolvimento Econômico. Pasta chefiada por Luís Otávio Gomes, mais conhecido como LOG, que deixou a pasta devido a possibilidade de concorrer nas eleições de outubro.

Luís Otávio é um dos homens fortes do governo tucano. Foi o próprio Soares confessou ter entrado em contato com LOG que lhe telefonou prestando "solidariedade". É bem verdade que mesmo com o bom humor da jornalista, ela também usou palavras de baixo calão. Porém nada disso justifica sua demissão. Seus comentários se deram fora do espaço e de suas funções do trabalho que exercia. Mas aí prevalece a patota governamental açucarada.

O Sindicato dos Jornalistas divulgou nota de repúdio à demissão de Lívia Vasconcelos.

Diz o segundo parágrafo da nota que “o Sindicato deixa claro a sua posição em defesa do debate qualificado, em qualquer que seja a situação, e não corrobora com a utilização de palavras e expressões de baixo nível. Porém, enquanto entidade representativa da categoria e defensora intransigente das liberdades de expressão e de imprensa, não pode concordar que a profissional seja reprimida ou punida em razão de ter emitido uma opinião totalmente desvinculada de suas atividades na pasta em que trabalha. Menos ainda, se tal punição traz em si uma conotação de influência política”.

Parece que onde tem tucano com a “caneta” na mão, jornalista não tem perdão. Para além da rima, a realidade é triste e mostra, entre tantas outras provas, que não existe nem nunca existiu no Brasil imprensa livre.

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