Se tem uma coisa boa (se é que é possível) na queda de máscara da grande imprensa acerca de suas relações nada saudáveis , por assim dizer, com o crime organizado, é vê-la cair de podre. Ver toda sua incólume, sólida e sacrossanta moral ir ralo abaixo.
Como disse o Marx: “Tudo que é sólido se desmancha no ar”.
Isso deve nos fazer refletir sobre a prática jornalística no Brasil. Sobre até que ponto de deve ir pra conseguir seus objetivos, ou no caso, uma matéria. Isso quando ela é verdadeira, porque no caso Veja / Cachoeira, não.
Valores democráticos tão intrínsecos ao jornalismo, que deveriam ser sagrados, foram, estão sendo destruídos pelos que mais tem a responsabilidade de mantê-lo. A grande imprensa brasileira usa um instrumento da democracia para ataca-la.
E voltando ao Marx e continuando sua citação acima: “Tudo que é sagrado é profanado”.
Esse império construído nas hostes da ditadura militar, sob a prática da manipulação da informação a serviço de um poderio elitista no país, está ruindo. Todos os impérios um dia acabam. Se Roma caiu, este também cairá... Pode até não ser por conta dos recentes episódios, mas cairá.
Que pelo menos sirva para mais pessoas estarem vigilantes com o que se publica como verdade no Brasil. Se quisermos de fato andar pra frente, não podemos mais ter o tipo de imprensa que temos hoje.
E com toda essa queda, essa depredação moral e ética, dessa estrutura falida, conservadora, elitista e totalmente apodrecida, mas que por tempos enganou e engana milhares de pessoas, só consigo me lembrar da música “A Casa” de Vinícius de Moraes.
De repente a casa da Veja e patota nem caiu. De repente ela nunca existiu
A Casa
Vinicius de Moraes
Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela, não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos, número zero.
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