Obra de Tarcila do Amaral - Dia do Trabalhador |
É
chegado mais um Dia do Trabalhador – e não do trabalho. Pela
primeira vez (pelo menos que eu saiba) temos um 1º de maio onde o
governo federal peitou os bancos. Em pronunciamento oficial Dilma
condenou a política de juro bancário praticado pelos bancos
brasileiros: “É inadmissível que o Brasil, que tem um dos
sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com os
juros mais altos do mundo. O setor financeiro, portanto, não tem
como explicar essa lógica perversa aos brasileiros." -
afirmou a presidentA. (assista o pronunciamento completo aqui)
Só
não ver quem não quer que em muito se melhorou as relações de
trabalho no Brasil. Que hoje temos um política real de valorização
do salário mínimo e que este é o maior ganho que trabalhadores e
trabalhadoras tem a comemorar.
Mas
ainda falta muito a fazer. Não se precisa dourar a pílula.
Ainda
existem no Brasil locais onde a relação de trabalho é de
escravidão. Recentemente, inclusive, usinas em Alagoas foram
condenas por esse tipo de prática.
As
horas semanais de trabalho ainda são um entrave. Reduzir de 44 para
40 horas semanais é gerar milhões de empregos diretos e de
imediato. Mas lógica da exploração não deixa. Faz tudo o que pode
para mantê-la em alto nível.
Desde
o primeiro 1º de maio, em 1886, na cidade de Chicago nos EUA que a
pauta central é a redução da jornada de trabalho. Na época era de
16 horas diárias. Era só dormir e trabalhar.
Hoje
com a vida mais corrida, com a maior distância entre moradia e local
de trabalho nas cidades, as oito horas diárias quase que reproduzem
a lógica do século XIX. Só o tempo que s eleva dentro dos
transportes públicos...
É
mais do que necessário o tempo livre para o lazer, a leitura, a
prática esportiva... Sem o tempo livre as pessoas não se
desenvolvem enquanto gente.
É
óbvio que essa redução da jornada tem de vir sem a redução dos
salários. Se não o trabalhador vai atrás de outro emprego para
complementar sua renda. Em nada teria suas horas semanais trabalhadas
reduzidas. Na verdade, é bem provável que se aumente.
Outro
debate importante nesse 1º de maio é o do imposto sindical. Este
instrumento criado por Vargas, até que cumpriu um certo papel no
início do sindicalismo no Brasil, mas hoje é completamente
descabido.
Paga-se
um dia de trabalho ao sindicato de sua categoria. Independente de
você ser filiado a este ou não.
O
que isso gera? Uma indústria de criação de sindicatos. Monta-se
sindicato à torto e à direita. Sindicato de qualquer coisa só para
receber o imposto.
Nada
contra a criação de sindicatos. Muito pelo contrário. Todo mundo tem o
direito de se organizar.
Mas
basta um olhar mais atento e se verifica vários exemplos de sindicato
“mama imposto”.
Sindicato que não faz luta sindical. Nem na rua, nem na justiça...
nada, zero...
E
nisso, me perdoem as outras centrais, a CUT acertou em cheio ao
lançar campanha pelo fim do imposto sindical.
No
lugar a CUT defende uma taxa negociada, aprovada em assembleia. Sua
porcentagem e quem pagaria por ela seria definido pela categoria.
Isso ajudaria bastante os sindicatos recém-criados. Mas a base da
sustentação financeira não pode ser o imposto sindical. Em resumo,
quem não tem base não se estabelece.
Este
Dia do Trabalhador é de comemoração e de reflexão e luta. Muito
foi conquistado nos últimos anos, mas ainda há muito por fazer.
Dia
do Trabalhador e não do trabalho
Muita gente repete por aí dia do
trabalho. Erro crasso. Essa expressão foi amplamente repetida, em
especial pelos meios de comunicação, e já está meio que encruado
em muita gente. O intuito dessa distorção do nome da data se deve
ao fato de negar a luta dos trabalhadores.
É esta a referência do 1º de
maio. E não o trabalho.
Trabalho por si só é coisa
abstrata. Trabalhador, não. O trabalho é ação de produzir algo,
riqueza. Trabalhador é quem produz a riqueza.
Mas quem fica com a riqueza?
Os donos dos meios de produção que
exploram o quê?
A
força de trabalho. De quem?
Dos
trabalhadores. O primeiro 1º de maio, em 1886, na cidade de Chicago
se deu por luta de trabalhadores contra essa exploração. Negar o 1º
de maio como dia do trabalhador é negar a luta dos trabalhadores por
melhores condições de vida. É negar a luta de classes. Está aí o
porque de se divulgar de modo a se tornar comum a expressão dia do
trabalho.
Viva
o dia do trabalhador!
Viva
o 1º de maio!
Ilustração sobre as manifestações de 1º de maio de 1886 em Chicago |
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