Foto: AFP |
E aconteceu o que já se anunciava. O mundo viu a
concretização de um golpe político, orquestrado por oligarquias, em um país latino-americano:
o Paraguai. Dessa vez, ao contrário dos golpes da década de 60, o golpe foi
institucionalizado. O Congresso paraguaio, de maioria ligada às elites daquele
país que historicamente concentram terras e riquezas, caçou sumariamente o
mandato legitimamente eleito de Lugo.
Os golpes agora são assim. Sutis. Com o máximo de
institucionalização possível.
Vários países se manifestaram contra o golpe em
Lugo, ou como o próprio Lugo disse em seu discurso de saída da presidência: “Quem
foi golpeado não foi Fernando Lugo, foi a democracia paraguaia”.
Apenas o EUA, de forma envergonhada, apoiaram o
golpe. Pedindo “respeito aos princípios democráticos” do Paraguai.
Chefes de Estado do mundo inteiro estivam no Rio de
Janeiro participando da Rio+20 e Hilarry Clinton, chefe de Estado dos EUA,
chegou apenas ontem, dia do golpe.
Coincidência?
Foi como se quisesse ver de perto o melhor ofício
de seu país: golpes de Estado.
Os anos 60 nunca passaram.
Apenas se sofisticaram.
A História ta aí para provar o que digo e o tempo
vai dizer o tamanho da participação estadunidense no golpe do Paraguai. O segundo,
PIS lá também teve ditadura e lá também foi apoiada pelos EUA.
E também foi com o apoio do mesmo partido da
ditadura, o Partido Colorado.
O partido de Franco, que assumiu no lugar de Lugo,
também está no poder a décadas.
O motivo "oficial" do impeachment de Lugo, foi a morte de 17 pessoas num conflito agrário. O latifúndio é um problema seular no Paraguai, assim como no Brasil. Até latifundiário brasieiro tem por lá.
Se impcheacharam Lugo por causa de 17 pessoas mortas num conflito por terra, FHC deveria ter ido à forca por conta do massacre de Eldorado dos Carajás.
O motivo "oficial" do impeachment de Lugo, foi a morte de 17 pessoas num conflito agrário. O latifúndio é um problema seular no Paraguai, assim como no Brasil. Até latifundiário brasieiro tem por lá.
Se impcheacharam Lugo por causa de 17 pessoas mortas num conflito por terra, FHC deveria ter ido à forca por conta do massacre de Eldorado dos Carajás.
São da elite paraguaia.
Um parêntese para uma brincadeira: foi só eu quem
achou Franco igualzinho ao Kiko da “Turma do Chaves”?
Enfim, só nos resta agora, como disse acima,
resistir. Não me espantaria se uma nova onda de golpes se instalasse nos países
latino-americanos.
A participação do Paraguai no Mercosul precisa ser
debatida. Existe uma clausula democrática no acordo que cria o bloco.
A América Latina continua com seu viés de
resistência a mil. É o que cabe pra nós. Ontem nós e o mundo vimos a
importância da luta por nossa autonomia e real liberdade. Vimos também como
nossa elite não perdoa e (novamente) vimos como a grande imprensa regojisa-se
na sanha golpista das elites latino-americanas.
Apesar de já saber o perfil da Globo, não consigo
me acostumar com o golpismo. Na Globo News, durante a transmissão da saída de
Lugo e da posse de Franco, a “jornalista” Leilane “sei lá o quê” insistia em
chamar a posse de ranço em transição democrática.
A Globo uma vez golpista, sempre golpista.
Disso tudo temos uma certeza: ser latino-americano e
não lutar é uma contradição histórica.
Viva o povo paraguaio!
Viva o povo latino-americano!
Abaixo leia
a íntegra do discurso de Fernando Lugo ao deixar a presidência do Paraguai
Boa noite.
Muito
obrigado por vocês se interessarem pela mensagem deste cidadão paraguaio.
Hoje não é
Fernando Lugo que recebe um golpe. Hoje não é Fernando Lugo que é destituído. É
a história paraguaia, sua democracia, que foi ferida profundamente. Foram
transgredidas todos os princípios da defesa, de maneira covarde, de maneira
traiçoeira, e espero que seus executores tenham em conta a gravidade de seus
feitos.
Como sempre
atuei no marco da lei, embora essa lei tenha sido torcida como um frágil ramo
ao vento, me submeto à decisão do Congresso e estou disposto a responder sempre
por meus atos como ex-mandatário nacional.
Aos
concidadãos e concidadãs: que não se negue o direito a manifestar sua opinião -
e faço um chamado a que qualquer manifestação seja pacífica. Que o sangue dos
justos não se derrame nunca mais por causa de interesses mesquinhos em nosso
país.
Quase quatro
anos depois de exercer a presidência da República do Paraguai, hoje me despeço
como presidente da República. Mas não me despeço como cidadão paraguaio, e hei
de servir a esta nação onde necessitem, como na área rural.
Fernando Lugo
não responde a classes políticas, nem à máfia, nem ao narcotráfico. Este
cidadão respondeu e seguirá respondendo ontem, agora e sempre ao chamado dos
compatriotas, dos mais humildes e excluídos - e dos que, gozando de bom viver e
inclusos da abundância, sabem que temos um dever de solidariedade por nossa
pátria, por nossa história.
Depois de
quase quatro anos, este cidadão paraguaio quer agradecer profundamente a todos
os paraguaios e paraguaias que puseram seu ombro, seu tempo, seu valor para consolidar
esta democracia que se vive neste país.
Em primeiro
lugar, aos companheiros e companheiras colaboradores deste governo. Não quero
esquecer das forças militares, dos comandantes, dos oficiais, da força pública,
de todos. Aos movimentos sociais, aos campesinos, indígenas, líderes, homens e
mulheres que sustentaram e vão continuar sustentando este país.
Não quero
deixar de agradecer, sinceramente, aos companheiros da imprensa.
Independentemente de compartilhar ideias, projetos, estamos consolidando a
democracia da história paraguaia.
Nesta noite
saio pela maior porta da pátria, pela porta do coração de meus compatriotas.
Aos companheiros, companheiras, cidadãos, cidadãs, que hoje estão nas praças,
nos caminhos, nos assentamentos, nas campinas, nas cidades, nos sindicatos. Aos
paraguaios e paraguaias de bom coração que sonham com um Paraguai diferente,
simplesmente lhes digo que sempre podem seguir contando com Fernando Lugo.
Muito
obrigado a todos e a todas por seu apoio, e muita força, muita força, muita
força. Viva o Paraguai!
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