Lula e Ronaldo durante gravação para o guia eleitoral |
Mesmo
quem não tem um olhar mais atento percebe que há problemas entre o
Poder Judiciário alagoano e o ex-governador Ronaldo Lessa. A
relação entre Lessa e o Judiciário é antiga. Vem desde os anos 90
do século XX, quando Ronaldo era governador. O motivo das pendengas
foi o duodécimo do Poder no período. Ronaldo resistia a dar o
aumento pleiteado pelos magistrados.
Ronaldo
também resistia a dar os aumentos pleiteados pelos deputados
estaduais. E assim Ronaldo passou por seus dois governos: às turras
com os outros poderes.
Todos
sempre acostumados a ter aumentos de duodécimos à revelia das
possibilidades. É a lógica do poder político atrasado como temos
em Alagoas.
Aqui
ainda se reproduzem as relações de poder do século XVIII. Desde
sempre os donos dos engenhos de açúcar, hoje usinas, nos tratam
como invasores dos seus quintais. Atender as regalias dos poderes
sempre foi uma forma de “acariciar” o ego dos membros das
estruturas de Estado. Assim se garante o “bom” andamento das
coisas.
Essa
lógica de trato com o poder como se fora um negócio é do gene das
elites. E da nossa que é docinha e toda polvilhada de açúcar, não
poderia ser diferente.
Reza à
boca miúda que antes do julgamento do recurso de Ronaldo no TRE/AL
sobre a questão da tal multa, o próprio governador teria ido de
casa em casa dos membros do pleno do TRE pedir a condenação de
Ronaldo.
Se isso
realmente aconteceu, lembra ou não lembra o século XVIII?
Um senhor
de engenho, quer dizer, um usineiro exercendo seu status de
representante do poder econômico e no caso, político também.
Essa é
a lógica que impera em Alagoas. A lógica do “sabe com quem está
falando?”
Ronaldo
cometeu vários erros políticos. Alguns assumidos e autocriticados.
Entre eles o de se juntar com a Cooperativa dos Usineiros no final do
seu segundo mandato apoiando inclusive Téo Vilela para governador em
2006.
Sente na
pele agora que as elites não gostam de quem não “in natura”. De
quem não gestado por ela.
Mas a
vida é assim, feita de erros e acertos.
Em seu
primeiro guia eleitoral noturno, Ronaldo afirmou que continua
candidato. Que não vai ceder às pressões das elites alagoanas. Vai
recorrer ao TSE. E ao contrário do que vão apregoar boa parte do
veículos de comunicação, Ronaldo tem enormes chances de vitória
no Tribunal Superior.
Primeiro
porque a votação aqui foi apertada, quatro a três. Segundo porque
um caso semelhante aconteceu na Bahia e o resultado foi o inverso do
Tribunal Eleitoral Alagoano. Lá, Nelson Pelegrino (PT) teve sua
candidatura deferida.
A Lei
eleitoral na Bahia não é diferente em Alagoas.
Só a
Justiça de lá, que apesar do histórico de coronelismo na Bahia,
não é “açucarada” como a nossa.
Ronaldo
não é perseguido pela Justiça alagoana por seus defeitos, mas por
suas qualidades. Bem ou mal; muito ou pouco; se cedeu ou não em
algum momento; foi Ronaldo quem mais peitou a petulância do Poder
Judiciário em Alagoas.
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