quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Porque o Judiciário alagoano não gosta de Ronaldo Lessa

Lula e Ronaldo durante gravação para o guia eleitoral


Mesmo quem não tem um olhar mais atento percebe que há problemas entre o Poder Judiciário alagoano e o ex-governador Ronaldo Lessa. A relação entre Lessa e o Judiciário é antiga. Vem desde os anos 90 do século XX, quando Ronaldo era governador. O motivo das pendengas foi o duodécimo do Poder no período. Ronaldo resistia a dar o aumento pleiteado pelos magistrados.

Ronaldo também resistia a dar os aumentos pleiteados pelos deputados estaduais. E assim Ronaldo passou por seus dois governos: às turras com os outros poderes.

Todos sempre acostumados a ter aumentos de duodécimos à revelia das possibilidades. É a lógica do poder político atrasado como temos em Alagoas.

Aqui ainda se reproduzem as relações de poder do século XVIII. Desde sempre os donos dos engenhos de açúcar, hoje usinas, nos tratam como invasores dos seus quintais. Atender as regalias dos poderes sempre foi uma forma de “acariciar” o ego dos membros das estruturas de Estado. Assim se garante o “bom” andamento das coisas.


Essa lógica de trato com o poder como se fora um negócio é do gene das elites. E da nossa que é docinha e toda polvilhada de açúcar, não poderia ser diferente.

Reza à boca miúda que antes do julgamento do recurso de Ronaldo no TRE/AL sobre a questão da tal multa, o próprio governador teria ido de casa em casa dos membros do pleno do TRE pedir a condenação de Ronaldo.

Se isso realmente aconteceu, lembra ou não lembra o século XVIII?

Um senhor de engenho, quer dizer, um usineiro exercendo seu status de representante do poder econômico e no caso, político também.

Essa é a lógica que impera em Alagoas. A lógica do “sabe com quem está falando?”

Ronaldo cometeu vários erros políticos. Alguns assumidos e autocriticados. Entre eles o de se juntar com a Cooperativa dos Usineiros no final do seu segundo mandato apoiando inclusive Téo Vilela para governador em 2006.

Sente na pele agora que as elites não gostam de quem não “in natura”. De quem não gestado por ela.

Mas a vida é assim, feita de erros e acertos.

Em seu primeiro guia eleitoral noturno, Ronaldo afirmou que continua candidato. Que não vai ceder às pressões das elites alagoanas. Vai recorrer ao TSE. E ao contrário do que vão apregoar boa parte do veículos de comunicação, Ronaldo tem enormes chances de vitória no Tribunal Superior.

Primeiro porque a votação aqui foi apertada, quatro a três. Segundo porque um caso semelhante aconteceu na Bahia e o resultado foi o inverso do Tribunal Eleitoral Alagoano. Lá, Nelson Pelegrino (PT) teve sua candidatura deferida.

A Lei eleitoral na Bahia não é diferente em Alagoas.

Só a Justiça de lá, que apesar do histórico de coronelismo na Bahia, não é “açucarada” como a nossa.

Ronaldo não é perseguido pela Justiça alagoana por seus defeitos, mas por suas qualidades. Bem ou mal; muito ou pouco; se cedeu ou não em algum momento; foi Ronaldo quem mais peitou a petulância do Poder Judiciário em Alagoas.




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