sábado, 24 de novembro de 2012

Divina caneta da grande imprensa


Qual o critério para se tornar santo? Pode um santo ou candidato a um, agir à margem da lei? Corporações podem ter o status de santidade? Até onde vai a caradura da grande imprensa e da “coisa feita em papel couché” Veja? Recuso-me a chamá-la de revista.

O relator da CPI do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), incluiu em seu relatório o nome de Policarpo Júnior, editor chefe da “coisa” na sucursal de Brasília/DF. Mesmo a convocação do “caneta” – como é tratado pelo bicheiro e demais integrantes da quadrilha – sendo barrada pela bancada da grande mídia, Cunha, por conta das gravações da Polícia Federal, achou por bem incluir o nome e pedir o indiciamento de Policarpo Júnior.

Diz o corporativismo da grande imprensa que a inclusão de “Poli” é revanchismo por causa da AP 470.

Ora, não foi Odair Cunha ou o PT ou quem quer que seja senão a Polícia Federal quem desmascarou as relações nada republicanas – para usarmos um termo em alta – entre o bicheiro e o jornalista.

Se o julgamento da AP 470 não tivesse sido antecipado para coincidir com as eleições municipais deste ano, qual espaço ou resoluções seriam revanchismo? Este argumento é de uma desonestidade intelectual sem tamanho.

Antes de iniciar o julgamento e portanto se ter o conhecimento de seu resultado, já era notícia na mídia não venal, as relações íntimas entre “caneta”, Cachoeira e o ex-mosqueteiro da ética de Veja, Demóstenes Torres.


O corporativismo é tanto que a Folha de São Paulo ao noticiar o indiciamento pela PF de Andressa Mendonça, esposa de Carlinhos Cachoeira por tentar chantagear o juiz federal em Goiás, Alderico Rocha dos Santos, não cita a “coisa”. Ela disse a Santos que tinha um dossiê contra ele elaborado por Policarpo Júnior de Veja.

Como não citar a “coisa feita em papel couché” nessa notícia?!

Veja também mandou invadir um quarto no Hotel Naum em 2011, onde estava hospedado José Dirceu. O ato era para montar esquema de arapongagem, proibida no Brasil.

As relações entre Cachoeira e Veja tinham o intuito de plantar matérias nas revistas para a realização de chantagens políticas com membros de estatais e autarquias do governo federal.

Por causa do curso de Jornalismo, precisei fazer um trabalho sobre o livro: “A Arte de Fazer um Jornal Diário” de Ricardo Noblat. Noblat é um dos maiores defensores da divindade da grande imprensa. Um dos principais escudos do “caneta”.

Sem falar que em causa própria, ataca veementemente o ministro do STF, Dias Toffoli. Toffoli é relator de ação que julgará um desvio de R$ 33 milhões do Incra no governo FHC, no qual a esposa de Noblat, Rebeca Scatrut é ré.

Voltando à relação Noblat / Policarpo, em seu livro, publicado em 2002 – o jornalista das Organizações Globo – diz no capítulo II, tópico “Jornalista não é Deus” o seguinte: “... enquanto médico pensa que é Deus, jornalista tem certeza. Jornalista não é Deus. Não está dispensado de respeitar a Constituição e as leis do país. Não tem mandato conferido por ninguém para atuar ao arrepio do códigos e normas socialmente aceitas. A denúncia de um ato criminoso não justifica a prática criminosa.”

Noblat precisa reler a si mesmo.

Parece que esses dez anos foram ruins para a saúde mental do jornalista Noblat.

Agora Veja tenta ganhar pelo pecado favorito do demônio, segundo o filme “Advogado do Diabo” o deputado Odair Cunha. Afirmando que no país cabe espaço para mais um Joaquim Barbosa.

Ao deputado cabe apenas dizer-lhe o seguinte: força!

A pressão para retirar o nome de Policarpo de seu relatório é grande. Vários veículos da grande mídia já dão como certa sua retirada.

A contra pressão política precisa agir rápida e eficazmente.

Pressão que também vale para a retirada de Roberto Gurgel, Procurador Geral da República.

Gurgel, prevaricou ao receber em denúncias contra o então senador Demóstenes.

O próprio ex-queridinho da mídia afirmou que o “cosplay” mais famoso de Jô Soares cometeu a prevaricação ao ser inquirido sobre o tema.

Não bastasse a luta pela proteção de seus prepostos, a grande imprensa, através de Reinaldo Azevedo tentar proibir José Dirceu de se expressar.

Logo ela, grande mídia, tão defensora da liberdade de expressão.

Azevedo em sua sandice autoritária afirma que questionar decisão da Justiça é crime. Isso por que Dirceu o faz em relação a seu julgamento no STF e tem chamado ao debate a forma como a AP 470 foi tratado pelos ministros do Supremo.

Se em uma democracia não se pode questionar os poderes e suas decisões, onde mais pode?

Se Dirceu cometeu crime, como afirma o blogueiro de Veja, eu também cometi. Porque questiono a forma do julgamento. Questiono as condenações em provas nos autos e questiono o uso político dessa Ação Penal.

A grande imprensa brasileira invoca para si divindade e o direito de estar acima da lei, mas se comporta como folião bêbado em carnaval daqueles bem escrachados. Daqueles onde o gesto mais civilizado é urinar na rua.

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