Tomou
repercussão nacional o áudio de uma reunião com o atual presidente
da OAB em Alagoas, Omar Coelho e membros da chapa de Rachel Cabús,
sua candidata em que se comentava sobre compra de votos para a
eleição da Ordem. Até um juiz eleitoral estaria presente na
reunião.
No áudio
podemos ouvir frases do tipo “ na última eleição chegamos a
pagar R$ 5 mil por um voto”.
Em
entrevista Omar disse, segundo o blog do Ricardo Mota, que
“verifiquem se houve o desvio de um centavo da OAB ou o uso da
“máquina” na disputa de agora”. Nessa, o esquema pode até ter
furado, e pode até não ter sido usado recursos financeiros da
autarquia, mas foi assumido a compra na eleição anterior, que
reelegeu Omar.
Ele é
réu confesso. Não acontece nada?
Se ele
fosse do PT (ou de outro partido de esquerda), a OAB nacional ia
transferir sua sede para Alagoas; Globo ia manda o Alexandre Garcia
fazer a cobertura daqui; ia ser capa de Veja e manchete no Estadão e
na Folha.
Omar
ainda afirma que essa prática é corriqueira na eleição da OAB em
Alagoas.
“Que se
apresente, entre os adversários de agora, aquele que ignora a
existência dos mesmos procedimentos em outras eleições de que
participaram e diga que rejeitou essa forma de agir”, desafia Omar.
Em 2007,
segundo ex-alunos do curso de direito da UFAL, Omar disse a seguinte
pérola sobre o caso do “mensalão”: “Nós já pegamos os 40
ladrões, agora vamos pegar o Ali Babá”. Uma fala à la coisa
feita em papel couché, Veja.
Fala dos
setores conservadores. Omar tem relações com o DEM.
Quem é o
Ali Babá agora?
A OAB
sempre em eleições se coloca como bastião da moralidade. Omar
Coelho nunca fez diferente.
A OAB em
nível nacional não se pronunciou sobre o julgamento da AP 470. Se
não para questionar as interpretações heterodoxas de teses
heterodoxas ao direito brasileiro, pelo menos às agressões aos
direitos dos advogados dos réus. A dosimetria das penas de Dirceu e
Genoíno, por exemplo, foram realizadas sem a presença de seus
advogados.
Podem até
dizer que não há a obrigação legal, mas há a moral. Está não é
prática no direito brasileiro.
Não sou
advogado, mas conheço alguns. Mesmo assim não precisa ser
doutrinário da área para saber que isso é uma excrescência.
Ophir
Cavalcante, presidente nacional da OAB, disse que Ayres Britto deixou
o STF mais humano.
O mesmo é
acusado de receber, há mais de 13 anos, rendimentos mensais de R$ 20
mil, como procurador do Pará. O dano ao erário estadual atinge
quase R$ 1,5 milhão. Ele não poderia advogar para ninguém, a
função de presidente da OAB requer dedicação exclusiva.
Qual a
moral tem Ophir para tomar qualquer atitude que seja em relação às
práticas nas eleições da OAB em Alagoas?
Qual a
moral tem a OAB/AL para cobrar moralidade em espaço qualquer no
estado? Ou mesmo a OAB nacional, qual moral?
Muita
gente das mídia em Alagoas tentam, se não diminuir o impacto da
gravação, desvir um pouco que seja o foco do debate. Fazem isso ao
argumentarem, com quase ou mais peso, sobre quem gravou o áudio e
como o fizera?
É justo.
Afinal, arapongagem é crime.
A questão
é que essa preocupação, assim como a moralidade na grande imprensa
e na direita brasileira, é seletiva.
Não
fizeram os mesmos questionamentos quando Veja mandou invadir um
quarto no Hotel Naum, onde José Dirceu estava hospedado para armar
um esquema de arapongagem.
Contra o
PT, pode.
Não
questionaram a falta de provas no processo da AP 470. Mas no processo
contra o deputado estadual JHC, onde o mesmo é acusado de abuso de
poder econômico e religioso, esbravejaram a falta delas e as falas
com ilações da desembargadora Elizabeth Carvalho.
Muitos
desse não questionaram a renúncia fiscal feita pelo governador
Teotônio Vilela (PSDB) sobre as dívidas dos usineiros alagoanos. O
total da “doce” dívida é de R$ 415 milhões. Isso só em
impostos não recolhidos.
Não é a
toa que querem reorganizar o ARENA, partido oficial da ditadura
militar brasileira.
O falso
moralismo, apesar de desmascarado a cada dia, ainda é forte em
alguns setores da sociedade brasileira.
A luta é
árdua, mas o bom nisso é que as máscaras estão sendo rasgadas e
as verdadeiras faces mostradas.
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