Apenas
quatro grupos determinam quais e de que forma a informação vai
circular no Brasil. Organizações Globo, Grupo Folha, Grupo Estado e
Editora Abril detém o monopólio da comunicação social no país,
além de formarem oligopólios. Elas possuem TVs,
rádios, jornais impressos e sites na internet. O que é
expressamente proibido em nossa Constituição no parágrafo 5º do
Artigo 220. “Os meios de comunicação social não podem, direta ou
indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”.
Monopólio é quando a concorrência é imperfeita, quando uma
empresa detém sozinha o mercado de um determinado produto ou serviço
e, oligopólio caracterizado por um número pequeno de firmas, com
alto grau de concentração e/ou de poder de mercado. Cada um dos
grandes grupos de comunicação citados possuem dezenas, centenas de
empresas no mesmo setor. São donas de TVs, emissoras de rádio,
jornais impressos, revistas e sítios na internet.
De acordo com o projeto “Donos da Mídia”, as Organizações
Globo – mais poderosa empresa de comunicação do planeta, só lhe
fazem frente as empresas do magnata Rupert Murdoch, mas ele não
possui mais que duas ou três empresas por país – possui 340
veículos de televisão, com 35 grupos filiados.
O grupo Folha, do jornal Folha de S. Paulo detém 15 veículos de
comunicação – entre TV, sítios na internet e rádios e três
editoras. Não bastasse seu poderio, o governo do Estado de São
Paulo lhe concedeu o controle administrativo e de conteúdo da TV
Cultura. O grupo Estado, também de São Paulo, possui nove veículos
de comunicação, também compostos de jornais, rádios e TV. Já a
editora Abril possui 74 veículos, a maioria revistas, mas também
possui rádios e TV. Para quem não sabe a Music Television Brasil
(MTV) é da editora de Veja.
Os grupos de comunicação que seguem esses quatro no ranking de
tamanho possuem no máximo 50 veículos. Esses grupos recebem 80% do
aporte publicitário público, sendo a maioria das Organizações
Globo. Essa lógica concentradora surgiu há aproximadamente 50 anos.
Todos os quatro grupos tiveram aumento significativo em suas
estruturas durante a ditadura civil-militar. Não foi à toa o apoio
dado ao regime de 1964. O jornal Folha de S. Paulo chegou a emprestar
carros para que agentes da ditadura atuassem em prisões de
adversários políticos. Recentemente chamou esse período de
“ditabranda” e o jornal Zero Hora do Rio Grande do Sul, do grupo
Rede Brasil Sul (RBS), sócia das Organizações Globo e que possui
57 veículos, em editorial defendeu a volta dos governos ditatoriais
existentes no país entre 1964 e 1985.
Não
é por acaso que esse período continua sombrio para o Brasil.
Não se discute, não se fala e as Comissões da Verdade, criadas
para tirar de baixo do tapete os fatos que aconteceram nos porões da
ditadura, não têm o apoio da mídia. Outra amostra da formação de
oligopólios é a sua cobertura acerca dos fatos no país e no mundo,
especialmente os políticos. Todos esses grupos tratam as coisas da
mesma forma, fazendo parecer que opinião é informação isenta. Um
bom exemplo é a cobertura da morte do líder venezuelano Hugo
Chávez. O que difere entre as publicações – eletrônicas ou não
– desses grupos é o tratamento de imagens.
Se
você fizer um olhar mais atento vai perceber como o discurso, ou
foco, ou linha editorial desses quatro grandes grupos de comunicação
é igual. O que resulta em monopólio e oligopólio,
mesmo de forma indireta. O montante de veículos pertencentes a esses
grupos não se repete em nenhum outro país, mesmo nos considerados
extremamente liberais como os Estados Unidos. Lá existe a Comissão
Federal de Comunicações (FCC – sigla em inglês).
França, Portugal, Reino Unido, Alemanha, Canadá e Espanha são
exemplos de democracias liberais onde há órgãos reguladores da
mídia. Esses organismos impedem a propriedade cruzada dos meios de
comunicação evitando a criação direta ou indireta de monopólios
e oligopólios. E ao contrário do que exclamam os quatro grupos
detentores da comunicação no Brasil, regulamentar os meios de
comunicação não é censura e sim ampliar a liberdade de imprensa e
a democracia garantindo mais amplitude aos debates existentes na
sociedade.
3 comentários:
Brasil foi um dos últimos países do planeta a abolir a escravidão...
Mas tenho fé que ainda em vida verei uma ley de medios no meu país.
.
.
.
Helder
muito bem lembrado a estreita relação com a Ditadura, e do quanto lucraram nessa época - grande parte das pessoas mal sabem disso
Chupartilhei!
Postar um comentário