Em
diversas capitais estão acontecendo atos contra o aumento dos preços das
tarifas de transporte coletivo. Com dimensões bastante significativas, outras
pautas parecem surgir no seio desses movimentos e até a “grande imprensa”
demonstra ter “mudado de lado”. Como nada é por acaso, a nova postura da mídia tem
sua razão de ser.
A
euforia tomou conta das redes sociais já na noite das manifestações. Coisas como
“o Brasil acordou” ou “o gigante acordou” foram escritas e replicadas aos
milhares em perfis de todo o país. Sobre isso, voltamos mais adiante.
Também
foi fácil perceber como o senso comum imposto pela mídia consegue impor uma
agenda. A caça aos partidos políticos é uma dessas agendas. Dois movimentos
mundiais se posicionam contrários aos partidos políticos: fascismo e neoliberalismo.
Um por cercear o direito à organização popular e o outro por “incentivar” a não
organização e o individualismo doentio.
Os
partidos políticos são parte da sociedade. Representam segmentos desse corpo
coletivo no qual os seres humanos convivem. Tem partido de todos os tipos e
colorações. Se não gosta de um partido político, não se filie em um. Ponto. Tem
quem alegue que impedir que os partidos se manifestem por eles “estarem ali
para direcionar os atos a seus interesses ‘sujos’”. Faz favor, como diz um meme
na internet, deita na BR! A mídia já faz isso, cara pálida!
Os
partidos políticos sempre estiveram presentes em manifestações desse tipo. Mesmo
antes do Facebook ou do Twitter quem mobilizava eram os partidos e eles ainda o
fazem. Repetindo: não gosta de partido político, não se filie em um!
Esses
atos que tiveram início em São Paulo sempre foram contra o aumento das
passagens. Logo a “grande imprensa” tratou de tachar todos de vândalos e a PM
desceu o cassetete (e balas de borracha também). Quando alguns setores
expuseram cartazes com outras pautas e, entre elas, cobranças ou ataques ao
governo federal, a mídia percebeu que se desse uma “empurrãozinho” a coisa
poderia gerar boas manchetes de acordo com seus interesses.
Reivindicar
o que quer que seja, contra ou em defesa de quem quer que seja é legitimo. Em grupo
ou de forma individualizada. Mas sempre vale a lembrança: discordar também.
Uma
das formas da mídia usar esses movimentos, além da exposição o que dá a
sensação de vitória – e pode até ser – pelo fato de esse debate virar pauta nas
mesas e nos corredores da vida. A outra é o que citamos acima, o tal do “Brasil
acordou”.
Nosso
país tem um histórico grandioso de lutas por direitos. Somente aqui em Maceió,
diversos atos contra violência e as propagandas mentirosas do governo estado
mostram que ninguém estava dormindo. A não ser parte da moçada que nunca saiu
de casa para reivindicar nada que agora viu que o povo junto pode – e faz! –
muito barulho.
Todos
os anos no mês de abril acontecem o “abril vermelho”. O Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com o apoio dos outros movimentos da via
campesina, vão às cidades revindicar reforma agrária e, encaminhamentos de outras
pautas e conclusões de investigações de assassinatos de trabalhadores rurais
que nunca saem do papel. Não, o Brasil não acabou de acordar.
Todos
os anos sindicatos espalhados por todo o território nacional se organizam em
defesa de direitos. Trabalhistas ou não. Todos os anos estudantes fazem luta
para garantir qualidade na educação, localmente ou de forma nacionalizada. Todas
as entidades – ou quase todas! – o fazem.
Se
voltarmos um pouco mais, tivemos os “Fora FHC”, “Fora FMI”, “plebiscito da Alca”,
“Fora Collor”, o Fórum Social Mundial, a campanha pelas eleições diretas e a
luta contra a ditadura civil-militar. Se voltarmos a todas elas, não caberia
nessa postagem e chegaríamos à resistência dos povos indígenas na chegada dos
europeus por essas bandas. A grande mídia nega a História do país e tem gente
que, infelizmente, reproduz tais baboseiras.
Não,
o Brasil não acordou agora e essas manifestações, apesar de importantíssimas e
poderem resultar em vitórias concretas, não são, pelo menos até agora, a
primavera brasileira.
4 comentários:
Essas manifestações têm um forte viés de direita. Cartazes como "abaixo todos os partidos", "fora Dilma" e outros mostram isso. Só que o governador Alckmin cometeu a ENORME burrada de baixar o sarrafo nos manifestantes, e isso tirou argumentos das lideranças direitistas. Mas é hora de a esquerda agir!!
Tem gente ruim querendo promover o caos de infiltrando nas manifestações, quem organiza isso tem o dever de coibir isso e apontar os baderneiros.
A quem interessa o caos? A quem não tem como ganhar nas urnas?
.
.
.
Helder
Não houve, em nenhum dos movimentos que acompanhei, combate a partidos políticos, o que houve foi restrição às bandeiras de partido, isso porque bandeira representa o grupo e nao o individuo, camisetas eram liberadas. Essa foi uma medida muito justa pra respeitar a individualidade dos manifestantes e evitar que partidos assumissem a "autoria" ou fossem responsabilizados pelo movimento.
Partidos políticos não representam a sociedade, candidatos eleitos representam, alem disso, a criação de um partido não é simples nem barata (vide Marina Silva) e a maior probabilidade é que os seus ideais nao se encontrem em um partido só. A individualidade é superior ao partidarismo, e, como dito, é uma opção.
Dizer que é um movimento de direita é muita falta de visão. Não é só porque não foi o PSOL ou PSTU que organizou o movimento que ele seria de direita. Pessoas apartidárias são maioria, e podem se manifestar! Dizer "Fora Dilma" não é dizer "Avante Serra", ela é responsavel por muito da revolta e nao é de ouro.
Sinceramente, o que vejo aqui é uma frustracao por não terem conseguido assinar o protesto e recalque pelo ter tido mais impacto do que 90% dos feitos desde a restauracao da democracia direta no Brasil.
"O gigante acordou" é uma alusao ao fato do brasileiro ter desenvolvido uma consciencia politica e ativismo em uma escala antes nao vista nem esperada na historia recente do país.
Emerson BG
Prelúdio de golpe...
Postar um comentário