O
programa Fantástico da Rede Globo exibiu reportagem sobre o esquema de fraude
no pagamento de salários na Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE). No parlamento
estadual alagoano há funcionários fantasmas, super salários e incontáveis
parentes e “cabos eleitorais” recebendo sem trabalhar – alguns que recebem o
benefício do programa Bolsa Família – e vereadores de Maceió.
Nada
de novo, substancialmente diferente do que a imprensa local já havia denunciado. O que faltou, tanto na
matéria global quanto aqui, são os nomes dos parentes dos parlamentares e de
figuras “ilustres” que recebem suas dezenas de milhares de reais para não
trabalhar. Dar nome a esses bois seriam sim, uma “novidade”.
Não
que a matéria em si seja ruim. Ao contrário, reforça a denúncia de esquema de
enriquecimento ilícito e desvio de recursos públicos constantes na ALE. Tomara que
agora, com repercussão “global”, alguém faça alguma coisa. Mas será que prender
os envolvidos fará com que esse tipo de prática, que não é “privilégio” de
Alagoas, acabe?
Ou
será que alterar as regras do jogo político eleitoral seria mais eficaz? Acabar
com o voto no indivíduo para o Legislativo e o financiamento privado já é um
bom começo. Mas sempre é bom reforçar que não existe regra que não possa ser
transgredida. Não existe lei imune à corrupção. O que se pode fazer é
dificultar e dar condições para quem não se envolver com tal instrumento
participe do jogo político.
O
que se vê na Assembleia Legislativa é a velha prática política das elites
canavieiras do século XVIII, arrastadas pelo neo-coronelismo alagoano, sempre
transformando o Estado em um bem privado. Patrimonialismo puro, típico do
sistema capitalista e mais aflorado em países onde esse sistema de produção é
atrasado, especialmente nos valores, na cultura como é o caso brasileiro.
Será
que há quem duvide ou se surpreenda da possibilidade de ter pessoas ligadas ao
Poder Judiciário envolvidos no esquema da ALE? Será que ninguém sabia de todo
esse aparato até as denúncias do deputado estadual João Henrique Caldas – que cabe
lembrar: seus pais também são funcionários da Assembleia e ao que parece, não
exercem função alguma naquela Casa.
Outra
coisa bem estranha é que, tanto na matéria do Fantástico, quanto nos veículos
locais – no caso, pouco se viu – não se fala do responsável pelos pagamentos na
ALE. Por que será?
Mais
do que combater os efeitos é necessário combater as causas desse tipo de
conduta. Não adianta trocar seis por meia dúzia. Coloca todos os envolvidos
nesse esquema agora e se não mudar a lógica das coisas, outro surgirão
organizando o mesmo esquema.
Quem
tem medo de debater a Reforma Política?
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