Foto: Alagoas 24 Horas |
A
prefeitura de Maceió anunciou a tão esperada licitação para o
transporte público da capital alagoana. Envolta em polêmicas, há
já nem se sabe quantos anos que esse instrumento não era utilizado
para a exploração do transporte em Maceió.
A
gestão anterior, de Cícero Almeida, tentou, já no final de seu
segundo mandato realizá-la, mas o Tribunal de Contas do Estado (TCE)
impediu. A alegação foi de que a concorrência pública estava
viciada. A decisão foi monocrática e assinada pela conselheira Rosa
Albuquerque, irmã do deputado estadual Antônio Albuquerque.
O
prefeito Rui Palmeira (PSDB), em entrevista coletiva acompanhado do
vice-prefeito Marcelo Palmeira, do secretário de comunicação
Clayton Santos e do superintendente da Superintendência Municipal de
Transportes (SMTT), Tácio Melo, divulgou que em janeiro haverá uma
audiência pública para discutir o processo licitatório e em
fevereiro será lançado o edital.
Entre
as mudanças está o fim da TRANSPAL, associação privada das
empresas de transporte público. Uma vez que, segundo os gestores
municipais, será a prefeitura que fiscalizará o serviço a partir
do término do processo e será a SMTT que emitirá a bilhetagem
eletrônica. Ponto para a prefeitura!
As
variações de preço, segundo os gestores, será entre R$ 1,60 e os
atuais R$ 2,30. também está previsto uma tarifa ainda mais cara,
de R$ 4,60 para ônibus que tiverem ar-condicionado e cadeiras
acolchoadas. Na proposta de Rui Palmeira quem mora mais longe do
centro, pagará mais. Ou seja, que mais precisa do transporte
coletivo vai pagar mais por ele.
Serão
criadas duas ou mais categorias de usuários de transporte. E, de
acordo com o critério da distância, os mais pobres pagarão mais.
Entre os bairros mais distantes está o mais populoso, o Benedito
Bentes. Por mais que se disponibilize veículos para o local, a
demanda parece nunca ser sanada. Ônibus lotados, pessoas espremidas
como sardinhas em lata. Sem falar no tempo gasto para chegar ao
centro da cidade: comprido como um dia de fome.
Se
a prefeitura faz bem cumprir sua obrigação em realizar a licitação
para o transporte público e assumir a responsabilidade de emissão
da bilhetagem, demonstra claramente sua opção de classe ao propor
tarifas diferenciadas de acordo com o trajeto da linha.
Não
será mais permitida a existência da câmara de compensação para
as empresas vencedoras da licitação? Esse é um artifício usado
pelas empresas para diminuir os impactos dos custos com o transporte
coletivo. De fato, ela é uma caixa-preta e nos moldes que se hoje,
ao pouco que se sabe, não dá para existir como está.
Outro
detalhe em instituir tarifas diferenciadas está na dificuldade que
surgirá ao empregar alguém. Se o trabalhador morar em um bairro
afastado, o empregador terá que pagar mais pelo auxílio-transporte.
Que empregador gosta de pagar o que quer que seja a mais a seus
empregados? A vida que já não é fácil para quem mora na periferia
vai ficar mais difícil. Ou não?
Se do ponto de vista técnico, digamos assim, a prefeitura demonstra
acerto, no essencial que são as pessoas que precisam do transporte,
ela erra feio. Ou acerta, se levarmos em conta a opção de classe do
prefeito Rui Palmeira.
Um comentário:
uma integração dos onibus com terminais fechados resolveria o problema de quem mora longe do centro ou de onde trabalha.
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