O
ódio conservador da elite brasileira diante de tudo que possui viés popular é
histórico. Não são poucos os fatos ao longo do tempo que comprovam essa
afirmação. Nos últimos anos – a partir de 2003, para ser mais exato – esse sentimento
voltou a aflorar, como na década de 1960 que acabou culminando no golpe de
1964.
Em
resumo dizem que as políticas sociais são eleitoreiras e servem para gerar “preguiçosos
e vagabundos”. O que defende nossa torpe elite é que o Estado se volte apenas
para ela. Como se em uma sociedade capitalista a “benevolência” do Estado por
natureza com a burguesia já não fosse suficiente.
Abaixo
reproduzo o relato de Maria Luiza Quaresma Tonelli publicado em 10 de dezembro em seu perfil no Facebook.
Ela é de São Paulo. Em seu texto conta uma conversa que teve com um motorista
de táxi.
Dá
para perceber bem por que a direita odeia tanto a esquerda no Brasil,
especialmente Lula e Dilma.
Abaixo o relato (publicado em 10 de dezembro de 2013).
Ontem, a caminho da
PUC para assistir ao prêmio CUT 2013 no TUCA, conversei com o motorista do taxi
durante todo o trajeto. Quanto perguntei se ele sabia onde era, respondeu todo
orgulhoso que sim, que sua filha vai colar grau em Psicologia na PUC no dia 22
de dezembro. Um homem bem simples, um nordestino do interior do Ceará, que mora
há décadas em São Paulo.
Ele perguntou o que
haveria na PUC, se era alguma festividade. Então contei que era um evento da
CUT.
Ao parabeniza-lo
pela filha, ele falou que ela nunca faltava às aulas e que era muito esforçada,
estudiosa demais.
Passou no ENEM com
excelentes notas e cursou os 5 anos pelo PROUNI, sem pagar nada, fez Psicologia
"numa faculdade de bacana, graças aos governos Lula e Dilma". Falou
que a filha toma três conduções por dia para chegar na PUC e três para voltar
para casa.
Disse que fez das
tripas coração para que a filha pudesse pagar o transporte, que não precisar
trabalhar enquanto estudava, que pudesse comer um lanche nos intervalos das
aulas, que pudesse comprar os livros necessários para o curso e umas roupas
arrumadinhas, para "não passar vergonha perante as colegas".
Além disso, falou
que pagava a análise (terapia) que a menina precisou fazer, como estudante de
Psicologia, pois ela quer clinicar. Disse que a filha quer fazer mestrado e
Doutorado.
Na sequência da
conversa, falou que o namorado da filha está se formando em engenharia pelo
Prouni e que estava muito orgulhoso, pois seus netos terão uma vida muito
diferente da vida que ele e que seus filhos tiveram.
Orgulhoso, contou
que filho mais novo está cursando Direito, também pelo Prouni.
Enfim, quando falei
para ele que o Brasil realmente mudou muito depois do Lula, com a abertura de
oportunidades para os filhos das classes mais pobres ele disparou: "não é
por acaso que inventaram esse tal de mensalão para tirar o PT do poder".
Mas o bom mesmo foi
quando ele disse: "os ricos têm
medo que os filhos dos pobres amanhã sejam os patrões ou chefes dos filhos dos
ricos e a senhora tenha certeza de que isso vai acontecer, porque esses
meninos das classes ricas não querem nada com nada, encontram tudo de bandeja,
mas isso está acabando. O Brasil mudou e só os que tiveram tudo na vida ainda
não perceberam".
E o melhor de tudo
foi quando falou que num país onde a maioria esmagadora é pobre, então a
maioria dos votos é dos pobres, que decidem quem vai ser eleito. Quando falei
para ele que muita gente egoísta diz que os pobres votam no Lula por causa do
Bolsa-Família ele disse"Oxi, e pobre por acaso não pode ter
interesse"?
Um comentário:
Só os jovens absorverão esta maneira de pensar solidária. Os mais velhos já encroou, endureceram, e perderam o que o ser humano tem de melhor - a solidariedade.
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