Em
entrevista publicada no portal Tribuna Hoje, o advogado Gustavo
Ferreira defendeu a manutenção do financiamento privado de campanhas eleitorais.
Ferreira é especialista em questões eleitorais e afirmou que “o financiamento
público será um ‘santo remédio’ para o caixa dois daqueles que querem apoiar
candidatos com interesses escusos. A pessoa que quer fazer mal feito vai fazer
de qualquer jeito, pois já está mal intencionado”.
Ora,
que lei pode ser criada que impressa toda e qualquer transgressão? Isso não
existe. O problema do caixa dois também é parte das doações de empresas.
Há
um limite para as doações que tem como referência a declaração do imposto de
renda (IR). Se o doador sonegou IR sua capacidade de doação pelos meios legais
diminui. Caixa dois não é somente feito com desvio de verba pública como muita
gente pensa!
Em
outra declaração, Ferreira afirma que financiamento público é “jogo de faz de
conta”. Jogo de faz de conta é manter o financiamento privado onde as doações
se centralizam em poucas candidaturas, tirando o equilíbrio do jogo eleitoral. É
faz de conta por finge ser democrático. E não o é por não haver igualdade de
condições.
Em
outra parte da matéria, Gustavo Ferreira questiona que “se hoje, com a
prestação de contas, já há notícia e até provas de caixa dois, imagine com o
financiamento público?”. Em outro trecho ele faz a seguinte colocação: o
projeto diz que os partidos maiores ganharão mais e os partidos pequenos
ficarão com as menores parcelas. Desta forma estará oficializando a
desigualdade o que é muito grave.
Com
financiamento público haverá, inclusive, menos contas a serem fiscalizadas. Serão
apenas as contas partidárias, uma vez que é o partido quem receberá o recurso e
o destinará para a campanha. O candidato ser o receptor do financiamento
público e não o partido é incabível. Qual o critério que o Estado terá para
fazer as doações aos indivíduos?
Sobre
os partidos não receberem o mesmo valor, vale a lógica da proporcionalidade,
como em relação ao tempo de rádio e televisão nas propagandas eleitorais. O advogado
fala como todos os partidos recebessem os mesmos valores em doações de campanha
das empresas privadas.
O
que está em jogo não é – apenas – a questão da legalidade, mas da legitimidade
e do fortalecimento da democracia. Será que é legitimo que as grandes empresas
e corporações controlem o jogo eleitoral, definam por meio da estrutura quem vai
ser eleito ou não?
Tem
muito parlamentar e membros do Poder Executivo – em qualquer esfera e coloração
partidária – que não tem voto, tem estrutura. Articula-se aqui e acolá com “lideranças”
em redutos eleitorais na base do acordo financeiro. As pessoas não sabem nem em
quem estão votando, votam apenas por que a “liderança” pediu ou, em alguns
casos, coagiu.
Quanto
menos influência do poder econômico das eleições, mas justa e democrática ela
será. E é óbvio que nem de longe será perfeita, apenas mais justa. O que diante
de nossa realidade já é um salto enorme. Tampouco os vícios da disputa
eleitoral se acabarão como um passe de mágica. Também será precisa dar tempo
para que a nova regra passe a fazer parte de nossa cultura política-eleitoral.
Um comentário:
Financiamento privado é um câncer social. É levar a sociedade, humana, para a desumanização. Isto é pior do que o inferno.
É imoral, toda representação da população escolhida por voto que correspondem a vontade de cada eleitor, de um candidato com campanha financiada por um interesse privado. Esta representação relegará a outro plano o “Interesse Social”. Como exemplo, os saques e negação a direitos sociais, sempre em benefício do interesse econômico, quem financiou campanhas.
O financiamento público de campanha talvez deva ser visto como uma bolsa para ajuda de custos.
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