O
músico Zé Ramalho concedeu uma entrevista ao Estadão,
tendo como tema central sua carreira, novos e antigos discos. Ramalho
é um dos melhores artistas musicais brasileiros, sem a menor sombra
de dúvida. Porém, o curto diálogo publicado no site do jornal
paulista mostra um homem bem confuso e ignorante sobre o que vem a
ser comunismo.
Antes
de comentar as falas de Ramalho, cabe o destaque para a aflição da
imprensa grande em promover mal-estar. A entrevista era sobre a
carreira do cantor, mas já no final, o tema se torna as
manifestações de junho de 2013 e o governo Dilma.
Não
que artistas não possam ou devam comentar sobre a política
nacional, tampouco veículos de imprensa perguntar a entrevistados o
que pensam sobre a política. Nada disso! Mas esse não era o tema da
entrevista. É difícil dizer, mas se as respostas do Zé Ramalho
tivessem sido diferentes em relação ao governo, provavelmente elas
não teriam sido publicadas.
E
onde está a confusão do Zé Ramalho na entrevista? Ora, ao “acusar”
o governo Dilma de “social-comunismo” ele demonstra que, além de
ser ignorante sobre o que venha a ser o comunismo, se mostrou uma
pessoa extremamente elitista.
Comunismo
é, em pouquíssimas palavras, uma corrente filosófica que defende o
fim do Estado, assim como o Anarquismo. A diferença entre eles é o
Socialismo como etapa. O governo atual no Brasil em nada tem de
comunista. Isso é devaneio de esquerdófilo. Aliás, nunca houve um
governo comunista no mundo. No comunismo não há governo.
Ramalho
afirmou ser “chato” dividir as riquezas. Ser uma “m****” as
pessoas terem mais oportunidades e usou, como de costume entre a
classe média tradicional, o acesso a viagens de avião. “andar de
avião com todas as cadeiras chapadas, não há mais primeira classe,
executiva, é pra tudo ser igual”.
Se
autoridades do Estado brasileiro usam “jatinhos” para se
locomover enquanto as demais pessoas comem “kit Bauducco”, isso
não é culpa ou construção desse governo, ou mesmo dos anteriores
– pelo menos uns cinco deles – e sim, da lógica da sociedade
brasileira: capitalista e atrasada. E é bem verdade que em países
de todo o planeta, autoridades não usam os mesmos serviços
ofertados à população. Seja ele bom ou ruim.
Ao
mesmo tempo que condena o governo federal pelo seu “social-comunismo”
e o uso de “regalias”, Ramalho parece defender a realização da
Copa do Mundo ao criticar a realização de protestos contra o
evento e quem, de acordo com ele, participa dessas manifestações.
“Protestar contra a realização da Copa do Mundo é uma idiotice.
Porque todos os que estão protestando estarão no estádio
assistindo. É uma mesquinhez, um pensamento mesquinho, escolher este
motivo para protestar contra gastos do governo”, afirmou.
Ramalho
chama de mesquinho quem protesta contra a Copa, mas condena o fato do
governo Dilma querer que todos tenham as mesmas condições de
consumo. Dá para entender?
Ainda
para completar, ele se esquiva de opinar sobre o Escritório Central
de Arrecadação e Distribuição (Ecad), órgão federal responsável
pela cobrança de direitos autoriais, por exemplo. Justo na esfera
específica à sua carreira, seu trabalho, Zé Ramalho sai pela
tangente. “Eu é que não vou me desgastar”, esquivou-se.
Zé
Ramalho na verdade – e se a edição da entrevista não tiver
comprometido suas respostas – se mostrou o típico cidadão da
classe média tradicional. Confuso sobre esquerda e direita; confuso
sobre se condena o governo distributivo de riquezas ou a “mesquinhez”
de ser contra a Copa do Mundo. Mas mesmo com essa confusão e certa
dose de ignorância, há sinceridade – pelo menos a meu ver – em
suas palavras. Em resumo, Zé Ramalho foi sincero, confuso e
ignorante.
Um comentário:
O mais lamentável em tudo isso, é saber da ignorância desse grande artista brasileiro que tanto admiro,não por ele ser contra ou a favor do governo,todos somos livres para dá opiniões,mas sim pelas suas justificativas de ser contra o governo.
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