terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Se vira, Bolsonaro

Bolsonaro rumo à condição de descarte (Foto: Reprodução)

A passos largos, Jair Bolsonaro (PL) vai se consolidando como rolete chupado no ambiente político. Sua derrota em 30 de outubro marcou o início de seu descarte por quem lhe dava alguma sustentação política, relevando sua postura criminosa enquanto esteve no Palácio do Planalto. Algo previsto diante das implicações de se permanecer com a imagem vinculada ao totem dos patriotários e terroristas.

E essa bola eu já havia cantado há algum tempo (VEJA AQUI , AQUI e AQUI).


No dia 16 de janeiro, a coluna de Daniel Cesar, no portal IG trouxe conversas de um grupo de Whatsapp do PL, no qual Valdemar Costa Neto afirma que “Bolsonaro acabou”. 

“O PL não é o Bolsonaro. O Bolsonaro acabou. Esqueçam ele. Conversem comigo e vamos decidir aqui os rumos do PL”, disse o dono do PL em nível nacional.

Esse movimento não é à toa. Por pressão de Bolsonaro de quem está por trás dele, o PL apresentou um documento fajuto, que não serve nem para rascunho em bodega, para inflar a narrativa de que as eleições de 2022 foram fraudadas. O tal “estudo” apontou falhas somente em urnas da região Nordeste. 

De pronto, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, aplicou multa de R$ 22,9 milhões por litigância de má fé e bloqueou os recursos do Fundo Partidário do PL. Deixou o partido à mingua, levando à falência o negócio de Valdemar Costa Neto. Sim, para ele, o PL é um negócio.

Outro exemplo do afastamento que o mundo da política quer de Bolsonaro foi a fala de Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados, em entrevista coletiva na manhã de 16 de janeiro, durante visita à Polícia Militar do Distrito Federal.

“Cada um responde pelo que faz. Meu CPF é um, o CPF do presidente Jair Bolsonaro é outro”, respondeu o parlamentar ao ser questionado se defende punição ao ex-presidente por envolvimento no ato terrorista de 8 de janeiro.

Não interessa a Arthur Lira estar vinculado a Jair Bolsonaro, mesmo que não houvesse relação entre ele e o terrorismo fascista no Brasil. Mudou o governo, mudou o campo de atuação.

Os atos terroristas ocorridos após a eleição de 30 de outubro de 2022, com destaque para o de 8 de janeiro só aumentam a necessidade desse afastamento.

Rei morto, rei posto. E se o antigo “rei” tende a responder por uma série de crimes, inclusive o de golpe de Estado, distância pouca é bobagem. Quanto mais longe possível, melhor.

E esse vácuo que Bolsonaro deve deixar entre os patriotários já está em disputa. Antes mesmo de sua fuga para os Estados Unidos, o então vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) já insinuava esse movimento. Após a fuga, que o colocou na condição de presidente da República por um dia, Mourão foi à cadeia de rádio e tevê para se distanciar de Bolsonaro.

Estão nessa briga pelo amor e devoção dos patriotários o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) que, assim como Mourão, se elegeu senador. Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais que evidenciou isso também em 16/01 ao reverberar a lorota de facilitação à quebradeira na Praça dos Três Poderes de 8/01.

Vale tudo pelo amor, mesmo que seja um amor bandido.

Nesse jogo ainda tem o Tarcísio Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, mas este tem tentado passar a imagem de mais moderado, até por ter Gilberto Kassab como guru. Se ele seguir as orientações do ex-prefeito de São Paulo, pode avançar em alguns espaços. A ver.

O fato é que Bolsonaro está na iminência de começar a responder judicialmente por seus crimes, seja enquanto presidente, seja após estimular o terrorismo fascista no Brasil. E ninguém, exceto patriotários – ou quem ainda vê neles sua cesta de votos – ainda insiste em se manter vinculado a ele.

Quem possui ao menos dois neurônios em funcionamento já tem como mantra: “se vira, Bolsonaro”.


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