Ministro da Secom, Paulo Pimenta (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil) |
A Secretaria de Comunicação (Secom) do Governo Federal anunciou, por meio de portaria no Diário Oficial da União (DOU), a criação da Coordenação-Geral de Liberdade de Expressão e Enfrentamento à Desinformação, vinculada ao Departamento de Promoção da Liberdade de Expressão. A ideia já foi anunciada assim que o ministro Paulo Pimenta assumiu a pasta no governo Lula (PT). Contudo, a publicação no DOU não especifica como e onde irá atuar e é aí o X da questão.
É evidente que a estrutura da Secom do Governo Federal ainda está sendo montada, logo, não qualquer alarde sobre esse setor é puro chilique da mídia comercial. Entretanto, cabe, sim, questionamentos sobre sua atuação futura.
Qualquer pessoa com honestidade intelectual não discorda do alto grau de fake news que tem se proliferado no Brasil, inclusive promovendo mortes, como foi no caso do combate à pandemia de covid-19.
A enormidade de robôs nas redes sociais e aplicativos de mensagem, sem contar o sem número de perfis em plataformas como o Youtube e até em emissoras de radiodifusão, que espalham mentiras disfarçadas de opinião ou até como se fosse conteúdo noticioso é algo que precisa ser combatido urgentemente. Essa prática interdita o bom debate público sobre os problemas do país.
Daí, contraofensivas nessa seara são importantíssimas sob risco de ficarmos sempre “correndo atrás do próprio rabo”.
Dito isso, é preciso estabelecer mecanismos para identificar o que é mentira e diferenciar do engano, do erro sem intenção de cometê-lo. Além, é óbvio, de separar o que é opinião do que é a mais pura lorota.
No jornalismo quando se comete um erro na divulgação da informação, dá-se o nome de “barrigada”. As barrigadas não são intencionais e ocorrem quando houve algum tipo de problema na apuração da notícia veiculada. Já a mentira é proposital.
Nesse interim se tem também a forma como as notícias são apuradas, em muito caso somente com base em declarações, seja em “on” ou em “off”. Se a declaração dada estiver errada, a mentira, a desinformação dissimulada aí, é da fonte e não do repórter.
Então, por que não se checa se a fala da fonte está correta? Esse questionamento é verdade e isso, por muitas vezes, esbarra em duas questões: deadline e o fetiche da velocidade.
Por vezes o prazo para entrega do material não permite melhor apuração; por vezes, o veículo quer publicar primeiro para atrair para si as buscas no Google, por exemplo.
Já em relação aos perfis nas redes sociais, em meu ver, o foco deve ser naqueles que são centros de desinformação, o que viralizam a mentira. Os replicadores “inocentes” só repassam o que receberam dos primeiros. E se até jornalistas encontram dificuldade de checar algumas informações que recebem, imagine pessoas não treinadas para isso.
Contudo, a inciativa é importante e se bem montada e com foco bem definido, ajudará à sociedade brasileira em seu debate público.
Clique aqui para ver a publicação no DOU.
Um comentário:
Combater a desinformação é urgente, mas como você falou tem que tomar cuidado para não cair na censura e também diminuir os ataques da mídia
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