terça-feira, 21 de março de 2023

Midiazona quer Lula sem Lula; precisa, e muito, de semancol

Lula durante (re) lançamento do Mais Médicos (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Prestes a completar 100 de seu terceiro governo, Lula tem priorizado a reconstrução de ações governamentais destruídas após o golpe de 2016, cujo furor antipovo se acentuou no governo militar que teve Jair Bolsonaro (PL) como espantalho.

Os analistas jogaram algo como “em 100 dias, Lula ainda não tem marca”. Parece piada, e até pode ser, a depender do ponto de vista, mas é, sem dúvidas, de muito – mas muito – mau gosto.


O Brasil deixado por Lula em 2010 era um país onde os brasileiros passaram a ter casa, comida, mais acesso à saúde e à educação e, fundamentalmente, emprego e renda. Sem falar do enorme prestígio internacional e a inexistência de um Banco Central sabotador. Realidade bem diferente ao final de 2022.

Daí, é urgente retomar o caminho trilhado até 2016 para, somente a partir daí, “pensar algo novo, diferente”.

Mas é sempre bom destacar que como se pode pensar algo diferente se os problemas da maioria do povo brasileiros seguem os mesmos?

Como pensar algo diferente, se agora o Banco Central não responde ao governante eleito, mas ao sistema financeiro? E ainda para piorar, atua no boicote ao governo recém-eleito!

Até por força da circunstância, Lula tem atuado nesses quase 100 dias naquilo que cabe quase que exclusivamente ao Poder Executivo. No Congresso Nacional, o tabuleiro da correlação de forças ainda requer arrumação, por exemplo.

Em resumo, o cenário político atual é mais complexo que há 20 anos. E até mesmo na midiazona. Hoje há mais colunistas com discurso não tão alinhados com os dos donos das empresas de comunicação.

Por “não tão alinhados”, por favor, não entenda discordante em 100%. No quesito economia, os barões da mídia também são financistas e como tal, impõe linhas editoriais em defesa de seus interesses. Mas quem acompanhou a relação mídia/governo Lula há 20 anos, jamais imaginaria ver Miriam Leitão falar em combate à fome.

Está aí um exemplo de nuance atual.

Mas isso não diminui o papel antipovo que a imprensa grande possui. Não, nem um pouco.

Ao falar em “falta de marca” de Lula por reeditar programas bem-sucedidos dos governos encabeçados pelo PT, fica evidente que a midiazona queria que o presidente desse de ombros para o desemprego, à falta de moradia, à fome e ao isolamento internacional que os últimos anos puseram o país.

Os donos da imprensa grande não mudam, mas querem que Lula mude. Isso é falta de “semancol”, para dizer o mínimo.

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