domingo, 22 de outubro de 2023

Árvore de Natal é de JHC armadilha para desviar debate sobre hospital

JHC usa árvore de Natal para encobrir debate sobre compra de hospital

O prefeito João Henrique Caldas (PL), conhecido como JHC, montou uma armadilha narrativa para tentar desviar o debate acerca da duvidosa compra do Hospital do Coração pelo Município ao mandar instalar – à revelia – uma árvore de Natal no Marcos dos Corais, situado bem na curva da orla de Ponta Verde, região mais “nobre” da capital alagoana. 

Ainda em 2022, Prefeitura de Maceió e Governo do Estado passaram pela mesma divergência, mas prevaleceu um acordo judicial para a instalação do bibelô natalino. Apesar de ficar na orla de Maceió, o Marco dos Corais é um equipamento sob os cuidados do Governo do Estado. Logo, precisa de sua aprovação para a instalação de qualquer coisa no local.


Inclusive, esse é também um entendimento judicial. Após a retirada da árvore de Natal de 2022 no início deste ano, o Governo do Estado apontou a existência de danos gerados pelo enfeite natalino. Como reportou o portal do Jornal Extra de Alagoas, no último dia 19 de outubro, “o caso virou processo (nº 0741046-25.2022.8.02.0001) e o governo obteve vitória em decisão judicial determinando que qualquer intervenção na área deve passar pela autorização da Setur [Secretaria de Estado do Turismo]”. (LEIA AQUI)

Ou seja, JHC já sabia que teria de comunicar ao Governo do Estado e apresentar toda a documentação exigida para a instalação do adereço de Natal, a exemplo de garantias de não danificação do Marco dos Corais.

A Prefeitura de Maceió foi notificada e a montagem da Árvore de Natal. Logo, e até onde vi, partiu da primeira-dama de Maceió, Marina Candia, chamar o Governo do Estado – ou o governador Paulo Dantas (MDB) – de Grinch. Trata-se de personagem que detesta o Natal e tenta a todo custo evitar que pessoas de um vilarejo próximo o comemorem. Grinch foi interpretado no cinema pelo ator Jim Carrey.

Primeira-dama de Maceió, Marina Candia, nas redes sociais

JHC sabia dos trâmites para a instalação da Árvore Natal, mas não os fez justamente para gerar essa polêmica menor. É mais fácil engajar as pessoas, os eleitores médios, com pequenas coisas.

O eleitor médio não está interessado em política, ao menos não 24 horas por dia, sete dias por semana. Quando muito, esse eleitor, que é a maioria entre nós, lê manchetes de sites e jornais ou sabe de algo através de algum meme na internet. É assim no Brasil, é assim no resto do mundo. O que diferencia, talvez, é a proporção desse perfil em cada população. (ENTENDA MAIS NAS OBRAS DESTES LINKS: AQUI, AQUI e AQUI)

JHC está sob ataque da oposição, mais notadamente do senador Renan Calheiros. Nesta semana, dois vereadores de Maceió, José Márcio Filho (MDB) e Joãozinho (PSD), foram impedidos de entrar no Hospital do Coração, comprado por R$ 226 milhões com recursos da indenização da Braskem ao Município de Maceió.

Para tentar justificar o valor pago, apontado como sobrepreço, JHC divulgou um parecer da própria Prefeitura, da Secretaria Municipal de Ações Estratégicas e Integração Metropolitana (SEMAEMI), assinada pelo titular da pasta, Ricardo de Luna Gomes.

Faz-me rir. Será que alguém crê na possibilidade de um secretário dar um parecer contrário a uma ação de gestor que o nomeou?

Mas como as coisas que envolvem os recursos da Braskem parecem ser feitas às pressas na Prefeitura de Maceió, o tal parecer aponta contradições em relação ao discurso de JHC para se promover com a compra do Hospital do Coração, como pontua o jornalista Edvaldo Júnior. Há inconstâncias sobre a quantidade de leitos e sobre a área total do imóvel desapropriado por JHC. (LEIA AQUI).

Se o desgaste em torno da imagem de JHC por causa da compra do Hospital do Coração terá resultado suficiente para enfraquecê-lo eleitoralmente para 2024, só o tempo poderá mostrar. Mas, confesso, até agora, parece pouco diante do acumulado de capital político em Maceió que ele adquiriu. Mas o caso foi judicializado e pode – difícil, mas não impossível – resultar em inelegibilidade de JHC para 2026.

Capital político se ganha com processo cumulativo, independente do instrumento que se use ou área  em que se atue. JHC ficou mais de dois anos nadando de braçada, sem oposição constante e permanente. É para isso que serve oposição, evitar ou atrapalhar os adversários políticos de acumular força.

Mas independente de os ataques por causa da compra do Hospital surtirem ou não o efeito desejado, o prefeito João Henrique Caldas sentiu o golpe. Tanto sentiu que não fala nada sobre os questionamentos, exceto pelo parecer “faz-me rir” de uma de suas secretarias.

Tanto sentiu que montou a armadilha narrativa em torno da árvore de Natal.


MAIS SOBRE ESSE TEMA:


Maceió: JHC driblou lei, mas vereadores teriam que aprovar desapropriação de Hospital

https://caduamaral.blogspot.com/2023/10/maceio-jhc-driblou-lei-mas-vereadores.html


Prefeito JHC parece estar com pressa para gastar dinheiro da Braskem


2 comentários:

Sara Freitas disse...

Uma coisa temos de reconher, Jhc é bom para desviar o foco

Anônimo disse...

Penso como a sara