Nicole Zedeck, responsável pela mentira dos 40 bebês decapitados (Reprodução) |
Na terça-feira, 10 de outubro, correu como rastilho de pólvora a informação de que o Hamas teria decapitado 40 bebês israelenses. O perverso fato logo tomou conta das manchetes dos principais sites da mídia grande e os perfis de pessoas da extrema-direita brasileira. A viralização dessa mentira e o estrago feito sobre o entendimento do histórico conflito entre Israel e palestinos aumento ainda mais.
A “notícia” foi dada pela repórter Nicole Zedeck, do canal israelense i24News. A comoção foi geral, servindo como instrumento da desumanização constante dos palestinos.
Mas na mesma terça-feira, o porta-voz do Exército de Israel disse à agência de notícias turca Anadolu, que não tem informações sobre o esse fato. Seria impossível o exército israelense não ter conhecimento de uma coisa assim se isso tivesse mesmo ocorrido. E isso até foi noticiado no Brasil, mas sem o devido destaque da mídia grande.
Logo após a revelação da mentira, Nicole Zedeck foi ao Twitter – agora X – remendar a história. Ela disse que soldados lhe disseram “que acreditam que 40 bebês/crianças foram mortas”. Acreditam. Acham. Não confirmaram nada.
Soldiers told me they believe 40 babies/children were killed. The exact death toll is still unknown as the military continues to go house to house and find more Israeli casualties. https://t.co/PEGSFXgb9x
— Nicole Zedeck (@Nicole_Zedek) October 10, 2023
Tradução da postagem de Nicole Zedeck |
Pelos fetiches da velocidade e da criminalização dos palestinos, a repórter soltou uma informação desse nível sem confirmar, com base no achismo de soldados que deveriam estar confusos. Guerras, conflitos armados, deixam as pessoas confusas mesmo. Ou pior – e bastante crível –, soldados que mentiram mesmo.
Os tais fetiches não são privilégio da repórter israelense. No Brasil, os veículos da imprensa grande reproduziram a informação acriticamente – ou seria criminosamente? –, seja para puxar o algorítimo da internet para si, seja para reforçar a narrativa ocidental contra palestinos e árabes em geral.
Há uma máxima que diz que numa guerra, a primeira vítima é a verdade. Mas no caso do massacre de Israel contra os palestinos, a verdade morreu há muito tempo.
A internet é um instrumento importante para a pluralidade de ideias, mas também um grande amplificador de falsas narrativas e teorias esdrúxulas. Como muito bem afirmou Umberto Eco: a internet deu voz aos imbecis.
E os manipuladores ganharam outro instrumento para manter a horda imbecializada.
EM TEMPO
É possível defender a Palestina e seu direito a ter um Estado, um pedaço de chão para que os palestinos chamem de seu, sem apoiar o ato do Hamas, que não deslegitima a luta palestina. O povo palestino é, atualmente, o povo mais oprimido do mundo. Nunca devemos equivaler a reação do oprimido com a agressão do opressor.
Também é possível defender que os judeus tenham seu pedaço de chão. O que não dá é justificar o que eles fazem há décadas: massacre e roubo do chão dos outros.
A mídia e tão criminosa quanto Israel
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