Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é índice oficial de inflação apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre de janeiro de 2023 a abril de 2025, a redução a que os brasileiros tiveram acesso foi de 3,18%.
Em entrevista à Míriam Leitão, do jornal O Globo, Magda Chambriard, presidente da Petrobras, queixou-se sobre o fato de as distribuidoras não repassarem a redução dos combustíveis aos consumidores. “Quando o preço rebaixado pela Petrobras não chega ao consumidor final, isso nos incomoda. Nos incomoda principalmente quando um distribuidor que tem o nosso logo, por exemplo, não repassa o preço. Na verdade, todas incomodam”.
Além do óleo diesel, o querosene de aviação também teve redução de preço em 36%; e a gasolina, de 11%, levando em conta a inflação do período.
E por que essas reduções não chegam aos brasileiros? Ora, porque a BR Distribuidora foi abocanhada pela sanha neoliberal de vender patrimônio público. Vender, não. Entregar de mão beijada.
A BR Distribuidora foi vendida aos poucos, num processo que começou em 2017 e encerrou em 2019, com vendas de ações fazendo a Petrobras – ou seja, o povo brasileiro – perder o controle da empresa que tem por função levar a produção da maior empresa estatal do país a seu povo.
A Petrobras arrecado cerca de R$ 22 bilhões enquanto o valor de mercado da BR Distribuidora, em 2019, era de aproximadamente R$ 30 bilhões, segundo dados oficiais. Em termos numéricos, a defasagem não é tão grande, mas aqui falamos de algo estratégico para o país.
A Petrobras sempre foi um incômodo para a elite brasileira, desde sua fundação, quando Getúlio Vargas precisou fazer campanha de arrecadação para construir aquela que viria a ser a maior empresa brasileira.
E por “maior” não entenda somente em valores de produção e venda, mas de potencial de investimento no desenvolvimento nacional.
E é justamente por isso que a Petrobras sempre foi alvo da sanha dilapidadora da classe dominante brasileira e até internacional. Jamais o Brasil, “um país de selvagens do terceiro mundo”, pode sonhar em ser desenvolvido, igualitário e autossuficiente em energia.
Quando as teses neoliberais se tornaram hegemônicas no planeta, as garras de seus defensores se voltaram mais uma vez contra a Petrobras, que teve parte de seu patrimônio privatizado durante o governo Fernando Henrique Cardoso, do agora finado PSDB.
FHC não conseguiu vender a Petrobras de vez, mas permitiu que o Estado brasileiro não fosse o acionista majoritário da empresa, algo que foi desfeito após a eleição de Lula em 2002.
Nos governos Lula e Dilma, a Petrobras desempenhou o papel de indutora do desenvolvimento nacional, especialmente após o descobrimento da camada pré-sal. O Brasil passou a viver seu ápice, gerando riqueza e a distribuindo; os filhos dos mais pobres se formando em cursos superiores, alguns até estudando fora do Brasil. Vivemos pouco mais de uma década de muita pujança em todas as áreas.
Não é preciso detalhar o golpe que foi gestado e culminado com a retirada de Dilma da Presidência da República em agosto de 2016 e a prisão de Lula em abril de 2018, resultando na eleição de Jair Bolsonaro.
A dupla Michel Temer/Jair Bolsonaro, governos economicamente iguais, botaram a mão na massa. Transformaram a Petrobras em mera pagadora de dividendos a acionistas estrangeiros, venderam refinarias e sua distribuidora.
Em resumo, deixaram a maior empresa brasileira manca e sem dentes.
Os números que apontam para o não repasse da redução de preço de combustível pela Petrobras aos brasileiros deveria ser manchete em todos os jornais, sites e revistas; ser objeto de reportagens nos principais telejornais do país. Mas sabe por que a mídia hegemônica finge não saber disso? Por que ela foi partícipe nesse desmonte.
Simples assim.
Por mais que os preços dos combustíveis no Brasil sejam, por lei, livres, as distribuidoras – entre elas a privatizada BR Distribuidora – cometem crime de lesa-pátria, pois encarecem a vida dos brasileiros, seja na feira, na compra de remédios, material de construção, roupas…
Enfim, esse é um exemplo do legado deixado pelo consórcio Lava Jato, Michel Temer, Jair Bolsonaro, mídia hegemônica e Faria Lima, todos partícipes desse desmonte e da piora na qualidade de vida de nosso povo.
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