sábado, 19 de maio de 2012

O debate sobre a mídia



É cada vez mais forte o debate sobre a regulamentação dos meios de comunicação no Brasil. É cada vez mais presente a necessidade desse debate. Não dá mais pra escamoteá-lo ou ignorá-lo. Tanto que até FHC, divindade intelectual das elites brasileiras no plano terrestre, também tratou do tema afirmando, inclusive, ser a favor da regulamentação da mídia como fatos consolidador da nossa democracia.

O professor de Ciência Política e comunicação da UnB, Venício Lima, tem suas ressalvas quanto a essa novidade do, como diz Paulo Henrique Amorim, Farol de Alexandria. Em entrevista publicada no Portal Agência Carta Maior, Lima afirma: “...me assusta que FHC e o grupo em torno dessa promoção assumam a bandeira da regulação, eu jamais diria que ele é aliado. Se fosse teria promovido a regulação nos anos que foi presidente da República ou, então, o PSDB estaria apoiando alguma coisa nesse sentido.” – Leia entrevista completa aqui

Outra entrevista bastante interessante sobre o assunto quem concedeu foi o Presidente do Supremo Tribunal Federal – STF, Ministro Ayres Britto ao Blog do Luis Nassif. Britto é um constitucionalista, e como tal sua concepção de comunicação é o da Constituição Federal. “A Constituição é cautelosa. No parágrafo 5o diz que os meios de comunicação não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio. A Constituição proíbe oligopólio e monopólio.”clique aquie veja a distribuição de veículos de comunicação no Brasil

O próprio Britto já foi vítima da falta de jornalismo da grande imprensa. “Sempre atendo ao convite da grande imprensa para falar sobre o tema. Mas nunca deixo de dizer que ela pratique a mesma democracia que exige externamente. Só que, quando faço advertências, a imprensa não publica.”Leia a entrevista completa aqui

Nos últimos dias, vazou na internet um áudio do bicheiro – e não empresário, como gosta tanto de afirmar a Folha de São Paulo – Carlinhos Cachoeira sobre sua relação co a “revista” Veja através do “jornalista” Policarpo Júnior, o Poli.



A cada dia fica mais evidente que Cachoeira pautou a Veja nos últimos anos e que esta só estreitou seus laços com crime organizado.

A relação Veja / Cachoeira ultrapassou, e muito, a relação imprensa / fonte.

A Veja sabia de todos os braços criminosos do bicheiro, inclusive os políticos e sim, era seu papel expor isso. Mas ao contrário, a Veja e toda a grande imprensa brasileira, enalteceram o principal membro desse esquema no Congresso Nacional, o senador Demóstenes Torres.


Agora com a instalação da CPMI para investigar o caso, seus aliados tentam a todo custo impedir a convocação de membros da Veja para depor.

Alegações vão desde ataque à liberdade de imprensa a vingança de Collor.

Sobre os ataques à liberdade de imprensa, essa balela já está perdendo força. A imprensa ou jornalista não estão acima da lei. Se um veículo de comunicação ou um jornalista, quem quer que seja, matem relações com o crime, este deve responder como qualquer outro.

Não cabe invocar santidade ou divindade. A Veja, no mínimo, prevaricou. Sem falar que, se é a imprensa a registradora da História em tempo real, rasga tudo que vamos reescrever, pelo menos de 64 pra cá.

Os apoios ao golpe de 64 sempre foi conhecido, apesar de negado, e agora com um bicheiro como pauteiro...

Sobre a vingança de Collor, por conta do impeachment em 92, só cortina de fumaça. O senador até pode estar querendo ir à forra, mas em nada isto deslegitima a convocação dos membros da Veja, inclusive o dono Roberto Civita, à CPMI.

Além do mais, Collor em 89 foi produto da grande imprensa brasileira para derrotar Lula. São em parte, Collor e a grande imprensa, cria e criador.

Agora o que me faz falta nisso tudo, pelo menos eu não percebo, é atuação da Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ, dos sindicatos nos estados e nos cursos de comunicação (pelo menos onde eu curso – CESMAC/AL), estes eram para estarem fervilhando acerca de debates sobre a prática jornalística no Brasil.

Cito da FENAJ e dos sindicatos nos estados, porque recentemente ao assistir o bom programa Observatório de Imprensa, do apresentador e jornalista Alberto Dines, na TV Brasil sobre este momento, apenas houve a fala da Assossiação Brasileira de Imprensa – ABI (outras falas não eram de entidades), que é patronal e obviamente contra a convocação dos jornalistas envolvidos com Cachoeira à CPMI.

Será que a Federação e os sindicatos nos estados também concordam com a divindade do jornalista?

Sinceramente, espero que não.

Tanto se fala da excrescência que é a imunidade parlamentar. Isto pra mim é a mesma coisa, a mesma lógica. Jornalista pode fazer o que bem quiser sobre o guarda-chuva da liberdade de imprensa.

É claro que isso ta errado!

Já passou da hora desse debate tomar conta dos cursos de jornalismo Brasil à fora. Já passou da hora da FENAJ e os sindicatos estaduais botarem a cara na rua e se posicionarem, para além de prováveis notas, sobre as relações da grande imprensa com o crime organizado.

*Como não podia deixar de ser, a imagem inicial dessa postagem é a ótima (sempre é) charge do Bessinha.

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