A cada dia os discursos sobre comportamento e
política, especialmente política, estão mais conservadores. É comum vermos no Facebook, por exemplo, imagens com
discursos de negação da participação política ou de políticas sociais. Mensagens
com falas na boca dos outros com um teor que além de conservador, extremamente deselegante.
O principal deles é o do Oscar Niemeyer afirmando que deveria ter construído
Brasília no formato deum camburão. Niemeyer nunca disse isso. Não nem o seu
estilo. Leia mais aqui
Outra é a foto do Lula lendo um livro que estaria
de cabeça pra baixo. A inteligência rara que fez a imagem só esqueceu-se de
inverter a posição da capa do livro. Se ele está de cabeça pra baixo, a capa
deveria estar na mão direita.
Tal imagem é fruto de preconceito contra o
ex-presidente Lula. Pessoa do povo que saiu em um pau de arara do Nordeste para
São Paulo. Mais aqui
Outra na lógica das politicas sociais é sobre o
seguro para presos. É de uma ignorância sem tamanho. Nele se expressa também o
preconceito contra os pobres. Típico discurso do eleitorado do Serra na última
eleição. (foto abaixo bastante educativa feita por Jonas Albert)
clique para ampliar |
O que chama a atenção é a onde de jovens
conservadores. Acho que nunca tivemos uma geração jovem tão conservadora. Em todos
os aspectos.
É claro que o polo mais progressista existe e é
considerável em tamanho, mas a ferocidade conservadora chama a atenção. Basta meia
hora de rede social para perceber este fenômeno.
É claro que o entendimento das contradições nas
relações políticas não é fácil. Mesmo, muitas vezes, pra quem
vive no meio da política.
O discurso da realidade de forma reta, ignorando
tais contradições, é o mais fácil de fazer. Preto é preto; branco é branco e
ponto final. Não existe cinza, ou branco pérola.
Este é apenas um dos motivadores para o afloramento
do conservadorismo.
O principal é o preconceito arraigado nas entranhas
de parte de nossa população. Em média mais presente na (clássica) classe média.
Basta olharmos nossa imprensa. Moralista até a
tampa. Criou os Demóstenes da vida. O próprio Collor em 89 com sua caça aos
marajás, também foi fruto, entre outras coisas, do moralismo.
E moralismo é por essência, conservador.
A grande imprensa é responsável pela disseminação
desse moralismo. Propaganda de mosqueteiro da ética, todos os dias os editorias
tratam de que o Brasil é uma corja de corruptos, que todo mundo é igual na
sujeira. Além de deseducar politicamente, passa uma falsa impressão da
realidade.
E quando a imprensa se viu na berlinda de ser
julgada justamente por condutas éticas, desesperou-se. Basta um olhar mais
atento ao caso Veja / Cachoeira.
Agora a bola da vez é a eleição para a prefeitura de
São Paulo.
Primeiro vale ressaltar que a modus operanti da democracia brasileira não favorece o debate mais programático.
Sem reforma política estaremos fadados ao pragmatismo. Que por si só não é ruim.
Só não pode estar sempre só no jogo político.
Segundo que sobre o Maluf em São Paulo, este já
havia apoiado as candidaturas do PT. A última da Marta, por exemplo, teve seu
apoio. Até onde sei foi apoio sem palanque.
Se Maluf apoiasse o Serra, não seria o poço de contradição
que a imprensa tenta explorar. E nega a similaridade de perfil consigo e com
seus aliados. Falseamento da realidade.
Contradições fazem parte do nosso dia a dia. Na politica
não é diferente. E num ambiente onde não se prevalece o debate mais
programático, elas são mais evidentes.
Não existe, por si só, abandono de programa. Essa é
outra falácia que a imprensa joga a todo o tempo para a população.
Mas essas contradições ocorrem em todo o Brasil.
Heloisa Helena quando se elegeu senadora em 1998, teve apoio de setores conservadores
da política alagoana. Celso Luís, protótipo de coronel do sertão é o melhor
exemplo. O próprio Cícero Ferro, outro do mesmo tipo de Luís também a apoiou em
1998.
Quem não gosta de contradição, não pode se envolver
com política. Na verdade, não pode se envolver com nenhum tipo de relação
humana.
Quando fizermos / tivermos uma reforma política que
realmente mude a forma de exercer a democracia no país, com os partidos mais fortalecidos
onde se possa fazer o debate programático e a diferenciação entre eles ficar
mais evidente aos olhos de quem não vive / acompanha a política para além da imprensa,
poderemos cobrar postura mais programática do jeito que tem se cobrado por aí.
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