Muito tem
se falado sobre a liberdade de imprensa, especialmente nos últimos
tempos depois de reveladas as relações da maior revista do país, a
revista Veja com o esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Desde que
foi revelada a Operação Monte Carlo da Polícia Federal, mostrou-se
como Veja e bicheiro eram íntimos. Cachoeira era (ou é) o pauteiro
de Veja. Essa semana, após mais uma revelação dessa relação na
revista CartaCapital de nº 710, a expectativa era pela votação e
aprovação do requerimento de convocação do editor geral de Veja
em Brasília, Policarpo Júnior.
O
requerimento foi retirado da pauta. O autor, deputado Dr. Rosinha do
PT/PR, achou por bem retirar de pauta para o requerimento não ser
recusado. Numerosa é a bancada de veja no Congresso. Alguns membros
atuam de forma envergonha e outros de forma explícita, como é o
caso de Miro Teixeira do PDT/RJ. Miro nos faz sentir saudades
imensas do velho Leonel Brizola, um dos poucos que encaravam a grande
imprensa. Leia mais aqui
Neste
momento também se discute a liberdade imprensa em esfera global. A
perseguição a Julian Assange, fundador do Wikileaks – site que
revela documentos secretos de países e empresas multinacionais –
pela Inglaterra, fez voltar à cena internacional a atuação da rede
criada por Assange e sobre o direito das pessoas saberem o que
realmente pensam os governos e as grandes empresas internacionais.
Assange está “ilhado” dentro da embaixada do Equador na
Inglaterra. O Equador lhe ofereceu asilo político. Leia mais aqui
O
caso de Assange é claro em mostrar como a democracia liberal é
seletiva com quem pode exercer a liberdade. Inglaterra e Suécia,
que tem um pedido de extradição contra Assange, defendem os
interesses do grande capital internacional. Seja por conta das
empresas, seja por conta dos governos dos países que tiveram e tem
documentos revelados a todo instante. EUA e Inglaterra estão entre
os países preferidos do Wikileaks.
No
Brasil, o debate se dá com mais força desde meados de 2004 / 2005.
Aqui a imprensa também é bastante seletiva. A diferença aqui é a
presença de monopólios e oligopólios. Quatro famílias dominam a
comunicação em nível nacional: Marinho com as Organizações Globo
(TV, rádios – Globo e CBN – sites na internet e jornal); Frias
com o grupo Folha (MTV, jornal e sites na internet, entre eles o
UOL); Mesquita com o grupo Estado (jornal, Espn, rádio e internet) e
Civita com a editora Abril que detém esmagadora fatia do mercado de
impressos (revistas), além de sites na internet.
Para
percebermos a influencia dessas famílias, basta pegarmos os jornais
locais e vermos nas páginas de notícias nacionais que as matérias
são todas de um desses grupos, quando não uma matéria de cada um.
E
os artigos 220 e 221 de nossa Constituição são jogados no lixo. A
imprensa há muito tempo deixou de cumprir sua função social de
informar. Ela só desinforma e aliena. É (pseudo) moralista e
seletiva moralmente. Como se ser moralista, fosse algo bom.
O
moralismo é a antessala da vigarice.
Os
“soldados” da grande imprensa, com a internet, parecem que
perderam o juízo de vez. Recentemente Ricardo Noblat, do Globo,
mentiu deslavadamente sobre um episódio ocorrido numa festa em
Brasília. Noblat acusou o ministro do Supremo Dias Toffoli de
agredi-lo verbalmente. Noblat chegou a publicar os palavrões. Tudo
desmentido pelo filho do ex-ministro do Supremo, Sepúlveda Pertence, que também estava na festa citada.
Clique aqui
Sem
falar na postura anti PT e anti esquerda da grande imprensa, bem mais
explícita desde 2003 com o início do governo Lula. Quem não se
lembra de Eliane Cantanhede, ao gravar para a TV Folha (web) na
convenção do PSDB em 2010. Segundo a criatura de carbono, a massa
do PSDB é cheirosa. Assista aqui
Além
de pseudo moralista, a grande imprensa ajuda a criar essa sociedade
midiática que temos hoje. Todo mundo quer ser estrela de TV. É
claro que isso é parte da lógica do sistema capitalista. Viva as
artificialidades.
Porém
os efeitos nocivos são catastróficos. Se repararmos o
comportamentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal no
julgamento do suposto “mensalão”, por exemplo.
O
relator, Joaquim Barbosa disse que se a votação não fosse do jeito
dele, se retiraria do julgamento. É a mesma coisa de uma criança
dizer que se não jogar no ataque vai embora com a bola, porque a
bola é dela.
E
o Ayres Brito, que antecipou e permite o “vale tudo” no
julgamento por pressão midiática. Alguns dizem que ele quer entrar
pra História. Que forma melhor fazer isso com capas e manchetes
positivas da grande imprensa? Leia mais aqui e aqui
Sem falar na criminalização da política, afastando as pessoas de uma maior participação e organização. tudo para manter o status quo dominante. Leia mais aqui
Na
história recente só Lula conseguiu passar ao largo dela. Entrou pra
História sem o consentimento da grande imprensa. Isso ela não
perdoa. Como não perdoa a quadruplicação de veículos que recebem
publicidade estatal. Antes de Lula eram 499 veículos, depois de Lula
mais de 2000.
Já
passou da hora de regulamentarmos a comunicação no país. O papel
que cumpre a imprensa hoje é lamentável.
É
bom que fique claro, que não trato aqui de conteúdo. Os veículos
tem direito a ter opinião. Só não tem o direito de distorcer a
realidade.
O
direito de resposta precisa ser regulamentado. O ônus de prova para
acusador precisa valer para a imprensa. Não podemos ter monopólio
nem oligopólio na comunicação. Nem nos EUA, paraíso capitalista
na Terra, tem. Porque que no Brasil tem que ter?
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