sábado, 18 de agosto de 2012

A seletiva liberdade de imprensa

Muito tem se falado sobre a liberdade de imprensa, especialmente nos últimos tempos depois de reveladas as relações da maior revista do país, a revista Veja com o esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Desde que foi revelada a Operação Monte Carlo da Polícia Federal, mostrou-se como Veja e bicheiro eram íntimos. Cachoeira era (ou é) o pauteiro de Veja. Essa semana, após mais uma revelação dessa relação na revista CartaCapital de nº 710, a expectativa era pela votação e aprovação do requerimento de convocação do editor geral de Veja em Brasília, Policarpo Júnior.

O requerimento foi retirado da pauta. O autor, deputado Dr. Rosinha do PT/PR, achou por bem retirar de pauta para o requerimento não ser recusado. Numerosa é a bancada de veja no Congresso. Alguns membros atuam de forma envergonha e outros de forma explícita, como é o caso de Miro Teixeira do PDT/RJ. Miro nos faz sentir saudades imensas do velho Leonel Brizola, um dos poucos que encaravam a grande imprensa. Leia mais aqui

Neste momento também se discute a liberdade imprensa em esfera global. A perseguição a Julian Assange, fundador do Wikileaks – site que revela documentos secretos de países e empresas multinacionais – pela Inglaterra, fez voltar à cena internacional a atuação da rede criada por Assange e sobre o direito das pessoas saberem o que realmente pensam os governos e as grandes empresas internacionais. Assange está “ilhado” dentro da embaixada do Equador na Inglaterra. O Equador lhe ofereceu asilo político. Leia mais aqui

O caso de Assange é claro em mostrar como a democracia liberal é seletiva com quem pode exercer a liberdade. Inglaterra e Suécia, que tem um pedido de extradição contra Assange, defendem os interesses do grande capital internacional. Seja por conta das empresas, seja por conta dos governos dos países que tiveram e tem documentos revelados a todo instante. EUA e Inglaterra estão entre os países preferidos do Wikileaks.


No Brasil, o debate se dá com mais força desde meados de 2004 / 2005. Aqui a imprensa também é bastante seletiva. A diferença aqui é a presença de monopólios e oligopólios. Quatro famílias dominam a comunicação em nível nacional: Marinho com as Organizações Globo (TV, rádios – Globo e CBN – sites na internet e jornal); Frias com o grupo Folha (MTV, jornal e sites na internet, entre eles o UOL); Mesquita com o grupo Estado (jornal, Espn, rádio e internet) e Civita com a editora Abril que detém esmagadora fatia do mercado de impressos (revistas), além de sites na internet.

Para percebermos a influencia dessas famílias, basta pegarmos os jornais locais e vermos nas páginas de notícias nacionais que as matérias são todas de um desses grupos, quando não uma matéria de cada um.

E os artigos 220 e 221 de nossa Constituição são jogados no lixo. A imprensa há muito tempo deixou de cumprir sua função social de informar. Ela só desinforma e aliena. É (pseudo) moralista e seletiva moralmente. Como se ser moralista, fosse algo bom.

O moralismo é a antessala da vigarice.

Os “soldados” da grande imprensa, com a internet, parecem que perderam o juízo de vez. Recentemente Ricardo Noblat, do Globo, mentiu deslavadamente sobre um episódio ocorrido numa festa em Brasília. Noblat acusou o ministro do Supremo Dias Toffoli de agredi-lo verbalmente. Noblat chegou a publicar os palavrões. Tudo desmentido pelo filho do ex-ministro do Supremo, Sepúlveda Pertence, que também estava na festa citada. Clique aqui

Sem falar na postura anti PT e anti esquerda da grande imprensa, bem mais explícita desde 2003 com o início do governo Lula. Quem não se lembra de Eliane Cantanhede, ao gravar para a TV Folha (web) na convenção do PSDB em 2010. Segundo a criatura de carbono, a massa do PSDB é cheirosa. Assista aqui

Além de pseudo moralista, a grande imprensa ajuda a criar essa sociedade midiática que temos hoje. Todo mundo quer ser estrela de TV. É claro que isso é parte da lógica do sistema capitalista. Viva as artificialidades.

Porém os efeitos nocivos são catastróficos. Se repararmos o comportamentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal no julgamento do suposto “mensalão”, por exemplo.

O relator, Joaquim Barbosa disse que se a votação não fosse do jeito dele, se retiraria do julgamento. É a mesma coisa de uma criança dizer que se não jogar no ataque vai embora com a bola, porque a bola é dela.

E o Ayres Brito, que antecipou e permite o “vale tudo” no julgamento por pressão midiática. Alguns dizem que ele quer entrar pra História. Que forma melhor fazer isso com capas e manchetes positivas da grande imprensa? Leia mais aqui e aqui

Sem falar na criminalização da política, afastando as pessoas de uma maior participação e organização. tudo para manter o status quo dominante. Leia mais aqui

Na história recente só Lula conseguiu passar ao largo dela. Entrou pra História sem o consentimento da grande imprensa. Isso ela não perdoa. Como não perdoa a quadruplicação de veículos que recebem publicidade estatal. Antes de Lula eram 499 veículos, depois de Lula mais de 2000.

Já passou da hora de regulamentarmos a comunicação no país. O papel que cumpre a imprensa hoje é lamentável.

É bom que fique claro, que não trato aqui de conteúdo. Os veículos tem direito a ter opinião. Só não tem o direito de distorcer a realidade.

O direito de resposta precisa ser regulamentado. O ônus de prova para acusador precisa valer para a imprensa. Não podemos ter monopólio nem oligopólio na comunicação. Nem nos EUA, paraíso capitalista na Terra, tem. Porque que no Brasil tem que ter?


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